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BCI
sexta-feira, 06 dezembro 2019 05:39

DDR: Ossufo Momade não “abre mão” do SISE

Enquanto no quartel da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), em Maputo, 10 homens provenientes da Renamo eram, oficialmente, enquadrados na Polícia da República de Moçambique (PRM), no âmbito do DDR, Ossufo Momade, presidente daquela formação política, era recebido em audiência pelo director do Instituto Holandês para Democracia Multipartidária (NIMD) nessa mesma manhã de terça-feira.

 

No encontro, para além de fazer a radiografia do estado da democracia no país, Ossufo Momade deu o ponto de situação do processo que deve culminar com o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração do braço armado do partido que dirige. Na sua avaliação, o líder da Renamo foi claro: “o processo está ameaçado e corre riscos de regredir”.

 

Apesar de ter deixado a garantia de que o partido do qual é dirigente máximo está, verdadeiramente, comprometido com a materialização do DDR e ter, igualmente, reconhecido a complexidade do processo, Momade vincou a necessidade dos antigos guerrilheiros também serem enquadrados nos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE).

 

A impreteribilidade da inclusão dos seus homens nos “serviços secretos” funda-se, tal como disse, no facto de ser naquele braço das Forças de Defesa e Segurança (FDS) em que é maquinada a desestabilização do país, configurando disso exemplos a perseguição de membros da oposição, de elementos da sociedade civil. Momade disse ainda que é no interior do SISE que é delineada a fraude eleitoral.

 

Sobre a desmobilização em concreto, Ossufo Momade avançou que os militares da Renamo encontram-se, neste momento, nas bases aguardando por uma desmobilização “condigna”.

 

“A desmobilização dos militares é uma prioridade para a Renamo. Mas os nossos militares ainda estão nas nossas bases porque a desmobilização é um processo e deve decorrer de forma condigna. O nosso desmobilizado deve voltar para a casa com dignidade. Este é um processo que requer muita paciência e atenção, por isso, insistimos que os nossos homens devem estar enquadrados em todos os ramos das Forças de Defesa e Segurança, incluindo o SISE, pois é lá onde são feitas manobras que desestabilizam o país, como são os casos de perseguições de membros dos partidos políticos, da sociedade civil, manobras eleitorais, entre outras”, disse Ossufo Momade.

 

Entretanto, o Acordo de Paz e Reconciliação de Maputo rubricado a 6 de Agosto último, por Filipe Nyusi e Ossufo Momade, não faz menção à integração dos homens provenientes do braço armado do maior partido da oposição nos Serviços de Informação e Segurança do Estado. As Forças Armadas e Polícia da República de Moçambique são os dois braços das FDS mencionadas no acordo. E esses dois ramos já incluem nas suas fileiras homens da Renamo, em resultado dos recentes entendimentos.

 

Importa fazer menção que o embaixador da União Europeia, António Sanchez Benedito, em entrevista à Deutche Welle, afirmou ter recebido uma lista de 5 mil homens provenientes da Renamo, os quais aguardam, neste momento, pelo acantonamento. Sanchez Benedito atirou, igualmente, que até ao momento muito poucos foram levados para os locais de acantonamento, uma vez que o processo se encontra ainda em fase inicial. (Carta)

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