O Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) deteve, nesta segunda-feira, três membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), que exerciam funções na área de administração e finanças por apropriação indevida de 40.691.022,00 MT (quarenta milhões, seiscentos e noventa e um mil e vinte e dois meticais), que tinham sido alocados ao Estado-Maior General. Em conexão com o caso, também foram detidos outros quatro indivíduos do sector de construção civil sem vínculo com o Estado.
A informação foi tornada pública, esta terça-feira (20), pelo GCCC. Trata-se, na verdade, de um caso que fora despoletado por aquela entidade do Ministério Público, no princípio do mês de Agosto, dando conta, no entanto, de um rombo no valor global de 52.309.222,02 MT (cinquenta e dois milhões, trezentos e nove mil, duzentos e vinte e dois meticais e dois centavos).
Uma fonte da PGR disse à “Carta” que a revisão em baixa do valor deve-se ao facto de o processo ainda estar na fase de instrução, pelo que, este poderá sofrer mais oscilações.
O grupo foi detido por haver fortes indícios de prática dos crimes de peculato, enriquecimento ilícito, abuso de cargo ou função, fraude fiscal, associação criminosa e branqueamento de capitais. No âmbito do referido processo, foram ainda apreendidos três imóveis de habitação e três viaturas.
A PGR garante que, dentro do prazo legal, os arguidos serão apresentados ao juiz de instrução para o primeiro interrogatório judicial e fixação de medidas de coação, prosseguindo-se com a instrução, após a referida diligência.
Recorde-se que o Estado-Maior General foi investido de uma nova estrutura em Março de 2021, chefiada por Joaquim Rivas Mangrasse. Pouco depois da sua tomada de posse, foi anunciado que ele estava a "lavar toda a roupa suja" encontrada nas FADM.
Entre as várias mudanças implementadas por Mangrasse, destacam-se os cortes bruscos de subsídios para os militares, incluindo redução do valor de renda, e cortes a diversos fornecedores de alimentos nos quartéis, como forma de reduzir os gastos nesta área.
No entanto, três anos depois, o grupo que lida com a área administrativa e financeira, o coração de todos os quartéis em todo o país, tem os seus membros detidos por apropriação indevida de fundos. (Carta)