A província de Gaza, o chamado “frelimistão”, continua por excelência um terreno hostil aos partidos da oposição. A prova disso foi o clima vivido por Daviz Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e candidato à Presidência da República, e sua comitiva nos dois dias em que, por aquelas terras, dedicou-se à caça ao voto. Tiros e pauladas foram a tónica dominante nos dias em que Simango trabalhou naquela província umbilicalmente ligada ao partido Frelimo.
Membros e simpatizantes do partido Frelimo (trajados com as cores do partido) baseados naquela circunscrição territorial, assumidamente anti-oposição, inviabilizaram o trabalho daquele candidato da terceira maior força política do xadrez político nacional.
Aliás, importa fazer menção que, nas Eleições Gerais de 2014, “ganhas” pelo candidato da Frelimo, Filipe Nyusi, Daviz Simango e sua comitiva foram, igualmente, violentados por membros e simpatizantes do partido no poder, tendo, na sequência, sido registados casos de óbitos.
A actuação da Polícia da República de Moçambique (PRM), tanto nos dois dias em que o candidato do MDM esteve a pedir votos naquela província, bem como nas Gerais de 2014, foi motivo de sucessivos questionamentos por parte da esmagadora maioria da sociedade moçambicana.
Os partidos da oposição, nomeadamente, a Renamo e o MDM, têm apontado, para além dos órgãos eleitorais (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral e Comissão Nacional de Eleições), a PRM como cultora da violência, muito pela forma parcial como tem actuado. Alegam que as forças policiais têm sempre agido em benefício do partido Frelimo e em prejuízo dos outros seguimentos da sociedade.
O candidato da Frelimo, Filipe Nyusi, que concorre à sua própria sucessão, trabalhou, esta terça-feira, na província de Gaza, tendo a porta de entrada sido o distrito de Xai-Xai. Nyusi trabalhou nos distritos de Mandlakazi e Chibuto, tendo neste último orientado um comício popular.
Salta à vista o facto de a sua comitiva não ter sido impedida de fazer campanha e muito menos ter havido situação de confrontação entre os membros e simpatizantes do partido Frelimo e de outras formações políticas.
Aliás, salientar que o candidato presidencial da Renamo, Ossufo Momade, encontra-se, igualmente, desde ontem a trabalhar na província de Gaza.
Esta terça-feira, decorrente dos episódios do último domingo e da passada segunda-feira, “Carta” chegou à fala com o porta-voz do partido Frelimo, Caifadine Manasse. Manasse escudou-se no velho e caduco discurso de que o partido Frelimo é de “paz” para tentar minimizar a situação incomum que se assistiu naquela província.
De seguida, Caifadine Manasse atirou, de forma repetitiva, que a Frelimo condena e repudia toda e qualquer tentativa de violência e que aquela não era atitude dos membros e simpatizantes do partido Frelimo.
“Nós não olhamos isso como atitude dos membros do partido Frelimo. Nós nos distanciamos de qualquer atitude de violência e o presidente Nyusi é claro sobre isso. Portanto, nós repudiamos qualquer acto de violência. Nós, como partido Frelimo, somos contra a violência”, respondeu Caifadine Manasse. (Carta)