O ministro da Defesa moçambicano defendeu ontem que os países da África Austral devem aprimorar a legislação sobre terrorismo, considerando a troca de experiências e adotar uma abordagem holística fundamentais para travar a insurgência na região.
“Há necessidade de aprimorar e flexibilizar a legislação sobre o terrorismo, a troca de experiências sobre esta matéria a nível regional, bem como a visão que se tinha sobre a adoção de uma abordagem holística para o combate ao terrorismo na região e no continente”, declarou Cristóvão Chume.
Aquele responsável falava durante uma conferência sobre prevenção de conflitos na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que arrancou esta quarta-feira em Maputo, juntando especialistas, governos e sociedade civil na capital moçambicana.
Para Chume, a experiência do apoio que Moçambique recebeu da SADC no combate ao terrorismo em Cabo Delgado trouxe resultados assinaláveis, com destaque para a desativação de bases terroristas nos distritos de Muidumbe, Nangade e Macomia, entre os mais afetados pelas incursões rebeldes naquela província do Norte do país.
“Houve destruição das bases [terroristas] em toda região onde a Missão Militar da SADC em Moçambique (SAMIM) esteve (…) Capturou-se diverso material militar, incluindo manuais táticos e doutrinários dos terroristas Também lográmos eliminar os grandes comandantes operacionais e conseguimos resgatar mulheres, crianças e idosos, raptados e que se encontravam nas bases dos terroristas”, declarou.
A Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique (SAMIM, na sigla inglesa) entregou em 04 de julho às autoridades moçambicanas diverso material bélico que capturou dos terroristas na província de Cabo Delgado, norte do país, na conclusão da mesma.
A SAMIM estava em Cabo Delgado desde meados de 2021 e, em agosto de 2023, a SADC aprovou o prolongamento por mais 12 meses, até julho deste ano, prevendo um plano de retirada progressiva. A missão compreendeu tropas de oito países da SADC, “trabalhando em colaboração com as Forças Armadas de Defesa de Moçambique e outras tropas destacadas para Cabo Delgado”.
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico. O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que também apoiam Moçambique no combate aos rebeldes.
Desde o início de agosto, diferentes fontes no terreno, incluindo a força local, têm relatado confrontos intensos nas matas do posto administrativo de Mucojo (Macomia), envolvendo helicópteros, blindados e homens fortemente armados, com relatos de tiroteios em locais considerados como esconderijos destes grupos. (Lusa)