Sete anos depois dos primeiros ataques terroristas, a 5 de Outubro de 2017, na vila-sede do distrito de Mocímboa da Praia, e na localidade Oasse, os residentes de Pemba pedem o fim do conflito no norte de Cabo Delgado.
Cerca de 30 homens fortemente armados invadiram nesse dia, o posto policial e deixaram atrás cinco mortos. Os relatos da imprensa nessa época revelam a estranheza do incidente, apontando que os atacantes eram homens mascarados com vestes árabes e munidos de catanas e armas de fogo.
Todas as notícias descreveram um ataque ousado contra as forças policiais. Foi o primeiro ataque. Com a designação inicial de homens desconhecidos, depois insurgentes e agora terroristas, os malfeitores ainda continuam a circular em alguns pontos da província, fazendo incursões esporádicas, numa altura em que enfrentam as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e seus aliados do Ruanda.
Os residentes de Pemba clamam por medidas mais eficazes das autoridades na luta contra o terrorismo, destacando a necessidade de protecção das comunidades deslocadas que regressaram às suas zonas de origem. "Queremos paz e segurança. Nossas famílias estão a sofrer e precisamos de acções concretas para garantir a segurança, para o desenvolvimento da província", afirmou Muza Sauegi, do histórico bairro de Paquitequete.
De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), até Dezembro de 2023, havia 709.529 deslocados internos, principalmente na província de Cabo Delgado, com 76 por cento. O pico dos deslocados internos em Cabo Delgado foi entre 2020 e 2021 com 82 por cento.
Os terroristas têm intensificado os seus movimentos nos últimos meses nos distritos de Mocímboa da Praia, Macomia e Muidumbe. A situação preocupa os citadinos de Pemba que abrigam muitos deslocados, sobretudo quando há informações de novas confrontações. "Quando ouvimos que ainda há confrontos isso preocupa-nos, nós queremos que isso acabe para regressar às nossas terras", expressou Jamal Jamal, deslocado de Quissanga, acolhido com a sua esposa e dois filhos no bairro Cariacó.
Os apelos dos residentes de Pemba sobre o fim do terrorismo acontecem numa altura em que na noite de sábado (05) circularam relatos sobre a suposta circulação de terroristas nos arredores da vila de Macomia. "Carta" apurou que outra circulação de terroristas foi relatada recentemente nas imediações do lago Inguri e Primeiro de Maio no distrito de Muidumbe.
Refira-se que, na semana passada, o recém-exonerado Vice-Chefe do Estado Maior General das FADM (Forças Armadas de Defesa de Moçambique), o Tenente-General Bertolino Capitine, defendeu que o país devia ter declarado o Estado de Guerra na província de Cabo Delgado, pelo que, nas condições actuais, tudo que é feito é um “improviso”. (Carta)