O Presidente da Associação Médica de Moçambique (AMM), Milton Tatia, precisou esta quarta-feira (07) que a greve dos médicos cuja data de início será conhecida na próxima sexta-feira (09) deve-se à falta de cumprimento da implementação do estatuto do médico e dos direitos nele consagrados, entre vários pontos.
Para além destas reivindicações, a classe protesta o facto de o Governo assistir à deterioração progressiva das condições de trabalho, sem a devida intervenção. Tatia diz que nos hospitais do país há falta de recursos para o exercício da profissão e para prestar melhores cuidados de saúde ao povo, o que levou o pessoal da saúde à greve na semana passada.
Embora o Governo tenha sido dado um tempo razoável para buscar soluções, não se mostrou sério e não implementou o que acordou com a classe, tendo resolvido apenas 10 por cento do prometido.
Para além do não cumprimento das promessas feitas no acto da negociação, o grupo diz que se vê na contingência de entrar em greve porque o Governo reduziu os salários de Maio de forma considerável comparativamente ao mês anterior. Mais grave ainda, nenhuma entidade, incluindo o Ministério da Saúde, consegue justificar a razão da redução dos salários.
Tatia diz ainda que existe um grupo de médicos que foi entrando no Aparelho do Estado desde a entrada em vigor da Tabela Salarial Única (TSU), que recebe apenas o salário base com todos os descontos e sem nenhum subsídio, o que faz com que no fim do mês leve para casa cerca de metade do que deveria ganhar.
A fonte precisou que estes factores, aliados ao facto de os hospitais não pagarem desde o ano passado as horas extras pelos serviços de urgência, fizeram com que algumas unidades sanitárias, como é o caso do Hospital Provincial da Matola, deixassem de prestar este serviço, recomendando os pacientes a se dirigirem aos hospitais de Mavalane, Central ou José Macamo para receberem os devidos cuidados.
Acrescentou que, nos próximos dias, outros hospitais vão paralisar o serviço de urgência. De um modo geral, os médicos debatem-se com a falta de recursos para diagnóstico, desde reagentes de laboratório, equipamentos para Raio X, Tomografia Computorizada (TAC), ecografia e medicamentos para o tratamento de insuficiência cardíaca, renal e doentes que entram com quadro de falta de ar.
A Associação Médica de Moçambique (AMM) reuniu-se esta quarta-feira, tendo analisado vários aspectos, que vão desde o cumprimento das reivindicações que resultaram na paralisação que ocorreu no ano passado e interrompida no âmbito da quadra festiva e, em simultâneo, para dar tempo ao Governo para satisfazer as reivindicações da classe.
Com a eclosão da cólera, depois da quadra festiva, os médicos entenderam que não seria de bom grado voltar à paralisação, visto que a população precisava de assistência. (Marta Afonso)