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quinta-feira, 20 outubro 2022 07:39

Vendedores do Mercado do Peixe impedidos de exibir dísticos e cartazes durante mais uma marcha

Os vendedores contestavam contra aquilo que consideram usurpação do espaço onde durante anos, antes mesmo da Independência de Moçambique, desenvolviam as suas actividades, e só foram autorizados a prosseguir com a marcha depois de várias negociações com a Polícia em direcção ao antigo Mercado do Peixe, local onde está a ser erguido um imóvel.

 

Sem direito a cartazes e dísticos, e impedidos de cantar, a Polícia acabou autorizando uma marcha silenciosa, mas chegados ao antigo Mercado do Peixe, depararam-se com vários agentes da corporação, entre os quais, da Unidade de Intervenção Rápida, Polícia da República de Moçambique, Polícia Canina, que já aguardavam pela chegada dos manifestantes, trajados com camisetes com escritas como “devolvam o nosso espaço”.

 

Na ocasião, os vendedores entregaram uma carta aos que se encontravam no local da obra para ser entregue aos donos do espaço e explicaram que recentemente solicitaram um encontro com os representantes legais dos novos proprietários do espaço e o mesmo não aconteceu porque a contraparte não apareceu. 

 

"Nós prometemos demolir as obras se os proprietários não aceitarem negociar com os vendedores, prometemos ainda levar o caso ao tribunal internacional se não conseguirmos resolver internamente", explicam os vendedores que continuam a exigir indemnizações.

 

Um dos cartazes continha fotos dos actuais proprietários do antigo Mercado do Peixe, com os seguintes dizeres: “o espaço do Mercado de Peixe é nosso desde 1973, nem o colono não nos arrancou. Vocês se associaram em 2020 e nos arrancaram. Não será dinheiro roubado a ser usado? Pedimos a devolução do nosso espaço”.

 

Lembre-se que o antigo Mercado de Peixe está no meio de uma polêmica entre a edilidade e os antigos vendedores que exigem indemnização, alegando que a sua retirada agravou os custos operacionais. E que no novo Mercado de Peixe estes pagam 900 meticais pelas bancas e entre 4 mil e 7 mil meticais pela ocupação das barracas, algo que não faziam no passado.

 

No entanto, a edilidade nega sentar-se à mesma mesa com os vendedores, alegando ser dona do solo urbano, pelo que ninguém será indemnizado.

 

Refira-se que o espaço onde funcionava o antigo Mercado de Peixe foi adquirido pela Cooperativa Vila Praia, Lda., envolvendo a nomenklatura moçambicana. A mesma é detida por nove sócios de peso, entre juízes, banqueiros, académicos e políticos.

 

Fazem parte da sociedade os seguintes indivíduos: Alberto Vaquina, antigo Primeiro-Ministro, Augusto Paulino, antigo Procurador-Geral da República, Ernesto Gove, ex-Governador do Banco de Moçambique, Jorge Ferrão, Reitor da Universidade Pedagógica de Maputo,  Machatine Munguambe, ex-presidente do Tribunal Administrativo, Ozias Pondja, Juiz-Conselheiro e ex-Presidente do Tribunal Supremo, Paulo Maculuve, antigo Administrador do Banco de Moçambique, Gomes do Rosário Xavier Gomes  e Carlos dos Santos,  entretanto representado na sociedade por Carlos António  Xerinda. (Marta Afonso) 

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