A 44ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), orientou, sábado passado, o Secretariado a convocar uma reunião urgente dos Ministros da Saúde da região para avaliar o impacto da varíola de macacos e propor uma resposta regional coordenada para controlar a propagação da doença.
De acordo com o comunicado de imprensa, divulgado no fim da reunião, que teve lugar na cidade de Harare, capital do Zimbabwe, a decisão foi tomada após a discussão da situação no continente e na região, na sequência da declaração pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Centro Africano para Controle e Prevenção de Doenças (CDC África) de que a doença se tornou em uma Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional (PHIEC) e como uma Emergência de Saúde Pública de Segurança Continental (PHECS), respectivamente.
Antecedida de uma reunião dos chefes da diplomacia regional, a 44ª Cimeira da SADC exortou os Estados-Membros a reforçar a vigilância da doença, os testes de diagnóstico e os cuidados clínicos, a prevenção e o controlo das infecções, bem como a sensibilização para a doença a todos os níveis da comunidade. Além disso, a Cimeira manifestou a sua solidariedade e apoio aos Estados-Membros afectados pela varíola de macacos e solicitou ainda à OMS, ao CDC África e a outros parceiros a disponibilização de recursos necessários ao combate da doença na região.
O surto da varíola dos macacos (ou Mpox) aconteceu em 2022, na República Democrática de Congo. Durante o surto, mais de 70 países foram atingidas, nos quais morreram menos de 1% das pessoas infetadas. Segundo dados do CDC África, a que a agência Lusa teve acesso semana passada, o Mpox foi detectado em 13 países este ano e que mais de 96% dos casos e mortes são no Congo. Dos novos, o destaque para Burundi, Quénia, Ruanda e Uganda, todos com ligação a um no Congo.
Já na Costa do Marfim e na África do Sul, as autoridades de saúde reportaram surtos de uma estirpe diferente e menos perigosa do vírus, que se disseminou globalmente em 2022. O número de casos subiu 160% e o de mortes 19% comparado com o mesmo período do ano passado.
Até semana finda, tinham sido registados mais de 14 mil casos e 524 pessoas morreram. Segundo o CDC África, quase 70% dos casos no Congo são crianças menores de 15 anos, que também representam 85% das mortes. O mpox transmite-se, sobretudo, pelo contacto próximo com pessoas infetadas, incluindo por via sexual.
Ao contrário de surtos anteriores, em que as lesões eram visíveis sobretudo no peito, mãos e pés, a nova estirpe causa sintomas moderados e lesões nos genitais, tornando-o mais difícil de identificar, o que significa que as pessoas podem infectar terceiros sem saber que estão infectadas.
Em 2022 a OMS declarou o mpox como emergência global depois de se ter espalhado para mais de 70 países que não tinham qualquer historial de contacto com o vírus até então, tendo afectado, sobretudo homens homossexuais e bissexuais. (Carta)