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terça-feira, 16 junho 2020 04:47

Embaixada da Arábia Saudita acusada de “escravizar” funcionários moçambicanos

Abdulmalek Alyosfi, embaixador da Árabia Saudita em Moçambique Durante os últimos dias, funcionários da Embaixada do Reino da Arábia Saudita, em Maputo, procuraram o nosso Jornal para denunciar aquilo que chamaram de irregularidades existentes no seu local de trabalho. Segundo estes, desde a chegada do Embaixador Abdulmalek Alyosfi, em 2018, têm sido submetidos a uma alegada situação de escravatura.

 

De acordo com o grupo, por exemplo, a Embaixada da Arábia Saudita não respeita as medidas de prevenção, impondo aos moçambicanos a obrigatoriedade de usar máscaras, enquanto os estrangeiros trabalham sem aquele material de protecção, pois, segundo estes, Abdulmalek Ayosfi defende que os moçambicanos irão transmitir o vírus aos colegas, visto que recorrem ao transporte público para ir ao serviço.

 

De acordo com os denunciantes, na Embaixada da Arábia Saudita não há descanso e muito menos as famosas “horas-extras”. Dizem que trabalham todos fins-de-semana. Dizem ainda que não têm plano de saúde, pois, alegadamente, este direito está reservado aos cidadãos estrangeiros afectos àquela representação diplomática em Moçambique.

 

Os denunciantes alegam ainda que o Embaixador da Arábia Saudita não reconhece o Atestado Médico moçambicano, supostamente porque é “falso”, pelo que ninguém pode faltar ao serviço por motivos de doença. Os queixosos acusam ainda o diplomata de ser racista por não conceder dispensas a trabalhadores moçambicanos, apenas aos sauditas. Referem que os trabalhadores moçambicanos têm direito a 15 dias de férias, enquanto os sauditas têm direito a férias de 30 dias, da mesma forma como os funcionários moçambicanos não só prestam os seus serviços à Embaixada, assim como à Casa Protocolar do Embaixador.

 

A falta de aumento salarial é outro ponto que preocupa aqueles funcionários, pois, segundo contam, desde a chegada do Embaixador Abdulmalek nunca tiveram um incremento salarial, para além de proibir a entrada de marmitas nas instalações da Embaixada. O grupo avança ainda que desde 2018 foram expulsos cinco funcionários sem a sua devida indemnização.

 

Embaixada no silêncio

 

“Carta” tentou, sem sucesso, ouvir a versão da Embaixada. Dirigimo-nos àquela Embaixada durante quatro dias consecutivos, mas não fomos atendidos. Na passada sexta-feira, a Embaixada contactou-nos, mas para informar que não ia receber o nosso repórter.

 

Por sua vez, Geraldo Saranga, Porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (MINEC) disse que a instituição ainda não recebeu denúncia do referido grupo, muito menos uma petição. Segundo Saranga, as portas do MINEC estão abertas para que os funcionários moçambicanos possam fazer chegar as suas preocupações.

 

Por seu turno, o Ministério do Trabalho e Segurança Social, através da sua Inspeção-Geral do Trabalho, disse também ainda não ter tido conhecimento do caso, porém, irá se pronunciar oportunamente. (O.O.)

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