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BCI
sexta-feira, 08 julho 2022 04:10

Falta de confiança e pobreza extrema são algumas das causas do terrorismo em Cabo Delgado – defendem comunidades locais

cabo delgado pobreza min

Os representantes das várias comunidades de Cabo Delgado identificaram a falta de confiança entre as comunidades e as instituições governamentais, a pobreza extrema e a falta de boas infra-estruturas e equipamentos públicos, como escolas e hospitais na região como algumas das questões causadoras do conflito. Também citaram as desigualdades e a falta de oportunidades, apesar da riqueza abundar na província. Eles disseram que há necessidade de uma abordagem multifacetada para lidar com a violência na província de Cabo Delgado.

 

Os líderes comunitários falavam em reuniões realizadas recentemente em Pemba, que contaram com a participação de agentes da polícia e penitenciários como parte dos esforços da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para encontrar uma paz duradoura em Cabo Delgado, que está sob ataque dos terroristas.

 

As reuniões visam restabelecer a confiança entre a polícia, os serviços penitenciários e as comunidades, a fim de trazer a paz à região. Espera-se que as actividades que estão a ser implementadas forneçam assistência humanitária e manutenção da paz multidimensional que implique, entre outros, o envolvimento de civis para realizar medidas/programas de fortalecimento da confiança, visando enfrentar a desconfiança nas comunidades.

 

Isso criará coesão para facilitar sinergias que promoverão a paz e a segurança e o desenvolvimento sócio-económico na Província de Cabo Delgado.

 

Dirigindo-se aos participantes, o proeminente clérigo moçambicano e líder da sociedade civil, Dom Dinis Matsolo, disse que a mídia deve informar com responsabilidade sobre o conflito na província de Cabo Delgado, norte do país. Dom Matsolo disse ainda que é necessário restabelecer a confiança entre a polícia, os serviços prisionais e as comunidades de Cabo Delgado para que a paz volte a reinar na província.

 

Sublinhou que, enquanto a mídia deve informar com veracidade sobre o conflito em Cabo Delgado, a reportagem dos jornalistas deve transmitir mensagens de esperança às comunidades afectadas pela violência. Ele disse que há necessidade de uma narrativa positiva da África, em vez de se concentrar na cobertura negativa dos conflitos.

 

Há também necessidade de confiança mútua entre a mídia e as instituições estatais, como o exército, a polícia e os serviços correcionais, a fim de construir a paz nas comunidades. Os jornalistas muitas vezes trabalham em ambientes hostis, o que resulta na falha de acesso a informações precisas e confiáveis, e isso não é bom para a construção da paz, disse o bispo Matsolo. Disse ser necessário restabelecer a confiança entre as comunidades do norte de Moçambique e a polícia e os serviços prisionais, o que resultará em paz e desenvolvimento.

 

“Para construir a paz, a polícia e as comunidades devem envolver-se e falar a verdade, demonstrando respeito, criando transparência e corrigindo erros cometidos no passado. A polícia e as comunidades devem demonstrar lealdade ao seu país, fornecer resultados e lutar pela própria perfeição. Eles devem praticar a responsabilidade, ouvir um ao outro e cumprir as promessas, e ambos os lados devem fazer isso para um relacionamento sólido, que resultará numa paz duradoura”, disse Dom Dinis Matsolo.

 

A nível nacional, o Governo da República de Moçambique desenvolveu o Plano de Recuperação de Cabo Delgado (PRCD) em áreas afectadas pelos terroristas. O Plano está organizado em três pilares, a saber, Assistência Humanitária, Recuperação de Infra-estruturas e Actividade Económica e Financeira. O Plano de Reconstrução em Cabo Delgado está orçado em 300 milhões de dólares, dos quais 100 milhões já foram garantidos. (Carta)

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