Moçambique confirmou, este domingo (22 de Março), o primeiro caso de coronavírus, desde a sua eclosão, na República Popular da China, em Dezembro do ano passado. A informação foi partilhada na tarde de ontem pelo Ministro da Saúde (MISAU), Armindo Tiago, em conferência de imprensa.
Segundo Armindo Tiago, o Instituto Nacional de Saúde (INS) já testou 46 casos do Covid-19, dos quais 45 tiveram resultado negativo. Conforme explicou, o primeiro caso confirmado é de um cidadão moçambicano, de mais de 75 anos de idade (não clarificou a sua idade), que retornou ao país, vindo do Reino Unido, em meados deste mês (também não clarificou a data exacta).
“Trata-se, portanto, de um caso importado de infecção por coronavírus. O diagnóstico deste caso foi feito pelo Instituto Nacional de Saúde, em Marracuene. O paciente tem sintomatologia ligeira, encontra-se em isolamento domiciliar e está em segmento clínico pelas autoridades da saúde do país, porque trata-se de um caso que não necessita de internamento em unidade sanitária”, revelou o titular da pasta da saúde, na República de Moçambique.
Questionado sobre o local de residência do cidadão infectado, Tiago respondeu: “nós fazemos teste com codificação. Vamos começar a fazer o trace and contact [rastreamento e contato] e vamos dar informação relativa ao local onde se encontra o paciente”.
Entretanto, Tiago referiu que decorre, neste momento, o rastreio dos contactos para efeitos de monitoria e avaliação da transmissão do vírus. Porém, vão continuar a monitorar este caso e os respectivos contactos. Até este domingo, revelou a fonte, as autoridades tinham rastreado 338.427 casos de coronavírus e já estiveram em quarentena 1.248 pessoas e, actualmente, encontram-se 695.
Este é o segundo caso de infecção de cidadãos moçambicanos. O primeiro registou-se na Espanha, onde um cidadão moçambicano, residente e trabalhador naquele país europeu (médico de profissão) foi diagnosticado com o Covid-19 e está a receber cuidados no hospital.
Refira-se que, na passada sexta-feira, o Chefe de Estado anunciou novas medidas de prevenção face ao novo coronavírus, que terão a duração de 30 dias a ter efeito a partir desta segunda-feira (23 de Março), com destaque para o encerramento de todas as escolas públicas e privadas (do ensino pré-escolar ao ensino superior); e a suspensão de todos os eventos de carácter social que envolvam mais de 50 pessoas, tais como celebrações, cerimónias religiosas, entre outros, com excepção das reuniões de interesse de Estado que cumpram os requisitos de prevenção emitidos pelas autoridades sanitárias competentes.
O Governo decidiu também suspender a emissão de vistos de entrada para Moçambique e cancelar todos os já emitidos; reforçar as medidas de obrigatoriedade de quarentena domiciliar de 14 dias para todos os viajantes; e a obrigatoriedade de implementação de medidas de prevenção por todas as instituições públicas e privadas, incluído operadores comerciais com vista a reduzir o risco de contaminação.
Também foi criada uma Comissão Técnico-científica, presidida pelo Ministro da Saúde, que integra profissionais de diversas entidades, incluído clínicas, saúde pública, comunicação social entre outros.
Refira-se que, até este domingo, mais de 180 países tinham registado mais de 300 mil infectados, que provocaram mais de 13 mil óbitos, sendo que mais 96 mil são tidos como recuperados. Em África já foram detectados 1.198 casos, em 41 países, sendo que, destes, 108 recuperaram, 37 perderam a vida em 10 países afectados. (Marta Afonso)