Numa altura em que os terroristas voltam a protagonizar ataques de grande escala, retoma também o debate sobre a eficácia da intervenção das tropas estrangeiras, em particular da SADC, no combate ao terrorismo na província de Cabo Delgado.
O debate surge em torno dos números partilhados, semana finda, pela Missão da SADC em Moçambique (SAMIM) em torno da sua intervenção no combate ao grupo que atacou a Ilha de Matemo, no distrito de Ibo, zona insular da província de Cabo Delgado.
De acordo com um comunicado de imprensa emitido no passado sábado, 26 de Março, pela SAMIM, as tropas da SADC abateram oito terroristas durante a sua intervenção na Ilha de Matemo, para além de ter recuperado diverso material bélico.
No entanto, os números divulgados pela SAMIM estão muito abaixo dos reportados pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS). No passado dia 23 de Março, as FDS anunciaram ter massacrado 20 terroristas, após vários dias de combate naquela ilha do Arquipélago das Quirimbas.
Embora não se possa dar total crédito aos números avançados pelas tropas moçambicanas (a verdade é a primeira baixa quando se está perante um conflito armado), o facto é que a intervenção da SAMIM tem deixado zonas de penumbra.
Em quase oito meses de presença em Moçambique, por exemplo, a SAMIM ainda não conseguiu consolidar a segurança nos distritos sob sua gestão: Quissanga, Meluco, Macomia, Muidumbe e Nangade.
Aliás, no caso do distrito de Nangade, depois de a SAMIM anunciar a desactivação de bases dos insurgentes, assim como o abate de alguns líderes terroristas, os insurgentes voltaram a recuperar terreno, havendo já informações (não confirmadas), dando conta de que o grupo estará a preparar um assalto à vila-sede daquele distrito.
Refira-se, porém, que em 30 dias de intervenção as tropas ruandesas conseguiram recuperar a vila-sede do distrito de Mocímboa da Praia das mãos dos terroristas, tal como conseguiram restabelecer a segurança na vila-sede do distrito de Palma. Também desactivaram as maiores bases dos terroristas, com destaque para a base de Mbau, onde supostamente residiam os líderes do grupo terrorista. (A. Maolela)