Chama-se Nthupaze Buanauasse Maita, de 43 anos de idade, natural de Nacala-Porto, província de Nampula, que desde 2020 passou a residir na Ilha Quifuque, no distrito de Palma, tendo na ocasião contraído matrimónio com uma terrorista de nacionalidade tanzaniana.
Segundo consta no despacho de acusação do Ministério Público em nossa posse, já foi concluída a instrução do processo com o número 65/02/P/22, correspondente ao processo número 1/GPCT/CD/22 e número 16/SIC/22.
De acordo com o MP, no dia 28 de Abril de 2022, o processo mereceu despacho de acusação por haver fortes indícios de o arguido haver cometido, em acumulação de infracções, os tipos legais de crimes: adesão a organizações ou associações terroristas, espionagem, armas proibidas e associação criminosa. Entende o MP que o arguido deve cumprir entre 16 a 20 anos de prisão efectiva e sem liberdade, uma vez que pessoas radicais têm desprezo pela vida humana e acreditam na vida após a morte.
Conforme consta na acusação, Nthupaze Buanauasse Maita fazia parte de um grupo composto por terroristas tanzanianos, congoleses e quenianos. Durante o tempo em que esteve no grupo, ele pescava para alimentar os terroristas que se encontravam nas matas a perpetrar ataques armados às populações e às FDS.
Com o grupo, Nthupaze, que antes era um simples pescador, foi integrado na base dos terroristas localizada nas margens do rio Messalo, onde recebeu instrução militar e doutrina terrorista e, posteriormente, assumiu os ideais radicais, tendo recebido uma arma de fogo de tipo pistola.
Entretanto, tudo viria a mudar quando, no dia 17 de Dezembro de 2021, o pescador-terrorista que navegava na sua canoa, nas águas de Mucojo, munido de uma arma de fogo, escalou a Ilha das Rolas, com o intuito de recolher informação de inteligência sobre a movimentação e a capacidade combativa das FDS.
Depois de imobilizado pelos pescadores que nunca o tinham visto naquela região, encontraram na sua canoa uma arma de fogo do tipo pistola, duas facas, um cinturão, um livro de Alcorão e uma tesoura. Imediatamente, terá sido denunciado às autoridades, onde foi detido.
Refira-se que, relacionado com os processos-crime contra o terrorismo, a Procuradora-Geral da República (PGR), Beatriz Buchili, disse há dias, durante a apresentação do seu informe anual, que foram registados 354 processos-crimes, sendo 23 com arguidos em prisão preventiva e quatro respondendo em liberdade. Os restantes 327 processos correm contra desconhecidos.
Para além dos números acima referidos, Buchili afirmou no Parlamento que foram detidos 57 indivíduos, dos quais 46 homens e 11 mulheres, com idades compreendidas entre 19 e 65 anos de idade, para além de um burundês, um etíope e um tanzaniano. (O.O.)