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sexta-feira, 22 dezembro 2023 06:20

DDR: Mais da metade dos ex-guerrilheiros da Renamo ainda não recebeu pensões

Mais da metade dos ex-guerrilheiros da Renamo ainda não recebeu a sua pensão, passados seis meses desde a conclusão do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos homens residuais do maior partido da oposição moçambicana.

 

Dados tornados públicos esta quarta-feira pelo Presidente da República durante a apresentação, na Assembleia da República, do Informe sobre o Estado Geral da Nação, indicam que, dos 5.237 ex-guerrilheiros da Renamo desmobilizados, apenas 1.290 é que já recebem as suas pensões, o que representa 24.6% do universo abrangido pelo DDR. Os restantes (3.947) ainda não viram a cor do dinheiro e nem sabem quando o mesmo “cairá” nas suas contas bancárias.

 

Os dados divulgados por Filipe Nyusi revelam ainda que perto da metade dos ex-guerrilheiros da Renamo ainda não submeteram os seus documentos (Bilhete de Identidade, Número Único de Identificação Tributária e Número de Identificação Bancária) à equipa responsável pela gestão do processo, que é composta por membros da Renamo e do Governo. Dos 5.237 abrangidos, apenas 2.849 é que apresentaram os seus documentos.

 

“O programa continuará de forma acelerada nas províncias do sul do país, até à sua conclusão no presente ciclo de governação. O apelo e o pedido é não procurar nos desviar do foco, em prejuízo destes nossos compatriotas que precisam de se integrar convenientemente na sociedade, como todos nós convivemos na diferença”, defendeu Filipe Jacinto Nyusi.

 

Lembre-se que a Renamo, através do seu ex-Secretário-Geral, André Magibire, veio a público, em Setembro último, acusar os bancos comerciais de estarem a dificultar o processo de emissão do NIB (Número de Identificação Bancária) dos combatentes da Renamo, exigido pelo Governo para o pagamento das pensões.

 

“Os combatentes estão a ter dificuldades de tratar o NIB a nível dos bancos e nós, como Renamo, queremos pedir ao Governo para intervir perante essas instituições bancárias para flexibilizar esse processo de NIB desses combatentes”, denunciou Magibire, dois dias depois de o Governo ter dito que o atraso no pagamento das pensões aos guerrilheiros da Renamo se devia à falta de registo dos beneficiários.

 

No seu nono e penúltimo Informe sobre a Situação Geral do País, Filipe Nyusi defendeu que a atribuição de pensões aos homens da Renamo foi uma decisão unilateral do Governo “no espírito da paz, reconciliação e inclusão, considerando que os mesmos não descontaram para nenhum dos sistemas de previdência social”. Saudou seu irmão Ossufo Momade, Presidente da Renamo, “por manter, com serenidade, o seu compromisso com a Paz e Reconciliação nacional”.

 

Segundo Filipe Jacinto Nyusi, a paz não se mede apenas pela ausência de conflito militar. “A paz é um modo de estar com os outros. É um caminho feito pelo diálogo, pela aceitação da diferença e, sobretudo, pela negação do discurso da intolerância e do ódio. É o que tenho tentado fazer”.

 

“As ideias que nos podem separar como forças partidárias não nos podem nunca dividir como moçambicanos. Vivemos, em Moçambique e no mundo inteiro, tempos difíceis. Essa conjuntura vai continuar a fazer-se sentir no ano próximo. Este desafio exige que, mais do que nunca, estejamos unidos em volta daquilo que é fundamental. E o que é fundamental é a estabilidade e a tranquilidade da nação moçambicana”, defendeu.

 

Lembre-se que o DDR foi concluído no passado dia 15 de Junho, com a desactivação do último reduto da Renamo, a base militar de Vunduzi, localizada no distrito da Gorongosa, província de Sofala. O processo durou quatro anos. (A. Maolela)

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