A segunda fase da paralisação das actividades dos médicos, que teve início no dia 10 de Julho passado, custou a vida de 1087 pacientes em 42 dias, no Hospital Central de Maputo, a maior unidade sanitária do país. Este cenário pode ter sido agravado pela greve dos profissionais da Saúde que na semana finda se aliaram aos médicos. Durante o período da greve dos médicos, foram relatadas histórias trágicas de pacientes que passaram os seus piores dias com a falta de assistência.
Vários serviços como cirurgias ou tratamentos especializados deixaram de ser realizados, ficando apenas em funcionamento os serviços mínimos prestados por poucos profissionais de saúde e alguns estudantes da faculdade de Medicina.
Um levantamento levado a cabo pela “Carta” no Hospital Central de Maputo revela que, em média, perderam a vida naquele hospital 25 pacientes por dia, o que mostra um aumento de 15 por cento de mortes, comparativamente a igual período do ano passado, em que se registaram 945 óbitos.
Dos 1087 pacientes que perderam a vida nos 42 dias da greve, 206 são crianças, sendo que o documento na nossa posse mostra que só no primeiro dia de greve da classe médica, na enfermaria de pediatria, 13 crianças foram dadas como mortas.
Os dados mostram ainda que os adultos foram as maiores vítimas das desavenças entre os médicos e o governo visto que 834 pacientes perderam a vida no Hospital Central de Maputo. No mesmo período, 43 pacientes deram entrada como mortos naquela unidade hospitalar.
Refira-se que a crise do Serviço Nacional da Saúde que provocou a greve dos médicos e dos profissionais de saúde esteve associada à reivindicação sobre os cortes salariais, falta de pagamento de horas extras e exigência de melhores condições de trabalho. (Carta)