Em relatório publicado em Abril último, o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma que a recuperação económica na África Subsariana surpreendeu em alta no segundo semestre de 2021, o que levou a uma revisão significativa em sentido ascendente do crescimento estimado no ano passado, de 3,7% para 4,5%. No caso particular de Moçambique, as perspectivas do FMI indicam que o país vai alcançar 3.8% em Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, saindo de 2.2% em 2021 para 5% em 2023.
“No entanto, este ano, estes progressos foram postos em causa pela invasão da Ucrânia pela Rússia que desencadeou um choque económico mundial que está a atingir a região numa altura em que o espaço político dos países para lhe dar resposta é mínimo ou inexistente”, lê-se no documento.
Designado “Perspectivas Económicas Regionais: Um novo choque e pouca margem de manobra”, o informe destaca, em especial, a subida dos preços do petróleo e dos produtos alimentares, factores que estão a afectar os saldos externos e orçamentais dos países importadores de matérias-primas e aumentou as preocupações em matéria de segurança alimentar na região.
Além disso, o FMI afirma que o conflito Rússia-Ucrânia agrava alguns dos desafios de políticas mais prementes da região, incluindo o legado social e económico da pandemia da Covid-19, as alterações climáticas, o aumento dos riscos de segurança na região do Sahel e a restritividade actual da política monetária nos Estados Unidos. “Por este motivo, o dinamismo de crescimento da região perdeu força este ano, prevendo-se que a actividade económica cresça 3,8%”, sublinha o documento.
Embora se projecte que a recuperação económica acelere em 2023 para cerca de 4% a médio prazo, a instituição salienta que este ritmo não é suficiente para compensar as perdas decorrentes da pandemia. Para além de acelerar a campanha de vacinação contra a Covid-19, as prioridades de política imediatas incluem ajudar as famílias mais vulneráveis a enfrentar os elevados custos com os produtos alimentares e energéticos sem aumentar as vulnerabilidades da dívida existentes, conter as pressões inflacionistas e gerir os ajustamentos das taxas de câmbio.
Por fim, o FMI entende que, após a pandemia e as actuais tensões geopolíticas, a criação de emprego e o cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável exigirão um crescimento forte, inclusivo e sustentável na região. Nesse âmbito, apela aos decisores dos países da África Subsaariana a tomar medidas de política decisivas para reforçar a diversificação económica, libertar o potencial do sector privado e dar resposta aos desafios colocados pelas alterações climáticas. (Carta)