Por seu turno, a equipa de observação da União Africana (UA) diz ter havido discrepância na contagem e reconciliação de votos, em algumas mesas, sobretudo nas províncias de Nampula, Tete e Gaza, sem nenhuma explicação adequada.
Afirma ainda ter observado o desequilíbrio no que tange à presença de delegados de candidatura, nas Mesas por onde passou, com a Frelimo a ser representada em 100 por cento, a Renamo 64 por cento e o MDM 29 por cento.
A missão de observação da UA defende também que o processo eleitoral moçambicano ainda não obedece o critério de equilíbrio do género, visto que grande parte dos cabeças-de-lista são homens. Verificou, igualmente, que a maioria dos Membros das Mesas de Voto (MMV) era do sexo feminino em quase todas as assembleias de voto.
Já o Instituto Eleitoral para a Democracia Sustentável em África (EISA), que destacou 100 observadores em 99 distritos do país, diz ter testemunhado a intolerância política entre os partidos políticos e entre eleitores, o uso de recursos públicos pelos partidos para aquisição de materiais para fins próprios.
O EISA diz ainda ser necessário melhorar-se o profissionalismo da Polícia da República de Moçambique (PRM) para que esta não opte pela violência. A lentidão, durante o processo de contagem dos votos, e a falta de acessibilidade em locais de votação para as pessoas portadoras de deficiência são outros pontos arrolados no Relatório do EISA.
A Missão de Observação da Commonwelth, que esteve em quase todas as províncias, excepto Gaza, defende que o processo de votação foi bastante cansativo, visto que os eleitores enfrentam problemas ligados à organização.
A organização critica ainda a intimidação de alguns eleitores, principalmente, por parte dos membros da Frelimo e Renamo, nas províncias da Zambézia e Nampula. Chama atenção para que não se celebre vitórias antecipadas.
Por sua vez, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) junta-se à sociedade civil moçambicana no apelo às autoridades judiciais para o pleno esclarecimento das responsabilidades nos graves incidentes ocorridos durante o período da campanha eleitoral e no dia da votação. (Marta Afonso)