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quinta-feira, 24 fevereiro 2022 06:41

Detenção de manifestantes leva à destruição em Xinavane

Sete trabalhadores da Açucareira de Xinavane foram detidos na última terça-feira e recolhidos para as celas do Comando Distrital da Polícia da República de Moçambique (PRM), na vila da Manhiça, província de Maputo, alegadamente por incitarem outros funcionários a protestar contra o não aumento salarial e pagamento de bónus por parte da empresa Tongaat Hulett.

 

Por consequência, os moradores do Bairro Sambo, no Posto Administrativo de Xinavane, onde também residem os detidos, protagonizaram uma greve, que culminou com a destruição de vários bens privados e públicos. Essas informações foram fornecidas à “Carta” pelo Secretário do Comité Sindical dos Trabalhadores da Açucareira, Orlando Chume, em entrevista telefónica.

 

“Na terça-feira passada, a Polícia deteve sete trabalhadores, que alegadamente agitavam os outros para não retomar os seus postos de trabalho em protesto contra o não aumento salarial e pagamento de bónus por parte da empresa. Em retaliação, os residentes do Bairro Sambo, na companhia de alguns trabalhadores, destruíram parcialmente, em greve, a Esquadra de Xinavane, incendiaram a residência e viatura do Chefe do Posto Administrativo local, bem como carros e alguns campos de cana-de-açúcar da Tongaat Hulett", descreveu Chume.

 

Esta retaliação surge no contexto de uma manifestação pacífica levada a cabo por cerca de quatro mil trabalhadores em reivindicação de direitos salariais, desde Agosto de 2021. Naquele mês, o grupo encaminhou uma carta em que pedia o reajuste salarial dos actuais 4.5 mil para 7 mil Meticais e pagamento de bónus de época referente a dois anos.

 

Entretanto, volvidos cinco meses, a Tongaat Hulett não se pronunciou sobre o assunto. Como consequência, a massa laboral desencadeou uma manifestação a partir do dia 31 de Janeiro de 2022. Volvidos 11 dias, finalmente chegou-se à trégua de 10 dias (terminou na passada segunda-feira) entre a Direcção da Tongaat Hulett, Comité Sindical dos Trabalhadores da Açucareira, o Governo (representado pelo Inspector-geral do Trabalho, Domingos Sambo e a Administradora do Distrito da Manhiça, Cristina de Jesus).

 

Segundo o Secretário do Comité Sindical dos Trabalhadores da Açucareira, findo o prazo da trégua, a Tongaat Hulett prometeu que “no dia 03 de Março irá informar os trabalhadores sobre o aumento salarial determinado. Mas houve alguns trabalhadores que não ficaram satisfeitos, pois, queriam que a empresa assumisse urgentemente o aumento salarial exigido. Eis-que alguns foram detidos e a população do Bairro decidiu retaliar, exigindo a soltura dos seus vizinhos”.

 

A nossa fonte assegurou ao Jornal que a manifestação dos cerca de quatro mil trabalhadores é legal e durante os 11 dias aconteceu com o conhecimento do Governo central, em concreto do Ministério do Trabalho e Segurança Social. Refira-se, porém, que durante esta manifestação a Direcção da Tongaat Hulett tem mostrado alguma falta de interesse em resolver os problemas dos trabalhadores, com a urgência exigida. (Evaristo Chilingue)

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