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BCI
terça-feira, 17 setembro 2019 03:50

Eleições 2019: Manuel de Araújo acusa Frelimo e Filipe Nyusi de tentar assassinar a sua mãe

“Acuso directa e publicamente o partido Frelimo e o presidente Filipe Nyusi por este acto. Isto é um atentado à vida”. Foi com esta afirmação categórica que Manuel de Araújo, cabeça-de-lista da Renamo para as Eleições das Assembleias Provinciais do próximo dia 15 de Outubro, na província da Zambézia, reagiu ao atentado que fora alvo a sua mãe na madrugada desta segunda-feira, no bairro Coalane II, arredores na cidade de Quelimane, capital daquela província do centro do país.

Indivíduos, até aqui não identificados pelas autoridades policiais, incendiaram, com recurso à gasolina, a residência da mãe do também mayor de Quelimane, isto depois de terem neutralizado o indivíduo que guarnecia o imóvel.

 

De Araújo assenta o seu posicionamento no facto de, desde que começaram a denunciar a violência a que estão a ser alvos os membros e simpatizantes da Renamo, nem a Frelimo e muito menos o seu candidato presidencial, Filipe Nyusi, que concorre à sua própria sucessão, terem emitido qualquer posicionamento público condenatório a respeito dos episódios de violência que estão a marcar a maratona de “caça” ao voto.

 

Esta postura, disse Manuel de Araújo, não reflecte outra coisa senão anuência e conivência daquela formação político-partidária e do seu respectivo dirigente máximo. “Desde que começamos a denunciar a perseguição dos nossos membros nunca vi ou ouvi nenhum membro da Frelimo a condenar, a denunciar ou no mínimo a solidarizar-se com as vítimas da violência”, disse De Araújo.

 

De salientar que, recentemente, um membro da Renamo, no distrito de Derre, na Zambézia, foi brutalmente agredido supostamente por membros e simpatizantes da Frelimo. O maior partido da oposição denunciou, igualmente, no passado domingo (15), supostos casos de inviabilização da sua campanha eleitoral nos distritos de Nicoadala e Milange.

 

O que diz a Frelimo sobre as declarações de Manuel de Araújo

 

Na ressaca das declarações do cabeça-de-lista da Renamo na província da Zambézia, Manuel de Araújo, “Carta” chegou à fala, na tarde de ontem, com o porta-voz do Partido Frelimo, Caifadine Manasse, cujas primeiras palavras foram: “lamentamos o incidente que aconteceu”.

 

Manasse disse que a Frelimo é contra e lamenta todo e qualquer tipo de situação do género que aconteça a qualquer cidadão independentemente da sua qualidade ou filiação partidária. De seguida, o porta-voz da Frelimo disse que as declarações de Manuel de Araújo eram dignas de total repúdio e que não faz parte do ADN do partido instruir os seus militantes, simpatizantes ou ainda quem quer que seja para atentar ou tirar a vida a outrem. Adiante, Manasse desafiou o actual edil de Quelimane a apresentar provas de que o atentado que sofrera a sua mãe fora orquestrado pela Frelimo e seu candidato presidencial, Filipe Nyusi.

 

“Repudiamos a atitude de Manuel de Araújo, sabemos que está num momento de angústia. Ele devia ser mais ponderado nas suas declarações. Esse tipo de situações tem acontecido no país a uma e outra pessoa, mas como estamos num momento eleitoral, já imagina. O que tenho a dizer é que essa não é postura da Frelimo. A Frelimo nunca vai orientar ninguém a pautar por estes actos. Nós estamos preocupados em ganhar as eleições. Ele que apresente as provas. Se você acusa tem de trazer as provas”, reagiu

 

Caifadine Manasse disse, igualmente, que Manuel de Araújo, que tem, no seu currículo, idas e vindas pelos partidos da oposição, sabe e tem plena consciência de que os seus inimigos não são a Frelimo e os seus militantes e que devia abandonar a estratégia de imputar à Frelimo toda e qualquer situação anómala que lhe acontece. Adiante, Manasse disse que é chegado o momento de o cabeça-de-lista pela “Perdiz” desencadear uma investigação interna (na Renamo) de modo a apurar o que de facto se está a passar.

 

“Manuel de Araújo é candidato da Renamo. Já esteve no MDM. Manuel de Araújo tem seus amigos e inimigos, mas esses inimigos não são a Frelimo. A Frelimo é um partido claro, coeso e tem a sua forma de fazer campanha. Repudiamos esta acusação. Se calhar frisar que tem sido recorrente por parte de Manuel de Araújo atacar a Frelimo por qualquer situação. É preciso dizer que nós repudiamos esta política da vitimização, olhando a Frelimo como promotora. Ele sabe que isto não é obra da Frelimo. E os interessados em fazer confusão com Manuel de Araújo não fazem parte da Frelimo e se calhar devia fazer uma introspecção dentro da Renamo e saber o que está a acontecer”, retorquiu. (Carta)

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