O economista Roberto Tibana requereu, esta segunda-feira (28), à Comissão Nacional de Eleições (CNE), “os documentos originais relacionados com as eleições gerais (presidenciais, legislativas e para as assembleias provinciais) realizadas no dia 9 de Outubro de 2024”.
No seu requerimento, Tibana “pede todos os boletins de voto depositados nas urnas por todos os cidadãos que se fizeram às assembleias e mesas de votação, no território nacional e na diáspora, os respectivos cadernos eleitorais, editais e actas de apuramento nas mesas e assembleias de votação, bem como os editais, actas e mapas de centralização distrital, provincial e nacional, na sua forma original em papel”.
Para obter mais informações sobre o requerimento, o Jornal contactou o economista, mas sem sucesso. Entretanto, na sua página de Facebook, Tibana diz: “Queremos fazer uma auditoria, verificar tudo e recontar os votos depositados”. Para o efeito, diz contar com o “Consórcio MAIS Integridade para a Observação Eleitoral e a Ordem de Advogados de Moçambique para completar e assistir”.
O requerimento é apresentado 45 dias depois de terminar o seu apoio voluntário ao candidato presidencial, Venâncio Mondlane. A 13 de Setembro passado, o economista e também docente universitário explicou que terminou o seu “trabalho voluntário pela cidadania” com Venâncio Mondlane, iniciado a 20 de Maio de 2024, alegadamente, por declarações retrógradas e repudiáveis acerca do papel da mulher feitas por um militante ou dirigente do Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS).
“Tornadas públicas em câmaras televisivas, essas declarações, que tratam da mulher como um ser inferior, puramente dedicado ao cuidado do homem e à reprodução biológica de força de trabalho familiar, rejeitando completamente a emancipação política, económica e social da mulher, vão contra os valores que eu defendo e constituem um ataque inaceitável contra as conquistas (ainda que parcas) da mulher moçambicana desde que o nosso país ficou independente”, lê-se numa publicação da página do economista.
A segunda razão que levou o académico a apartar-se de Venâncio Mondlane é a pretensão do PODEMOS de introduzir pena de morte tal como está inscrito na página 19 do seu Manifesto. O PODEMOS propõe a “Introdução da pena de morte para crimes de corrupção”, argumentando que isso levará a uma “Redução drástica deste fenómeno.”
“Oponho-me à pena de morte não somente pela hipocrisia dos que a apregoam, mas também por uma questão de princípio: direito inalienável à vida! É responsabilidade da sociedade encontrar soluções para os seus problemas sem retirar esse direito a nenhum cidadão. Estando ele [Venâncio Mondlane] num acordo com o PODEMOS, fica a incerteza de qual é o seu posicionamento em relação a estas (e potencialmente outras matérias) que constituem compromissos daquele partido”, afirmou o economista.
Depois da referida explicação, Tibana terminou o seu posicionamento dizendo: “Não há mais apoios incondicionais. Não há mais “cheques em branco”. (Carta)