O motorista da Sasol, Nuno Luís Amone, e o Ajudante de Campo de Paulo Zucula, Bruno Laice Manhiça, enquanto ministro dos Transportes e Comunicações, declararam ao Tribunal, esta quarta-feira, que apenas seguiram orientações de Mateus Zimba e Paulo Zucula no processo da movimentação dos valores provenientes da Xihivele.
Nuno Luís Amone avançou que o levantamento dos valores aconteceu em cumprimento de orientações emanadas pelo seu superior hierárquico. Após o levantamento à boca do caixa, disse Amone, entregava os valores directamente ao co-réu Mateus Zimba ou a colegas seus que faziam chegar ao réu.
Dos autos consta que o réu Mateus Zimba emitiu, a 12 de Março de 2010, um cheque no valor de 3 mil USD a favor de Nuno Luís Amone. Após a recepção do cheque, Nuno Amone, por sua vez, foi levantar e, posteriormente, passou os montantes a Mateus Zimba.
Os 3 mil USD foram sacados da conta de Mateus Zimba domiciliada no banco ABC Moçambique, a mesma que recebeu os valores provenientes da empresa Xihivele, que, segundo se sabe, recebeu 800 mil USD da Embraer.
Bruno Laice Manhiça também evocou o cumprimento de ordens superiores para justificar os 5 mil USD que levantou, à boca do caixa, e entregou a Paulo Zucula. Manhiça explicou ao juiz Fernando Macamo que foi o seu “chefe” (Paulo Zucula) quem passou o cheque em seu nome e o orientou que fosse levantar, sendo que, na qualidade de subordinado, nada mais podia fazer senão acatar a instrução.
Entretanto, a acusação do Ministério Público (MP) refere exactamente o contrário. O documento aponta que, no dia 03 de Março de 2010, Mateus Zimba emitiu um cheque de 5 mil USD a favor de Bruno Laice Manhiça com a recomendação de que este, após levantar o valor, devia encaminhar a Paulo Zucula.
Ainda esta quarta-feira, a Oitava Secção Criminal do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo ouviu Alexandre Simeão (Alexandre Mazuze, como é conhecido nas artes) e Lizete Vitorino (gestora da conta de Mateus Zimba, de 2015 a 2019, período posterior à ocorrência dos factos descritos pelo Ministério Público). Alexandre Simeão disse que recebeu os 500 USD descritos nos autos por ter actuado no casamento da filha de Mateus Zimba. (I.B.)