Roque Silva Samuel já não é Secretário-Geral da Frelimo. O número dois do partido no poder renunciou ao cargo na noite deste domingo, após perder a corrida interna à Presidência da República para Daniel Francisco Chapo, Governador da Província de Inhambane.
Informações sobre a queda de Roque Silva começaram a circular no início da noite, porém, só foram confirmadas ao cair do pano da I Sessão Extraordinária do Comité Central da Frelimo, que teve lugar na Escola Central do partido, na Autarquia da Matola, província de Maputo.
Informações apuradas pela “Carta” indicam que a Comissão Política indicará, nos próximos dias, o Secretário-Geral Interino, sendo que o novo Executivo do partido no poder será eleito em mais uma Sessão Extraordinária do Comité Central, a se realizar dentro dos próximos dois meses. A reunião deverá também debater e aprovar o manifesto eleitoral da Frelimo às VII Eleições Gerais e IV das Assembleias Provinciais.
Silva, que desempenhava as funções de Secretário-Geral da Frelimo desde 2017, ficou conhecido pela sua aversão à democracia interna. É autor da tese de que “não basta querer” se candidatar às disputas internas, é necessário ser “querido” pela direcção do partido, defendida em Julho de 2021.
“Ninguém tem que começar agora a preparar-se para ser candidato. Essa coisa de ser candidato não pode ser voluntário. Espera aí. Os outros é que vão dizer se você dá para ser candidato. Ninguém deve ser voluntário. Eu quero, eu quero, quem disse que você deve querer? Nós é que devemos querer para você querer. Não é para você dizer que eu quero”, defendeu, em declarações proferidas no distrito de Mocuba, província da Zambézia.
Como Secretário-Geral da Frelimo, Roque Silva chegou a culpar a Renamo, o maior partido da oposição, pela degradação da Estrada Nacional Nº 1, tendo proposto a atribuição de nomes dos membros da Renamo à cada buraco existente na principal via do país. Em resposta, a Renamo sugeriu, na voz de José Manteigas, que a Lixeira de Hulene, na Cidade de Maputo, o maior desastre ambiental do país, fosse designada Lixeira Roque Silva por ser “um dos exemplos mais eloquentes da incompetência deste Governo em matéria de saneamento”.
Refira-se que Roque Silva ocupava o cargo de Secretário-Geral da Frelimo desde Setembro de 2017 (eleito no XI Congresso do Partido), depois de ter desempenhado as funções de Primeiro-Secretário do Partido no poder na província de Gaza, o bastião da violência eleitoral. Aliás, Silva chegou a ser rotulado como chefe da repressão da oposição, naquela província do sul do país. (Carta)