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quinta-feira, 17 março 2022 06:55

Ambientalistas recorrem para bloquear financiamento britânico ao gás do Rovuma

A organização ambientalista britânica Friends of the Earth anunciou ontem que vai recorrer de uma decisão desfavorável do Tribunal Superior de Londres para bloquear o financiamento do Governo a um projeto de extração de gás natural em Moçambique.

 

O Tribunal (High Court) tinha inicialmente publicado uma decisão dividida entre os dois juízes, deixando o resultado incerto, mas hoje a organização confirmou que o caso terá de ser decidido pelo Tribunal de Recurso. 

 

A falta de um consenso entre os juízes, explica num comunicado, "significa que agora é necessário um recurso para chegar a um resultado definitivo” e que, excecionalmente, recebeu autorização para avançar para o Tribunal de Recurso (Court of Appeal).

 

Na decisão publicada na terça-feira, a juíza Justine Thornton considerou que a agência de crédito à exportação britânica UK Export Finance (UKEF) não cumpriu a obrigação de calcular o impacto do projeto em termos de emissões de gases com efeito de estufa, o que questiona o respeito pelo Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas.

 

Pelo contrário, o juiz Jeremy Hugh Stuart-Smith considerou que não "havia obrigação legal ou política de quantificar as emissões” e o projeto está em linha com "as políticas de alterações climáticas declaradas por Moçambique”. 

 

A Friends of the Earth pediu no ano passado uma revisão judicial ao financiamento do Governo ao projeto moçambicano, alegando que desrespeita os compromissos de Londres para com o Acordo de Paris e as metas para travar o aquecimento global.

 

O Governo britânico providenciou até 1.150 milhões de dólares (1.350 milhões de euros no câmbio atual) através da agência de crédito à exportação UKEF ao projeto gás natural liquefeito (LNG, na sigla inglesa) ‘offshore’ na bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, norte de Moçambique.

 

A organização ambientalista estima que o projeto vai ser responsável pela libertação de entre 3.300 e 4.500 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera ao longo da duração do projeto. 

 

A Área 1 do Projeto está concessionada a um consórcio liderado pela petrolífera francesa Total, que teve de suspender as obras de construção do empreendimento devido aos ataques de grupos armados na província de Cabo Delgado.

 

Avaliado entre 20 e 25 mil milhões de euros, o megaprojeto de extração de gás da Total é o maior investimento privado em curso em África, suportado por diversas instituições financeiras internacionais e prevê a construção de unidades industriais e uma nova cidade entre Palma e a península de Afungi.

 

Antes de a construção ser suspensa, a primeira exportação de gás liquefeito estava prevista para 2024.(Lusa)

 

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