O candidato presidencial, Venâncio Mondlane, disse que já não é candidato suportado pela Coligação Aliança Democrática (CAD) porque será representado pelos moçambicanos nas eleições presidenciais, legislativas, de membros das assembleias e de governadores provinciais marcadas para 09 de Outubro próximo.
Dirigindo-se a membros da CAD, após ter desembarcado ontem (04), no Aeroporto Internacional de Maputo, Mondlane explicou que o Conselho Constitucional (CC), órgão soberano que decide em última instância sobre matérias jurídico-constitucionais e contencioso eleitoral, juntamente com os órgãos de gestão eleitoral no país, proporcionaram uma oportunidade ao chumbar a candidatura da CAD.
“Tenho que agradecer muito ao Conselho Constitucional, a CNE [Comissão Nacional de Eleições] porque eu antes era candidato da CAD. Agora eles deram-me um privilégio maior. Vou passar de candidato da CAD para candidato do povo moçambicano”, afirmou.
Recentemente, o CC chumbou o recurso interposto pela CAD, anulando assim a participação da coligação nas eleições gerais. O acórdão do CC refere que aquele órgão de soberania não reconhece a inscrição da CAD para fins eleitorais, o que “preclude consequentemente a possibilidade ou o direito de apresentação das candidaturas”.
A inscrição da CAD foi validada a nove de Maio último pela CNE, órgão do Estado, independente e imparcial, responsável pela supervisão do recenseamento e dos actos eleitorais.
Entretanto, a CNE rejeitou as listas de candidatos às eleições legislativas, para membros das assembleias provinciais e de governador da província porque concluiu que a CAD tinha violado, não a lei eleitoral, mas a lei dos partidos políticos.
No entanto, Mondlane vincou que a partir da próxima quarta-feira (07) vai dirigir manifestações em todo o país. “Vamos fazer a primeira manifestação na quarta-feira de dia, às 12h00. Vamos pintar as nossas mãos de preto, quem não tiver tinta pode pôr carvão. Vamos sair para a rua, onde estivermos, estejamos no serviço ou no mercado. Onde estivermos, vamos levantar as nossas mãos com cor preta para mostrar que estamos no funeral da justiça”, explicou Mondlane.
Seguidamente, acrescentou, às 20h00 da mesma quarta-feira, em todas as praças famosas de Moçambique, os membros da CAD devem concentrar-se, acender velas e “decretar o funeral da democracia”. “Vamos fazer essa manifestação em todo o país em cinco minutos”, afirmou.
Segundo Mondlane, a CAD deverá se reunir nos próximos dias para traçar as devidas estratégias que serão divulgadas nos órgãos de comunicação social.
A CAD ganhou destaque porque é a força política que apoia a candidatura à presidência de Mondlane, outrora um deputado contundente nas suas intervenções na Assembleia da República (AR), o parlamento do país, antes de renunciar o seu mandato. Na AR, Mondlane representava a bancada da Renamo, o maior partido da oposição.
Mondlane esperava tornar-se o candidato suportado pela Renamo à Presidência da República nas eleições presidenciais de 09 de Outubro próximo, mas a liderança da Renamo recusou permitir-lhe desafiar o actual presidente da Renamo, Ossufo Momade, no Congresso do partido, que teve lugar em meados de Maio, no Município de Alto-Molócuè, província central da Zambézia.
Assim, renunciou à Renamo e, com a ajuda dos seus apoiantes, recolheu as mais de 10.000 assinaturas de apoio de que necessitava para a sua candidatura presidencial, e recorreu à CAD como uma força que o poderia apoiar conquistando pelo menos alguns lugares no parlamento e nas assembleias provinciais. (AIM)