O Presidente eleito de Moçambique, Daniel Chapo, apelou ontem, em Maputo, ao diálogo que salientou ser “a chave para superar” as diferenças. Chapo, numa mensagem transmitida em direto pelo seu partido, a Frelimo, na rede social Facebook, acrescentou ser chegado o momento de “com calma e serenidade” se pensar “sobre a melhor forma de criar uma realidade democrática representativa da riqueza e diversidade do país”.
“Chegou a hora de pensarmos com calma e serenidade sobre a melhor forma de criar uma realidade democrática que representa a riqueza, a diversidade do país. Esse diálogo é chave para superar as nossas diferenças”, afirmou.
O Conselho Constitucional (CC) de Moçambique proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frelimo, como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi.
Daniel Chapo, que se torna no primeiro Presidente nascido depois da independência do país em 1975, sempre governado pela Frelimo, reiterou na sua declaração a importância do diálogo e da unidade: “Moçambique só será uma nação verdadeiramente forte quando aprendermos a ouvirmos uns aos outros”.
Reconhecendo que são muitos os desafios, Chapo vincou que somente a unidade vai permitir “construir uma nova era de mudança e desenvolvimento”.
No início da declaração, Daniel Chapo manifestou a sua solidariedade, e da sua família, aos que perderam “entes queridos nas manifestações violentas” que seguiram ao anúncio, em 24 de outubro, pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), da sua vitória. Os confrontos e os resultados dessa contestação “deixaram uma mancha na jovem democracia”, destacou.
“Estes tristes episódios ensinaram-nos mais uma vez que o diálogo é o único caminho para construirmos harmonia social e desenvolver o país. O meu compromisso com cada moçambicano, sem exceções, é manter a paz. O Moçambique que todos desejamos só será possível se colocarmos sem divisão e sem ódio entre irmãos”, defendeu.
Como ponto importante da sua agenda para quando tomar posse, Chapo disse que “governar é servir o povo e não se servir”, e aos jovens moçambicanos, de todos os estratos sociais, líderes religiosos, empresários, garantiu que essas vozes foram ouvidas. “Asseguro que a vossa voz foi ouvida e vamos trabalhar”, frisou.
Outra questão fundamental que destacou é a reforma do sistema eleitoral que, reconheceu, “necessita de reformas profundas”. “Precisamos de construir uma nova arquitetura democrática que corresponda a toda a sociedade. Estou disposto a liderar este processo de reformas”, prometeu.
Na parte final da declaração, a primeira depois do anúncio pelo Conselho Constitucional (CC) da sua eleição, Chapo convidou todos os moçambicanos a “darem as mãos e a caminharem lado a lado e construir uma nova era de harmonia, onde as oportunidades são iguais para todos independentemente de filiação partidária”. “O nosso trabalho começa hoje”, sublinhou.
A proclamação dos resultados pelo CC confirma a vitória de Daniel Chapo, jurista de 47 anos, atual secretário-geral da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), anunciada em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), mas na altura com 70,67%.
Esse anúncio da CNE desencadeou durante praticamente dois meses violentas manifestações e paralisações, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não os reconhecia, provocando pelo menos 130 mortos em confrontos com a polícia.
Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), tinha ficado em segundo lugar, com 20,32%, segundo o anterior anúncio da CNE. O Conselho Constitucional na leitura dos resultados finais hoje confirmou o segundo lugar e atribuiu-lhe 24,19% dos votos.
As eleições gerais de 09 de outubro incluíram as sétimas presidenciais - às quais já não concorreu o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite de dois mandatos - em simultâneo com legislativas e para assembleias e governadores provinciais. (Lusa)