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segunda-feira, 05 agosto 2019 05:49

Grupo militar na Renamo recusa entregar armas sem eleger novo presidente do partido

O líder do braço armado da Renamo que contesta a liderança do partido recusou ontem entregar as armas no quadro do acordo de paz assinado com o Governo sem que seja eleito um novo presidente da formação política.

 

 

“Nós vamos eleger o nosso presidente e só depois é que vamos entregar as armas”, disse Mariano Nhongo, general da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que deixou um aviso ao governo e ao atual líder do partido, Ossufo Momade: “Não [nos] enganem, os militares estão do meu lado”.

 

Falando em teleconferência a partir de Gorongosa para jornalistas na cidade da Beira, centro do país, o líder do grupo autoproclamado Junta Militar da Renamo disse que o acordo assinado na quinta-feira pelo chefe de Estado, Filipe Nyusi, e por Ossufo Momade serve para “enganar o povo”, na medida em que o braço armado da Renamo não vai entregar as armas sob liderança do atual presidente do partido.

 

“A assinatura [de um acordo] é coordenação. Não é só pegar numa caneta e assinar. Está assinar o quê?” – questionou Mariano Nhongo, acrescentando há militares da Renamo a abandonar as bases naquela região, onde estavam acantonados.

 

Questionado sobre um ataque na quarta-feira contra um autocarro de passageiros e um camião em Nhamapadza, a 200 quilómetros do distrito de Gorongosa, Mariano Nhongo disse que não foi obra do grupo que dirige.

 

“Eu não sou bandido, não me confundam. Estou a reivindicar coisas reais e quando quiser começar com a guerra vou avisar”, acrescentou.

 

Na ocasião, Mariano Nhongo convocou, uma vez mais, uma conferência de militares do partido para o dia 17 de agosto, um encontro que servirá, no seu entender, para eleger um novo presidente.

 

“Estão a assinar um acordo com Ossufo, mas Ossufo não tem militares. Nós vamos escolher o nosso líder e, se não nos deixarem, aí sim vamos pegar em armas”, concluiu.

 

O grupo exige a renúncia de Ossufo Momade, acusando-o de estar a "raptar e isolar" oficiais da Renamo que estiveram sempre ao lado do falecido presidente do partido, Afonso Dhlakama, que morreu a 03 de maio do ano passado. Na quinta-feira, o presidente da Renamo considerou que as contestações à sua liderança resultam da ação de um "grupo de desertores indisciplinados", destacando a importância da paz, após ter acordado com o Governo moçambicano o fim dos confrontos.

 

"Quando fomos ao congresso, abrimos espaço para que todos se candidatassem. O congresso elegeu Ossufo Momade. Não é através de um grupo de desertores indisciplinados que vamos definir a nossa linha", disse o líder, falando à imprensa momentos após aterrar no Aeroporto Internacional de Maputo.

 

O Governo moçambicano e a Renamo já assinaram em 1992 um Acordo Geral de Paz, que pôs termo a 16 anos de guerra civil, mas que foi violado entre 2013 e 2014 por confrontos armados entre as duas partes, devido a diferendos relacionados com as eleições gerais. Em 2014, as duas partes assinaram um outro acordo de cessação das hostilidades militares, que também voltou a ser violado até à declaração de tréguas por tempo indeterminado em 2016, mas sem um acordo formal. (Lusa)

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