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segunda-feira, 18 setembro 2023 01:31

Moçambique: Avião de ataque Mwari acumula horas de voo no país, enquanto avança a incorporação de armas

A Força Aérea de Moçambique foi o primeiro cliente de lançamento do Mwari, avião leve de ataque, vigilância, inteligência e reconhecimento (ISR), tendo já acumulado mais de 70 horas de voo neste tipo, que a Paramount espera vender a outros clientes africanos e europeus. A informação foi revelada pela Paramount Aerospace Industries (PAI) na exposição de Equipamento Internacional de Defesa e Segurança (DSEI na sigla em Inglês) 2023, actualmente a decorrer em Londres.

 

A empresa afirmou que, com as entregas em curso à Força Aérea de Moçambique, foi recentemente revelado que a República Democrática do Congo (RDC) encomendou várias plataformas Mwari. Moçambique encomendou três aeronaves e a RDC seis.

 

O Mwari foi desenvolvido pela empresa sul-africana Paramount Aerospace Industries e teria sido visto na região de Cabo Delgado. De acordo com o portal Defenceweb existem fotos de um Mwari voando em Cabo Delgado ostentando a matrícula militar moçambicana FA-402.

 

Por outro lado, há relatos segundo os quais a Paramount enviou em 2021 um dos seus protótipos de Mwari para Moçambique, possivelmente para voos de testes e demonstração para as autoridades locais.

 

A empresa procedeu a uma actualização do Mwari com a integração de sistemas de armas avançados. Espera-se que os testes e certificação de armas comecem no fim do quarto trimestre deste ano ou início do primeiro trimestre de 2024, a serem realizados pela Paramount Aerospace Industries, “garantindo a integração vertical e a fabricação da mais recente versão da propriedade intelectual da própria empresa (PI).” As especificidades dos sistemas de missão e armas recentemente adoptadas serão divulgadas posteriormente.

 

A Paramount disse que a integração adicional da moderna arquitectura de sistemas de base de comando, controlo e comunicações permite ainda que o Mwari sirva como um elo crítico entre aeronaves, forças terrestres e bases operacionais avançadas (FOBs). “Tecnologias avançadas são aproveitadas para transmitir inteligência e análise em tempo real, garantindo que o Mwari possa desempenhar um papel fundamental na coordenação de respostas, redefinindo a própria natureza do ataque de precisão”, disse a Paramount em comunicado.

 

Desenvolvido a partir do Ahrlac (Advanced High Perfomance Light Aircraft), o Mwari é um avião de pequeno porte, equipado com um motor turbo-hélice Pratt/Whitney PT6 montado na configuração ″Pusher″.

 

Projectado como uma plataforma para treino de pilotos e missões de vigilância, patrulha marítima e contra-inteligência, o Mwari opera em tecto máximo de 31.000 pés, velocidade máxima de cruzeiro de até 250 nós (463 km/h) e um alcance de 550 milhas náuticas (1.018 km) ou aproximadamente 6.5 horas de voo.

 

A aeronave tem capacidade de aterragem e descolagem curtos (STOL) com trem de aterragem retrátil optimizado para pistas que não estejam devidamente preparadas. Dependendo da missão, pode ser carregado com sistemas de inteligência electrónica, sinais e inteligência de comunicação, radar semi-activo, radiômetro infravermelho prospectivo e carga.

 

O Mwari foi projectado pensando na produção portátil. Para o efeito, a Paramount fornece o Mwari de acordo com as necessidades do comprador, inclusive despachando em kits que poderão ser montados pelo cliente no seu país e pode ser facilmente integrado em cadeias de abastecimento em todo o mundo, permitindo uma produção em massa escalonável.

 

Relatório de mercado de vigilância armada

 

No primeiro dia da exposição, a Paramount publicou um relatório de inteligência de mercado revelando que os gastos globais em capacidade aérea atingirão mais de US$ 476 biliões nos próximos cinco anos, com o mercado Armed Overwatch/ISR estimado em fornecer US$ 32,3 biliões em oportunidades.

 

“O relatório de mercado enfatiza ainda mais as mudanças nas percepções de ameaças na Europa continental e além. O aumento da prontidão contra cenários próximos sugere que os caças tradicionais de 4ª e 5ª geração terão aplicabilidade muito limitada às operações modernas de contra-insurgência”, afirmou a Paramount.

 

“Feito para produção portátil, o Mwari cria uma solução de segurança sustentável para qualquer nação, não mais dependente de potências estrangeiras. Temos o prazer de mostrar na exposição 2023 o papel crítico do Mwari num campo de batalha interconectado, fornecendo às forças terrestres e aéreas uma vantagem competitiva multiplicadora de força”, disse Steve Griessel, CEO da Paramount Global.

 

Falando no certame, o fundador da Paramount, Ivor Ichikowtiz, disse que a Paramount pretende vender o Mwari para países europeus. “Acreditamos absolutamente que muitos países da OTAN terão requisitos operacionais para esta classe de aeronave”, disse Ichikowitz. “Sabemos que Portugal [tem um ataque ligeiro e requisitos de ISR] e estamos a falar com vários países mais pequenos da NATO que têm capacidades de força aérea limitadas. Há muitos países que têm requisitos para aeronaves como o Super Tucano [da Embraer/Sierra Nevada Corporation], mas querem uma capacidade mais ampla.”

 

O Mwari é a primeira aeronave militar tripulada nova na África do Sul desde o helicóptero de ataque Rooivalk. O primeiro voo do Demonstrador Experimental (XDM) foi em Julho de 2014, seguido pelo Demonstrador Avançado (ADM), que foi construído para testar armas e sistemas de missão.

 

O avião é comercializado como uma alternativa relativamente barata às aeronaves militares de última geração para vigilância, patrulha marítima e operações de contra-insurgência. Também pode ser usado para treino. O Mwari foi projectado para executar facilmente múltiplas missões graças a um inovador Interchangeable Mission Systems Bay (IMSB), localizado na barriga da aeronave, fornecendo opções quase infinitas de sensores e carga útil que podem ser integradas e trocadas em menos de duas horas. A arquitectura aberta e os sistemas flexíveis permitem a integração rápida de carga, equipamentos de missão especial, armas e sensores.

 

Os sensores e equipamentos instalados na aeronave incluem o gimbal electro-óptico Argos II da Hensoldt, a bola sensora 420 da Paramount Advanced Technologies, o sistema de reconhecimento térmico Avni da Thales, o receptor de alerta de radar MiniRaven da Sysdel e o rádio ACR510 da Reutech, entre outros. As opções futuras poderiam incluir um radar de abertura sintética (SAR). (Defenceweb)

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