Os jovens moçambicanos são apontados pelos Bispos da Igreja Católica como o grupo que continua a engrossar as fileiras dos que semeiam dor na província de Cabo Delgado, alvo de uma guerra terrorista que iniciou há mais de cinco anos, com algumas acções violentas que continuam a alastrar-se para outras zonas, incluindo as províncias do Niassa e Nampula.
Segundo os sacerdotes, as incursões terroristas semeiam destruições e mortes violentas de crianças, mulheres e homens inocentes e pessoas de boa vontade, como foi o caso da irmã Maria de Coppi, assassinada no passado dia 06 de Setembro, num ataque à Missão Católica de Chipene, na Diocese de Nacala.
Esta declaração consta da última Carta Pastoral emitida na última sexta-feira, no fim de mais uma Sessão de Conferência Episcopal de Moçambique, que teve lugar em Maputo.
“A continuação deste desumano sofrimento é inaceitável e frustra o sonho de sermos uma nação de paz, concórdia e independente, justa e solidária, por esta razão, devemos unir todos os esforços para encontrar os caminhos de solução a esta desgraça, não confiando unicamente no uso da força militar”, defende a Conferência Episcopal de Moçambique.
Num documento em que manifestam o seu sentimento em relação a várias enfermidades que têm estado a assolar o país, os Bispos recordam a todos os envolvidos nesta guerra as palavras do Papa Francisco: “O Deus da paz nunca conduz a guerra, nunca incita ao ódio, nunca apoia a violência e nós que cremos nele somos chamados a promover a paz através de instrumentos de paz como o encontro, pacientes negociações e o diálogo, que é o oxigénio da convivência comum”.
Para a Conferência Episcopal de Moçambique, a juventude moçambicana é o presente e o futuro da nação, que está sucumbindo às incessantes ondas de violência.
“Como já tivemos a ocasião de afirmar, reconhecemos que um dos motivos fortes que movem os nossos jovens a se deixarem aliciar e aliarem-se às várias formas de desvios assenta na ausência de esperança por um futuro favorável, sendo que para a maioria deles não há oportunidades de se construir uma vida digna. É fácil aliciar pessoas cheias de vida e sonhos, mas sem perspectivas. Sem garantir aos jovens a realização dos seus sonhos, a própria nação verá comprometido o seu sonho de ser protagonista do seu futuro”. (Marta Afonso)