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segunda-feira, 10 agosto 2020 06:24

BM volta a receber “KO” dos auditores

Depois de a KPMG ter considerado que as demonstrações financeiras consolidadas e separadas do Banco de Moçambique, referentes ao ano económico de 2017, “não apresentam de forma verdadeira e apropriada a posição financeira consolidada e separada do Banco de Moçambique”, agora é a vez da auditora PWC emitir uma opinião adversa, em torno do desempenho financeiro do regulador, no ano de 2018.

 

Em Demonstrações Financeiras 2018, publicadas na passada sexta-feira, a firma defende que as contas do Banco de Moçambique (BM) não apresentam, de forma apropriada, a posição financeira da instituição e muito menos das suas subsidiárias.

 

“Na nossa opinião, devido à significância do assunto descrito no parágrafo da secção Base para opinião adversa, as demonstrações financeiras individuais e consolidadas não apresentam de forma apropriada a posição financeira individual e consolidada do Banco de Moçambique (o Banco) e das subsidiárias (conjuntamente, o Grupo) em 31 de Dezembro de 2018, e o seu desempenho financeiro individual e consolidado e os seus fluxos de caixa individuais e consolidados no ano então findo, em conformidade com as políticas contabilísticas descritas na nota 1.2 das demonstrações financeiras e consolidadas”.

 

Em causa, diz o Relatório do Auditor Independente, está o facto de o BM não ter consolidado as demonstrações financeiras da Kuhanha, o Fundo de Pensões do Regulador do Sistema Financeiro nacional.

 

“O Banco de Moçambique não consolidou as demonstrações financeiras da subsidiária Kuhanha – Sociedade Gestora do Fundo de Pensões do Banco de Moçambique, SA e tem este investimento registado ao custo. De acordo com as Normas Internacionais de Relato Financeiro, esta subsidiária é controlada pelo Banco de Moçambique e devia ter sido consolidada. A consolidação da Kuhanha – Sociedade Gestora do Fundo de Pensões do Banco de Moçambique, SA originaria impactos materiais em muitos dos elementos destas demonstrações financeiras. Não foram determinados os efeitos desta não consolidação nas demonstrações financeiras individuais e consolidadas anexas”, revelou o auditor, que sublinha ter executado a auditoria de acordo com as normas internacionais, pelo que, “entendemos que a prova de auditoria que obtivemos é suficiente e apropriada para proporcionar uma base para a nossa opinião adversa”, atirou.

 

Nas demonstrações financeiras de 2017, lembre-se, a KPMG apontou também a não consolidação das demonstrações financeiras da Kuhanha e sua subsidiária adquirida naquele ano (Moza Banco), como um dos factores que determinou a posição financeira relatada pelo Banco Central. Recorde-se que a Kuhanha injectou, em 2017, 8.1 mil milhões de Meticais no Moza Banco, no âmbito da recapitalização daquela instituição financeira, após ter sido intervencionada pelo Banco Central (o então quarto maior banco tinha uma situação financeira insustentável e um rácio de solvabilidade abaixo de zero).

 

Na altura, o Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, desvalorizou o Relatório da KPMG, considerando a relevância da opinião daquela firma “discutível”, visto que, na sua opinião, o sistema moçambicano ainda não estava preparado para seguir os padrões de avaliação apresentados pelos auditores. “É opinião deles. Nós respeitamos o trabalho deles. Mas a contabilidade do Banco está em linha com as normas praticadas internacionalmente”, disse, o Governador do BM, empossado em Setembro de 2016 para um mandato de cinco anos.   (A.M.)

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