O distrito de Quissanga, em Cabo Delgado, principalmente a vila sede, está livre de terroristas desde quinta-feira, mas a população vive um ambiente desolador, acrescido da falta de serviços públicos básicos, com destaque para saúde e educação.
"Agora os carros circulam pelo menos até Mahate, quando saem de Pemba e depois as pessoas caminham a pé para a vila, quer vindo do lado de Metuge ou de Bilibiza, mas a vida está a andar", disse um residente local. Há quase três semanas, a estrada Muepane - Mahate que dá acesso à sede do distrito de Quissanga não era transitável devido ao transbordo do rio Montepuez.
Um outro residente aponta que, apesar de os terroristas terem abandonado a vila depois de cerca de duas semanas de ocupação, a vida ainda está a meio-gás, sendo que a demanda de produtos alimentares está no topo das preocupações.
"Mesmo os carros estão a chegar por causa do dinheiro, mas ainda reina medo, situação agravada pela ausência das Forças de Defesa e Segurança", disse Amisse Momode. Acrescentou que, nos postos administrativos de Mahate e Bilibiza, também não funcionam todos os serviços públicos, embora neste último a população esteja segura, graças à presença das Forças de Defesa e Segurança.
"Carta" apurou que, na semana passada, um grupo de terroristas foi visto a circular no norte do distrito de Metuge tentando atravessar o rio Montepuez para o lado de Quissanga. Ainda na semana passada, foi relatado que outro grupo de terroristas terá escalado a aldeia Cagembe, posto administrativo de Bilibiza, onde em ocasiões anteriores manteve encontros com a população sem recorrer à violência. Não há detalhes sobre o que aconteceu na sua recente presença em Cagembe.
Refira-se que, além de outros desafios, em Quissanga e Ibo ainda não arrancou o Recenseamento Eleitoral que decorre desde o dia 15.
Inicialmente, o STAE Central garantiu que o censo iria abranger todos os pontos do país, mas o Director Nacional do Gabinete Jurídico, Lucas José, explicou na sexta-feira (22), em Maputo, que devido ao terrorismo as brigadas e o respectivo equipamento ainda não foram alocados aos postos de Recenseamento Eleitoral naqueles distritos. (Carta)