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Diferentemente da empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), que já se encontra na sala de “reanimação”, após a identificação da sul-africana Fly Modern Ark como parceira adequada para a sua recuperação técnica e financeira, a Moçambique Telecom (TMCEL) ainda se encontra no fundo do poço sem qualquer estratégia de resgate à vista.
Segundo o Ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, a situação financeira da operadora pública de telefonia móvel “é muito mais complexa que a da LAM”, sendo que a solução aplicável seria a de encontrar um parceiro do capital social estratégico, concretamente, uma operadora multinacional de telecomunicações.
“No entanto, a sua viabilização passa por vender um mínimo de 80 por cento das acções e o Governo assumir todas as dívidas e empréstimos da TMCEL e reduzir a força de trabalho em 60 por cento”, uma solução que será analisada por um grupo consultivo de peritos internacionais que está a ser criado pelo Ministério dos Transportes e Comunicações e IGEPE (Instituto de Gestão das Participações do Estado).
A informação foi avançada esta quarta-feira, na Assembleia da República, durante a Sessão Plenária de Perguntas ao Governo. Aos deputados, Mateus Magala afirmou que a TMCEL perdeu capacidade de honrar com os seus compromissos no mercado, incluindo o pagamento de salários aos seus trabalhadores (cerca de 1700).
“A empresa transporta uma dívida global acumulada elevada de mais de 400 milhões de dólares com tendência a agravar-se. A TMCEL está a perder rapidamente a sua quota de mercado. A sua receita está em progressivo declínio, opera num ambiente altamente concorrencial, com uma reputação e percepção dos clientes sobre a marca a deteriorar-se, progressivamente”, realçou Magala, sublinhando que, a nível tecnológico, a companhia usa uma plataforma desactualizada e de vários fornecedores, levando a custos operacionais e de manutenção muito altos.
Enquanto não se define o caminho a seguir com vista ao resgate daquela operadora de telefonia móvel, explica Magala, o Governo criou um Conselho de Transformação da TMCEL, composto pelos Ministros dos Transportes e Comunicações, Ministro de Economia e Finanças e pela Presidente do IGEPE, com a missão de sistematizar as medidas concretas para a estabilização da TMCEL a serem anunciadas e implementadas a partir deste mês.
“A TMCEL é uma empresa estratégica com um potencial para gerar recursos para a sua sustentabilidade e financiar a economia. (…) Possui um vasto património e uma considerável rede de infra-estruturas de telecomunicações, sendo nossa convicção que do trabalho que estamos a realizar vamos transformar o potencial em oportunidades reais”, defendeu Magala, sublinhando que “as mudanças exigem sacrifício de todos”, pelo que “teremos de impor uma nova disciplina na gestão comercial das empresas em reestruturação”.
Recordar que a TMCEL é uma empresa pública criada em Dezembro de 2018, em resultado da fusão das extintas e falidas empresas públicas Telecomunicações de Moçambique (TDM) e Moçambique Celular (mCel). (A.M.)
