Apenas uma nota para seu esclarecimento, esclarecimento dos Leitores e em benefício da verdade. Através de publicações que tem publicado na Carta, continua através das notícias que veicula, a induzir os leitores num erro que acredito, não propositado, mas de facto um erro grosseiro que provém, perdoará que diga, de uma interpretação muito artificial dos resultados e da actividade do Moza Banco.
Em alguns artigos, insistentemente tem dito que o Moza a partir de 2016 tem produzido resultados negativos.
Como sabe, e é já do domínio público, isso não corresponde à verdade, ou melhor distorce a verdade induzindo a conclusões sobre a perfomance da actual Gestão que me sinto na obrigação de esclarecer.
Antes de mais devo dizer lhe que qualquer Gestor bancário iniciante poder-lhe-a esclarecer que os erros na banca pagam-se nos anos vindouros e não no imediato. É uma característica da nossa actividade e do nosso sector que um analista mais atento percebe com facilidade.
Além disso e nesse contexto ainda, manda a verdade que lhe diga, que a auditoria especializada que foi feita ao Banco em 2016 provou, ao contrário do que as contas dos anos anteriores aprovadas pareciam induzir, que o Moza Banco nunca teve resultados positivos.
Os resultados que vinham sendo apresentados até 2016, eram fabricados num exercício de estética contabilística e não traduziam a situação real patrimonial e financeira do Moza Banco de acordo com a regras e normas instituídas. Essa situação acabou por ser reconhecido até pelos anteriores Accionistas que aceitaram em Assembleia Geral a correção das contas conforme recomendado pelo Auditor.
Por outro lado, é bem verdade que o Banco conheceu um primeiro saneamento em 2017, mas não menos verdade é que os activos que estavam inscritos nos livros do Banco viriam a revelar-se muito mais tóxicos e nocivos à saúde do Banco do que aquilo que naquela primeira abordagem foi revelado.
Em boa verdade com a evolução da nossa actividade e com o tempo a ditar a verdade dos factos, muitos foram os activos que no saneamento de 2016 não foram objecto de uma classificação de “crédito vencido” e “mal parado” que objetivamente viriam posteriormente a ser classificados como tal e por essa via conduziram a que os Banco continuasse a produzir resultados negativos nos anos seguintes e até aos dias de hoje.
De igual forma toda reorganização funcional e operacional do Banco resultou num quadro de custos operacionais e de investimento que não foram previstos numa fase inicial mas que uma conduta de acordo com os padrões mínimos de funcionamento de um banco viriam a ditar. Para dar apenas um exemplo, o Banco, não dispunha até então de instalações com padrões mínimos de segurança para operar a sua Tesouraria Central. Situações como estas, eram de todo inadmissível e tivemos que paulatinamente ir corrigindo.
Mas de facto, a grande verdade, e que devo afirmá-lo sem qualquer hesitação é que:
1 - Os resultados negativos que o Banco apurou e continua a apurar, são fruto directo quer dos activos colocados nos livros do Banco antes da Intervenção do Banco de Mocambique quer dos mecanismos de organização e funcionamento que anteriormente constituíam prática do Banco;
2- A recuperação de um Banco na situação em que este se encontrava, com a dimensão relativa que este detinha numa economia, como a nossa, carece de alguns anos de actividade estável;
3 - a estabilidade a que nos referimos, num banco universal e de dimensão nacional como nosso, carece ainda que a mesma ocorra no plano Político, Económico e Social.
Dito isto, gostaria de reafirmar a minha plena convicção que observados que sejam estes factores exógenos, quer a Gestão como os Accionistas do Banco, acreditam na plena recuperação da Instituição.
Uma nota final para reafirmar o que já é desde há muito do conhecimento público:
Nunca houve qualquer proposta dos Accionistas anteriores no âmbito do processo de recapitalização!
João Figueiredo PCA do Moza Banco