Quando se esperava que o processo eleitoral de Marromeu fosse transparente e justo, eis que a Polícia da República de Moçambique (PRM) e a Comissão Distrital de Eleições (CDE) decidem assumir a paternidade das eleições, criando artimanhas e viciações para alterar aquela que era a tendência do voto, conforme aponta o relatório do EISA, uma organização regional de monitoria de eleições. A contagem paralela do EISA e doutras organizações da sociedade civil davam vitória à Renamo com 59,5 %, contra 32,7 da Frelimo e 7,7 % do Movimento Democrático de Moçambique (MDM). Mas a CDE acabou declarando a Frelimo como vencedora do escrutínio com 9.143 votos (48,10%), contra 8371 (44,04%) da Renamo e 1493 (07,86%) do MDM, numa eleição que contou com a participação de 20.207 eleitores dos 28.211 eleitores inscritos. As organizações da sociedade civil que observaram as eleições são todas unânimes em afirmar que as eleições foram uma vergonha e contribuem negativamente contra a construção de Estado de direito democrático. O relatório dos observadores as eleições insiste no entanto de que foi um “autêntico fiasco e houve fabricação de resultados fantasmas”.
As eleições de Marromeu foram repetidas devido a graves irregularidades detectadas durante o processo de apuramento, tendo culminado em confusão a nível daquele Conselho Autárquico e foram anuladas pelo Conselho Constitucional. Acreditava-se que a repetição iria sanar os problemas de 10 Outubro. O relatório do EISA indica que, caso os concorrentes decidam avançar com um recurso, Marromeu pode voltar a repetir a eleição para a Vila autárquica. A CNE, diz o EISA, devia fazer a recontagem dos votos para devolver a justiça eleitoral. Para além do “fiasco” verificado, o processo foi marcada por sete prisões, todas de membros do partido Frelimo que tentavam praticar atos fraudulentos, o afastamento de um Presidente de Mesa que, por coincidência, é quadro sénior do partido Frelimo naquela autarquia, para além de ser actual Presidente da Assembleia Municipal e um dos candidatos ao Conselho Autárquico. Graças a denúncias dos membros da Mesa provenientes da oposição e dos observadores, o mesmo foi afastado. (Omardine Omar)