Os professores afirmam que o Governo mentiu ao declarar que as horas extras referentes aos anos de 2022, 2023 e 2024 já estavam a ser pagas em todo o país. Grande parte dos docentes estão frustrados pela falta de pagamento e ameaçam retomar a greve nos próximos dias.
O aviso foi feito na quarta-feira, pela Associação Nacional de Professores (ANAPRO), que considera inconcebível que o Governo tenha condições financeiras para suportar uma campanha eleitoral, mas não tenha dinheiro para pagar as horas extras.
Outro ponto que inquieta a classe é o facto de o Governo estar a pagar as horas extras de forma aleatória, sendo que a maior parte dos professores do Sistema Nacional de Educação realizam horas extraordinárias.
Do grupo que o Governo afirma ter pago o correspondente a dois meses e meio, o mínimo seria de 35 mil meticais, mas em alguns casos, os valores depositados nas suas contas variam entre 750, 1200 e 1500 Meticais.
Os professores indicam que a greve poderá iniciar dentro de duas semanas e consistirá no boicote da divulgação dos resultados do trimestre em curso e na inviabilização da realização dos exames escolares marcados para o fim do mês de Novembro.
“Estávamos à espera do processo eleitoral terminar para iniciarmos as nossas acções. O Governo tem duas semanas para agir e reverter a situação e deve parar com estes discursos triunfalistas só para aparecer bonito na foto”, afirmou o representante da ANAPRO, Isac Marrengula.
"O Governo diz que há falta de cabimento orçamental para esse pagamento, mas isso não corresponde à realidade. Já estamos no fim do mandato e ninguém se pronuncia sobre o nosso pagamento".
Em conversa com a "Carta", Marrengula explicou que, neste momento, o Governo tem uma dívida de 20 meses em horas extras com os professores. Por essa razão, uma das medidas que a classe adoptou foi a recusa em continuar a fazer horas extraordinárias. No entanto, o Governo optou por superlotar as salas de aula, onde já é possível encontrar turmas com até 110 alunos.
"Com essa incapacidade, o Governo deveria, inclusive, decretar a falência do Estado. Eles não estão a conseguir resolver os problemas de muitos sectores. Os professores já recebem salários miseráveis. Matar a Educação é matar uma nação", frisou.
Importa lembrar que, em abril último, o Primeiro-Ministro, Adriano Maleiane, afirmou que o Governo já efectuou o pagamento de 323,4 milhões de meticais dos 457,6 milhões de meticais pretendidos, o que corresponde a 70%. Porém, os professores afirmam que isso não passou de um mero discurso para se vangloriar diante da nação. (Marta Afonso)