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segunda-feira, 05 fevereiro 2024 02:06

Eleições 2023: Renamo garante transição pacífica do poder em Nacala-Porto

Começam a estar “alinhadas” as bases da Renamo, em Nacala-Porto, província de Nampula, com a direcção máxima do maior partido da oposição, depois de as partes terem estado desavindas devido à repetição da votação municipal, a 10 de Dezembro último, naquela autarquia.

 

Na última semana, o Presidente do Conselho Municipal de Nacala-Porto, Raul Novinte, disse aos jornalistas que a sua equipa irá entregar as pastas à Frelimo, em virtude de os membros do seu partido, no Conselho Constitucional, terem chancelado os resultados eleitorais de 11 de Outubro e 10 de Dezembro, que confirmaram a derrota da Renamo em 61 autarquias, das 65 que estavam em disputa. Novinte, lembre-se, havia prometido não entregar as chaves da Edilidade, caso a Frelimo fosse declarada vencedora do escrutínio.

 

“Nós estamos a preparar a entrega do poder, só paramos por causa da greve dos trabalhadores [que teve lugar na semana finda]. A entrega de chaves era uma questão política, anunciada durante a campanha eleitoral e antes da decisão do Conselho Constitucional. Com a decisão do Conselho Constitucional, não resta nada, senão preparar a entrega do poder ao elenco que vai assumir. Portanto, ainda não chegamos ao ponto de criarmos clivagens, o que peço a todos os nacalenses é que respeitem a constituição e aquilo que o Conselho Constitucional decidiu”, defendeu Novinte.

 

Falando aos jornalistas, momentos depois de um encontro com o Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, e o cabeça-de-lista da Frelimo, Faruk Nuro, Novinte disse não estar satisfeito, porém, assegurou que irá respeitar a vontade expressa pelo Conselho Constitucional de ver a Frelimo a liderar aquele município.

 

“Não estou satisfeito porque as eleições não foram transparentes, foi o rasgar da constituição”, disse Novinte, classificando a transição como histórica. “É um momento histórico, porque está a haver uma transição pacífica. Não temos outra coisa a fazer, senão cumprirmos com as orientações nacionais, uma vez que o Conselho Constitucional já chancelou”.

 

Lembre-se que a direcção máxima da Renamo e as bases de Nacala-Porto estiveram desavindas devido à repetição da votação, em apenas 18 Mesas de Voto naquela parcela do país. Enquanto a direcção máxima da Renamo defendia a participação do partido no escrutínio, em Nacala-Porto, as bases negavam seguir esta orientação.

 

Como resultado das desavenças com a liderança máxima do partido, a Renamo, em Nacala-Porto, boicotou a eleição do dia 10 de Dezembro e desmobilizou 71,35% dos eleitores. Na altura, Raul Novinte explicou que a desmobilização de 9.199 eleitores mostrava que o povo é que manda quem pode governar.

 

“Isto foi uma demonstração de que a Renamo ganhou em Nacala-Porto. Pode ser arrancada, sim, como a Frelimo sempre quis, como a Frelimo sempre preparou, mas a democracia em Nacala prevalece e o povo sabe quem elegeu, que é o Raul Novinte”, defendeu o cabeça-de-lista da Renamo, 24 horas após a repetição do escrutínio ganho pela Frelimo.

 

Com a entrega do poder garantida, Novinte deixa a responsabilidade de acalmar o coração dos nacalensesnas mãos da direcção da Renamo. “O partido é que deve sensibilizar os seus membros a se conformar, na medida em que os seus membros, no Conselho Constitucional e na Comissão Nacional de Eleições, assinaram os resultados. Não pode o partido, a nível nacional, se dar por derrotado e não quiser formalizar aqui localmente”, atirou.

 

Refira-se que os novos edis, proclamados pelo Conselho Constitucional, tomam posse esta quarta-feira, 07 de Fevereiro, nas 65 autarquias do país. Lembre-se que a Frelimo vai governar em 60 municípios (mais 15 que no actual mandato), a Renamo em quatro (menos três) e o Movimento Democrático de Moçambique em uma autarquia, a mesma que governa desde 2019 (a rebelde cidade da Beira). (Carta)  

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