Estão cada vez mais a tornarem-se reais as possibilidades de o país registar casos do Coronavírus (Covid-19). Depois de o governo ter declarado o “encerramento” de fronteiras para cidadãos de e com destino para a República Popular da China, no passado dia 28 de Janeiro, como forma de evitar a propagação do vírus, no território nacional, agora o perigo parece iminente.
Na manhã desta quinta-feira, 05 de Fevereiro, as autoridades sul-africanas de saúde confirmaram o primeiro caso de Covid-19, naquele país vizinho. A informação foi confirmada pelo Ministério da Saúde daquele país através de um comunicado de imprensa, a que “Carta” teve acesso.
De acordo com o documento, o paciente é do sexo masculino e tem 38 anos de idade. O Ministério da Saúde sul-africano revelou que o indivíduo contraiu a doença na Itália, para onde viajou na companhia da sua esposa. O casal, que fazia parte de um grupo de 10 pessoas que chegaram na chamada “terra do rand”, desembarcou naquele país no passado dia 01 de Março.
O documento refere ainda que o paciente consultou um médico geral, dois dias depois da sua chegada, 03 de Março, quando apresentava sintomas de febre, dor de cabeça, mal-estar, dor no peito e tosse. Foi devido a esse aspecto que a enfermeira em serviço fez os testes do Covid-19, tendo sido confirmado hoje.
O documento acrescenta que desde o passado dia 03 de Março que o indivíduo decidiu isolar-se na sua residência, em KwaZulu-Natal, junto com a sua esposa e dois filhos. Quem também está isolado é o médico que se confirma ter mantido contacto com o paciente.
Deste modo, a África do Sul tornou-se o quinto país africano a confirmar casos do surto do coronavírus, depois do Egipto (um), Argélia (17), Nigéria (um) e Senegal (quatro). Com a confirmação do caso de Covid-19, na vizinha África do Sul, aumenta também a tensão sobre a possível propagação desta doença no país, tendo em conta o fluxo migratório entre os dois países.
Até ao momento, ainda não houve confirmação de qualquer caso de Covid-19 no país, porém, com o elevado fluxo migratório que se verifica nas fronteiras entre os dois países, com maior destaque para a fronteira terrestre de Ressano Garcia, no distrito da Moamba, o nosso país fica cada vez mais exposto à propagação daquela epidemia.
Para o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, a epidemia é um assunto de segurança pública, pelo que, apela à sociedade a redobrar os esforços para a “prevenção e vigilância” desta doença.
“Existe um binómio de atitudes a que todos os moçambicanos devem aderir: vigilância e higiene pessoal. Vigilância para intensificarmos a nossa atenção nos mais elementares sintomas deste vírus, desde a simples febre, tosse ou complicações respiratórias. É importante que todo o moçambicano, em toda a parte onde estiver inserido, seja no emprego, mercado, igreja, incluindo na diáspora, no transporte colectivo e semi-colectivo de passageiros, navio ou avião, seja vigilante de si próprio e do seu próximo de modo a identificar esses casos”, afirma o Chefe de Estado, sublinhando que, tratando-se de uma emergência internacional, “o coronavírus deve merecer igual resposta global, em que cada Estado se esmera em atingir altos padrões de resposta e coordenação intersectorial”.
Momentos após a confirmação do caso, na África do Sul, o Ministério da Saúde reuniu os seus técnicos e, no início da noite, o titular do pelouro, Armindo Trigo, concedeu uma conferência de imprensa, na qual reiterou a necessidade de os moçambicanos manterem os cuidados higiénicos, assim como alerta em relação aos sintomas desta epidemia.
À imprensa, Trigo garantiu que o MISAU lançou um plano multi-sectorial de resposta à eventual eclosão do Covid-19 no país, assim como algumas medidas para conter esta doença, como a criação de Comité Técnico que vai fazer análise de tendências do caso a nível global e actualizar a lista dos países com a doença e o reforço da vigilância ao nível dos aeroportos e fronteiras terrestres.
Segundo o Ministro da Saúde, o país tem uma equipa em prontidão para dar resposta à eventual eclosão do Coronavírus e material de proteccão para atender aos primeiros 100 casos. Garantiu ainda que Moçambique tem capacidade de isolamento a nível de todas as províncias.
Até esta quinta-feira, o coronavírus, que surgiu na China, em Dezembro de 2019, tinha sido reportado em 84 países, havendo mais de três mil óbitos e 95 mil infectados. China, Itália e Irão são os países mais afectados pela epidemia. Portugal já conta com oito casos confirmados. (Marta Afonso e Carta)