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sexta-feira, 10 julho 2020 08:00

Regresso às aulas: Escolas começam a vedar acesso a jornalistas

Com o regresso às aulas programado para o próximo dia 27 de Julho, a nível da 12ª Classe, tal como definiu esta semana o Conselho de Ministros, “Carta” visitou algumas escolas primárias da cidade de Maputo para inteirar-se dos preparativos e ver as condições que as mesmas poderão oferecer aos alunos, quando o Governo estender o “sim” para as restantes classes.

 

Entretanto, contra toda a nossa expectativa, a nossa reportagem foi “impedida” de aceder às instalações de algumas escolas, com o argumento de que esta devia apresentar uma credencial, emitida pela Direcção de Educação da Cidade de Maputo, autorizando a realização do referido trabalho jornalístico.

 

A primeira situação foi vivida na Escola Primária Kurula, localizada no bairro da Maxaquene “D”, onde fomos recebidos pela Directora Pedagógica que, sem se identificar, disse que tinha “muito a falar, pois, as coisas não andam muito bem”, mas disse carecer de autorização para falar aos jornalistas. A responsável não só não tinha autorização, como também nos impediu de passearmos pelo pátio escolar.

 

Negada a primeira visita, seguimos para a Escola Primária Unidade 25, localizada no mesmo bairro, bem próximo ao campo do Clube 1° de Maio, onde fomos recebidos pelo Director da Escola, após 20 minutos de espera. Depois da nossa apresentação, o gestor daquela escola mostrou-se com vontade de cooperar, mas só “ mediante a apresentação de uma credencial que deve ser emitida na sede distrital”.

 

Entretanto, poucos minutos depois disse: “na verdade não sabemos o que vai ser das nossas escolas, assim que as crianças regressarem. Os mais adultos até podem saber se gerir, mas é muito mais difícil trabalhar com os mais novos. Isso poderá ser um caos e acredito que os casos de Covid-19 poderão aumentar com o regresso destes às escolas”.

 

Apesar destas palavras, a fonte não se quis identificar e impediu-nos também de visitar a instituição, reafirmando estar aberto a conversar com nossa reportagem, mas mediante a apresentação da referida credencial.

 

Apesar destes constrangimentos, seguimos para a Escola Primária das FPLM, localizada na Avenida com o mesmo nome, bem próximo da Praça dos Heróis Moçambicanos. Eram quase 10 horas, quando chegamos. À primeira vista, percebemos que é uma escola sem mínimas condições de segurança, pois, a altura do muro permite que as crianças entrem e saiam sem recorrer ao portão principal, o que pode dificultar o controlo de entradas e saídas dos alunos.

 

No local, encontramos o guarda, mas este também nos impediu de continuarmos naquele local, alegando que os responsáveis não se encontravam lá.

 

Assim, seguimos para a Escola Primária Completa Maguiguana, situada nas proximidades do Mercado Compone, também no bairro da Maxaquene. Aqui, depois da recepção, o guarda mandou-nos falar com o Director Pedagógico, Eduardo Armando Machava, mas este, enquanto nos apresentávamos, interrompeu-nos, dizendo que a escola está a preparar-se: limpezas estão sendo feitas. Porém, também disse que não podia dar mais detalhes e muito menos permitir-nos visitar a escola porque a direcção distrital não os autoriza a conceder entrevista.

 

No entanto, durante esta peripécia, algo chamou-nos atenção: o facto de boa parte das escolas visitadas possuírem um tanque cisterna, que possibilita a conservação de água. Também encontramos, na entrada, um balde de 25 litros de água e sabão para a lavagem das mãos.

 

Contactamos a porta-voz do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), Gina Guibunda, para perceber se havia uma directiva para vedar a entrada de jornalistas, tendo dito que o Ministério não tinha poderes de interferir nas decisões das escolas porque todas as ordens são dadas às direcções provinciais que, por sua vez, transmitem aos representantes das mesmas.

 

Entretanto, avançou que todas as escolas que carecem de intervenções de raiz, o MINEDH está a trabalhar em parceria com o Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos para sanar os problemas.

 

“As escolas devem preparar-se. Nós, como Ministério, estamos a enviar em jeito de Apoio Directo às Escolas (ADE) para todos os distritos, o que não passa pelas direcções provinciais e estes, por sua vez, deverão canalizar as escolas para aquisição dos produtos de protecção de Covd-19 e quanto à parte pedagógica, as escolas irão receber um reajuste do programa”, explicou. (Marta Afonso)

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