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Juma Aiuba

Juma Aiuba

quinta-feira, 28 maio 2020 06:38

"Os Nhangumeles do Índico"... e outras marcas

Hoje acordei disposto para concordar com a proposta apadrinhada por Sua Excelência Gilberto Mendes. Sou obrigado a concordar com ele porque, em primeiro lugar, de facto, temos de encontrar um nome para a nossa seleção nacional de futebol que se identifique connosco neste preciso momento. A ideia é termos um nome que, quando as pessoas ouvirem pelo mundo fora, não duvidem que se trata de Moçambique. Portanto, um nome que não crie confusão nas pessoas. Uma marca nacional. Aquilo que nós somos e como somos conhecidos além fronteiras.

 

Em segundo lugar, como defende o meu caro ilustre amigo camarada Secretário de Estado do Desporto, Carlos Gilberto Mendes, é preciso termos um nome que vende. Também concordo! Temos de encontrar um nome que não precisa de marketing, um nome que se vende sozinho. Deve ser um daqueles nomes que qualquer um que ouve diga "uau, eu quero isso para mim". Daqueles nomes que qualquer empresário quererá associar à sua marca. Deve ser um nome único. 

 

Também concordo, em terceiro lugar, que temos de encontrar nome de um animal que nos orgulhe. De acordo com o próprio Sua Excelência, um animal que esteja em extinção e, por isso, protegido. A ideia é que seja um animal que estimamos muito, mas que não existe em abundância em outros países. Bravo, Excelência! É uma questão de concorrência: menor oferta, maior procura. Até acho que Samuelson e Nhordaus falam disso na economia. Estou a gostar dos livros que Sua Excelência está a ler.

 

Não podemos esquecer que estes são outros tempos. "Mambas" está ultrapassado e dá azar. Por isso, libertemo-nos das amarras! Temos de ter nome de uma coisa moderna e sortuda. Uma coisa de hoje. Um nome que encerra em si um significado positivo. Talvez esteja aqui o problema de Cabo Delgado: o nome. É que "cabo" é a ponta por onde se segura um utensílio (cabo de vassoura) e, em Geografia, "cabo" é um acidente geográfico. E "delgado" significa fino. Então, esse nome só pode ser de azar mesmo. Cabo Delgado lembra a ponta do tridente do capeta ou, então, um terreno estreito onde acontecem muitos acidentes. Se mudarmos o nome, talvez os insurgentes desapareçam sozinhos e a vida volte a normalidade. 

 

Para a nossa seleção nacional de futebol, estou aqui a pensar num nome que dá a ideia de patriotismo, modernidade, autenticidade, bravura, sagacidade, vitória e marca. Sua Excelência Gilberto, que tal, "Os Nhangumeles do Índico". "Os Gatunos Vermelhos". "Os Changs Insaciáveis". "Os Fiadores Ocultos". "O Tabuleiro Intocável". "Os Codificados". "Os Estimados da Pátria. "Os Sem Vaselina". Os Enfiadores da Pérola". "Os Ladrões Indomáveis". Sei lá!!! 

 

Ajudem aí, pessoal! É uma campanha de procura do nome da sorte para esta geração. Tem de ser um nome que nos leve direto ao Mundial. Um nome que, só no aquecimento, o adversário e a equipe de arbitragem começam a tremer. Um nome que o placard vai marcar três à zero enquanto ainda estamos a equipar. Vamos jogando só por questões de elegância e ética desportiva. Vamos levando as taças e as medalhas um dia antes do jogo. Tem de ser um nome que até o vídeo-árbitro vai mostrar os lances antes do jogo iniciar. Um nome que vai nos levar a disputar o EURO e a Copa América. Um nome que vai fazer com que Moçambique seja a sede da FIFA e Feizal, presidente. Um nome que vai fazer com que Messi e Ronaldo venham viver aqui. Um nome de guerra bonito, que vende. Um nome muito nosso. Uma marca.

 

Então, fica a dica: se tiveres um filho drogado e que não gosta de estudar, faz nova cédula com novo nome; se o teu Toyota-Starlet anda avariado, pinte-o com outra cor e escreva "Lamborghini" na traseira; se a tua vida vai mal, faz novo BI, irmão... com outro nome, evidentemente. O segredo da felicidade está no nome, é o senhor Carlos que assim o diz. Só ele mesmo para trazer o lado cómico da nossa trágica desgraça! Nossa senhora das piadas, rogai por nós!

 

- Co'licença!

segunda-feira, 25 maio 2020 09:04

Um dedo de conversa com o tio Gustavo

- Como é que o seu nome foi parar na lista do partido FRELIMO para membro da Comissão Central de Ética Pública?

 

- Bom, primeiro, devo dizer que alguém propôs o meu nome em sede do partido. Fui consultado e eu aceitei. Então, o meu nome foi aprovado pelos membros do partido e levado à bancada do partido FRELIMO na Assembleia da República.

 

- Mas porquê?

 

- Porque para o partido FRELIMO, eu sou um cidadão exageradamente ético. O presidente do partido até nem acreditava que eu existia de verdade em carne e osso. No dia que ele me conheceu assim ao vivo, chorou de emoção. Olha, a Comissão Política do partido nem acredita que eu sou membro. Eles rendem comigo! A sociedade, o povo, a opinião pública não vêem isso, mas o partido FRELIMO vê muita ética em mim. Para o partido, eu sou o guardião da ética e da moral do partido.

 

- Não é verdade!

 

- Então não! Não viste na televisão quando o chefe da bancada do partido FRELIMO estava a defender a minha nomeação? 

 

- Então, o Sérgio defendeu?

 

- Defendeu, sobrinho! Defendeu e muito bem! Disse, na primeira pessoa, que o partido FRELIMO propõe o nome do cidadão Gustavo porque “é uma pessoa culta e com conhecimento profundo da realidade moçambicana e que sempre denunciou os horrores da guerra civil dos 16 anos, ele tem todas qualidades para fazer parte da Comissão Central da Ética Pública”. Ao vivo, sobrinho.

 

- Xeee, tio! Mas ele não sabe das m*rdas que fizeste na AIM?

 

- Que m*rdas, sobrinho? Se eu tivesse roubado, estaria aqui hoje? Ladrão vai a televisão, a rádio, etecetera? Quando me tiraram da AIM não me deram outro emprego? Melhor ainda! Sobrinho, aquilo foi roubo para vocês. Lá no partido aquilo chama-se deslize. Deslizei um pouco. Só não desliza quem não trabalha! E aquele deslize melhorou muito a minha posição no ranking da moral e da ética dentro do partido. Aquilo contou muito na proposta. Há uma ética dentro da FRELIMO que é muito diferente dessa ética daqui fora. A nossa ética lá dentro não é como esta vossa cheia de mimimis. E a nossa ideia é impormos a nossa ética à sociedade.

 

- E, agora, assim, como é que fica?

 

- Com esse barulho que esses surumáticos levantaram, já não vão me colocar ali. Vão me dar um lugar melhor. Sobrinho, não te lembras que foi assim com aquele puto Filimão em Agosto do ano passado? Foi abandonado na Assembleia da República quando era para ser ouvido para o cargo de juíz Conselheiro do Conselho Constitucional. E hoje onde está? Tás a ver! O partido é assim mesmo, não gosta de poeira. Depois disso, vão me esconder num lugar qualquer... mas bom! 

 

- Mas então como classificas esses gajos da sociedade civil que estão a escrever cobras e lagartos a teu respeito?

 

- Apóstolos da desgraça!

 

Bati o último gole e fui-me embora antes que o Mahindra chegasse. Era dentro da boutique da Dalila, no mercado de Janet. Parece que só vende roupa e cabelos da Índia... também vende whisky e gin.

 

- Dona Dalila, vou te transferir Eme-Pesa. Peço mais um duplo para o tio Gugu. 

 

É sempre bom conversar com os mais velhos. Aprende-se muito!

 

- Co'licença!

Esta semana, a doutora Bia - investigadora e especialista em encriptação de dados (a pessoa que traduziu e codificou os resultados do estudo da Kroll) - manteve encontro com os alunos do Instituto Superior de Reintegração Social para se inteirar do curso das aulas. Depois de falar dos objetivos da visita e da missão e visão da instituição, pediu para que os alunos apresentassem as suas preocupações. Para a sua surpresa, ficou a saber que ainda há alunos que não conhecem nem um pouco da tabela periódica de gatunos de Nhangumele. Houve um grupo de alunos que quis saber quem era Newman, numa clara demonstração que não lêem apontamentos de Química. Ela ficou pasma!

 

Ela simplesmente respondeu que aquele não era o momento de revelar nomes de elementos químicos. Não era o objetivo da sua visita, mas avisou que, pela sua importância para o curso, certamente a matéria vai sair no exame. Por fim, recomendou aos alunos muita leitura, particularmente, à disciplina de Química.

 

Estranho, não?! Aliás, triste! Só hoje é que aparecem pessoas a quererem saber quem é Newman?! Newman mesmo?! Faxavor!!! Afinal, querem saber quem é Newman ou querem saber as suas características e propriedades químicas, como: carga atômica, configuração eletrônica, ocorrência na natureza, reação com outros elementos, etecetera?! Aí, sim! 

 

É que Newman é um dos elementos mais importantes da tabela de Téo a par de HoS e Chopstick. Não conhecer esses elementos químicos é o mesmo que não conhecer malta Oxigénio, Hidrogénio, Ferro, Zinco da tabela de Mendeleev. Na tabela de gatunos os elementos foram codificados e posicionados de maneiras que não se confundam e as suas evidências na natureza são perceptíveis. Téo evitou fazer uma tabela como a de Mendeleev onde Magnésio e Manganês se confundem e elementos como Actínio, Bário, Neónio, Tungsténio nunca se sabe bem bem onde se encontram na natureza ou para que servem. 

 

A tabela de Téo é clara e simples. A preocupação agora é saber com quais elementos Newman pode se misturar em reações de solução aquosa e de saponificação ou de hidrólise alcalina. Sabe-se que, possivelmente, uma reação com Chopstick pode resultar em trinitrotolueno, um composto altamente explosivo.

 

Não conhecer Newman é demais. Não é bom! As tantas o próprio Newman nem gramou de saber. Já chumbaram! Ou devem arranjar um explicador com urgência. "Quem é Newman?", logo para a diretora! Possas!!! É para o quê já?! Para ela pensar que "titxa" Boustani não deu bem aulas?! Há gajos abusados, sabe!

 

Mas, em todo o caso, quem estiver interessado é só pedir apontamentos ao colega Nhamirre. Ele não é do curso, mas participou dessas aulas, em particular, no âmbito dos créditos académicos da sua universidade. Há um outro jovem aí que  também participou, mas chegou atrasado... mas também eish... apontamentos dele erros só!!!

 

- Co'licença!

quinta-feira, 21 maio 2020 07:09

No dia do meu resgate

Dizem que o resgate dos dois empresários que ocorreu a luz do dia de ontem não foi recambolesca. Dizem que quem estragou foi a mana chefe dos serviços de investigação criminais que se fez ao local de soca de bico-fino, blusa de alça com renda, saia de cintura-baixa plissada e bolsa de grife. Queria-se um assalto com coletes à prova de balas, mísseis terra-ar, comandos, helicópteros. Um assalto à Chuck Norris e uma entrevista à Jorge Kalau.

 

Celebremos a vida, pessoal! Hoje por hoje que Moçambique virou um cocktail molotov altamente explosivo, em que até o próprio Estado tem a sua lista de destinos paralela a do próprio pai de Jesus, não podemo-nos dar ao luxo de querermos que seja o Rambo a nos libertar. Voltar com vida é tudo! Por mim, a directora da Polícia podia ter ido ao local com o próprio salão de beleza e boutique móveis, se quisesse. Podia até ter convidado a "Fashion Ti-Vi" para montar passarela no esconderijo e transmitir em direto. Eu só quereria sair vivo!

 

Celebremos a vida! Ninguém está a salvo! Isso não é novela só de empresários, nem de jornalistas, nem ativistas sociais, nem de observadores eleitorais, nem de académicos, nem de apóstolos da desgraça como eu. Isso é de todos. Há quem não teve a sorte de sair das mãos desse crime organizado com vida. Cardoso, Siba-Siba, Cistac, Vilankulo, Amurane, Matavele... a lista é gorda. Se ser resgatado com vida, mesmo com tarsos e metatarsos, carpos e metacarpos e fémures moídos já vai com muita sorte, imagina, então, inteiro?! 

 

Celebremos a vida, compatriotas! Não se sabe amanhã! Para falar a verdade, eu tenho mais medo desses esquadrões da morte do que da Covid-19! Não há máscara nem distanciamento social que os afaste. Quando esses gajos te querem, te encontram. A nossa fé é que calhemos com bandidos matrecos ou estagiários como aqueles que tentaram raptar o Matias. 

 

Celebremos a vida, irmãos! Só para vocês terem uma ideia: aqueles polícias que assassinaram o meu colega da Sala da Paz, Anastácio Matavele, têm um advogado de luxo pago pelo Estado. Um advogado que veio de Nova Iorque. Pois é! Leiam o número 1 do Artigo 83 do Estatuto da Polícia para entenderem melhor a história!

 

Excelentíssima Senhora Diretora da Antiga PIC, no dia do meu resgate, venha como e com quem quiser! Sugiro que, no lugar de tiros de A-Kapa-Eme, os policias lancem ao ar pétalas de rosas vermelhas como sinal de amor. Que se monte um scanner na entrada do quintal do esconderijo para detectar metais e engenhos perfuro-cortantes. O agente que tiver arma, baioneta, chamboco ou mesmo algemas não poderá participar do assalto. Que se convide o grupo Estrela Vermelha da Ilha de Moçambique para dançar tufu antes do assalto. Importa a vida.

 

- Co'licença!

segunda-feira, 18 maio 2020 07:19

O absurdo de uma reintegração desintegrada

É assim: quando uma pessoa faz uma coisa repetidas vezes, a pessoa se acostuma a fazer essa coisa e, mais tarde, essa prática torna-se hábito. Quando o hábito faz bem ao praticante e a terceiros, chama-se virtude. Temos como exemplo: amar, respeitar regras, não levar bens alheios, devolver o emprestado, ajudar, solidarizar-se, e por aí além. Quando o hábito é mau, chama-se vício. É por isso que o hábito de roubar, matar, estuprar, fumar, beber álcool, consumir estupefacientes, e outros são considerados vícios. Por fim, quando o hábito não é bom nem mau, é mania. Assobiar ao trabalhar, ler jornal enquanto caga, cantar quando cozinha ou toma banho, rir a toa, etecetera. Num português simples e pouco escolástico diria que este é o princípio da filosofia da vida. Talvez o embrião da ética. 
 
Há virtudes que são muito benéficas ao convívio humano que a sociedade as transforma em leis. Há vícios considerados tão prejudiciais à sociedade que viram crimes. E como a vida é dinâmica, a sociedade vai observando que há também algumas manias que vão-se tornando prejudiciais a convivência que, em determinadas épocas da vida, a sociedade as classifica de vícios. É o caso do bullying que até pouco tempo era troça - uma simples mania de algumas crianças. 
 
Ora, sendo Moçambique um país pobre, onde o Estado não consegue prover as necessidades básicas da população, o excesso de regalias, mordomias e benefícios dos gestores públicos e governantes pode ser considerado um mau hábito, portanto, um vício. Está mais do que provado que esses excessos não são bons nem para os beneficiários e, muito menos, para o povo contribuinte e eleitor. 
 
Em primeiro lugar, quero dizer que a iniciativa de reintegração dos deputados e dos ministros é pertinente e oportuna, mas peca na génese, objetivo, modelo e estratégia. Quando há um toxicodependente na família, ela [a família] se reúne e decide interná-lo para a sua reabilitação e posterior reintegração à família e à sociedade. Portanto, não é o próprio drogado quem decide se internar por sua iniciativa. Então, não devia ser o próprio deputado e ministro a desenhar o formato da sua própria reintegração. Não faz sentido! Não é de estranhar que eles decidam se encher de dinheiro. 
 
Num país pobre como o nosso, dar dinheiro a um ex-deputado ou ex-ministro para se reintegrar na sociedade é o mesmo que dar dinheiro a um toxicodependente para deixar de consumir cocaína. Isso não existe! O mínimo que pode acontecer é, neste caso, o viciado ir comprar a própria machamba e passar a fazer xima de cocaína com caril de haxixe acompanhado com salada de suruma.
 
Então, se concluirmos que ser deputado e ministro é viciante, temos, então, de assumir que o processo de reabilitação é penoso e doloroso. A desintoxicação chega a ser mais dolorosa do que o próprio vício. Usam-se camisas de força. Para o nosso caso, quiçá, a melhor forma de reintegrar essa gente seria colocar os gajos nas filas de consulta dos hospitais, deixar os gajos no empurra-empurra das paragens de chapa no fim da tarde, transportar os gajos nos "mai-love" durante semanas, entregar aos gajos as facturas de energia e água, deixar os gajos encherem "full-tank" de gasosa, etecetera. Isso, sim, valeria a pena! Levar o ministro do Interior e da Defesa a viajar via terrestre na zona Centro e ligar para tio Nhongo atacar os gajos. Levar os gajos a viver umas semanas em Quissanga e Mocímboa. 
 
Se reconhecemos que o excesso de regalias, mordomias e benefícios é um fator de desintegração social, então, definitivamente, oferecer dinheiro a esse tipo de desintegrados, como forma de reintegrá-los socialmente, é dos maiores absurdos da vida. Se foi o dinheiro que os desintegrou da sociedade, como é que o mesmo dinheiro [acumulado ainda mais] vai reintegrá-los?! Como é que se dá um saco de suruma a um surumático para deixar de fumar?!
 
Como é possível se reintegrar alguém com muito dinheiro numa sociedade onde o normal é viver sem dinheiro?! Isso é o mesmo que devolver o pássaro ao seu habitat dentro de uma gaiola ou devolver o peixe ao mar dentro de um aquário. Qual é a lógica, afinal?! 
 
- Co'licença!
sexta-feira, 15 maio 2020 06:28

Coisas que não cabem na minha cabeça!

Estamos a gastar balúrdios com túneis de desinfecção mesmo sabendo que é uma tecnologia que não foi cientificamente aprovada. Ou seja, estamos a usar o pouco dinheiro que temos, estamos a mobilizar os nossos já falidos empresários e parceiros de cooperação na compra e promoção de um produto que temos a certeza que não funciona. Isto significa que estamos a combater a Covid-19 com um recurso que não teve o "yes!" científico da Ó-Eme-Esse. Eu não entendo!

 

Afinal, nós não somos, então, os tais meninos finórios que só usam produtos cientificamente testados e autorizados?! Nós não somos os tais que estão na vanguarda da proteção da saúde do povo?! Nós não somos os que não arriscam?! Nós não somos os tais protótipos da qualidade sanitária?! Como é que os túneis escaparam da nossa qualidade científica?! 

 

Os túneis de desinfecção estão a ser diariamente inaugurados por governantes de topo. Ministros, secretários de Estado, governadores, edis e companhia estão a acotovelar-se para "desvirginarem" túneis e aparecerem no ecrã na hora nobre. 

 

Não percebo! Os túneis gastam energia, água e cloro (não tenho certeza se é esse o produto que se usa). Cada casota daquelas custa entre 80 à 200 mil meticais, dependendo do material usado. Portanto, um investimento caro e cientificamente ineficaz. Um produto mais caro do que o xarope de Madagáscar. O xarope de Andry Rajoelina é "mahala" e é fabricado à base de uma erva cuja eficácia no tratamento da malária e outras enfermidades é mundialmente reconhecida. O que significa que, se não cura a Covid-19, pelo menos, não mata. Estou a pensar empiricamente!

 

Trocando em quinhentas: não podemos usar o xarope GRATUITO porque a ciência não aprovou a sua eficácia, mas podemos usar um túnel ONEROSO, de eficácia duvidosa, sem aprovação da científica! 

 

Se a Ó-Eme-Esse é tão científica e preocupada com a promoção da qualidade sanitária global, por que é que não se pronuncia em relação aos testes contaminados que andam por aí, dos testes positivos feitos em animais e plantas na Tanzânia e das máscaras deliberadamente mal confeccionadas na China? Se há, de facto, interesse por parte da Ó-Eme-Esse em promover a cura global, por que razão, até hoje, não submeteu o xarope malgaxe à testes científicos e dissipar, de uma vez por todas, a dúvida?

 

O senhor ministro da Saúde pode explicar isso em centavos? Os tais gajos da Ó-Eme-Esse não sabem que estamos a gastar dinheiro com túneis? Disseram alguma coisa?

 

- Co'licença!

quarta-feira, 13 maio 2020 06:58

Um acórdão para acordar o velho Maleiane

É bom saber que o Conselho Constitucional teimosamente continua a declarar nulos os empréstimos contraídos pela nossa corja de gatunos de estimação em nome do povo. É bom saber que o Judiciário reconhece que o povo não deve pagar fiado que não contraiu. E é bom também saber que o povo está acordado e está a lutar pelos seus direitos.

 

Contudo, mais do que acordar e fazer "copy and past" de uma dúzia de termos jurídicos e untar com autógrafos da equipa de juízes, é preciso também que se faça um acórdão específico ao senhor ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane. Mais do que preciso é imperioso! É imperioso acordar esse velhote com um acórdão só para ele. 

 

Acabe-se de uma vez por todas a teimosia desse cota! Não seria necessário escrever muita coisa nem gastar o repertório vocabular jurídico. Era só escrever um parágrafo curto, claro, directo e grosso num vocabulário simples e com direito a um glossário no fim da página. Seria um texto mais ou menos assim: 

 

"Ouça cá, você Maleiane. Nós, Juízes do Cê-Cê, sabemos que você anda a pagar as parcelas das dívidas ocultas que nós já declaramos nulas. Pára já com isso, velhote! Deixa que os gatunos que as contraíram paguem eles próprios! Não sobrecarregue ainda mais o já sofrido povo moçambicano! Não nos aquece a cabeça, você! Quando Nyusi te mandar pagar, liga para a malta! Não seja empata-f*da, cota! Deixa o país desenvolver! Assinado: Lúcia, Ozias, Manuel, Domingos, Mateus, Albano e Albino".

 

E prontos!... e mandem para ele. E deve estar anexado ao acórdão uma foto de chamboco e Mahindra. Talvez assim o velhote atine. Um acórdão simples para uma pessoa também simples. Um acórdão para acordar Maleiane. O Estado não pode estar aqui a se esforçar em empurrar o país para frente e aparecer um velhote molengão a atrapalhar o curso das coisas. Não pode! Dizer que "este pagamento era um acto meramente necessário" soa a conspiração. O senhor Maleiane não pode estar acima da lei. Violou o acórdão número 5/CC/2019, que anula os empréstimos da EMATUM. Agora, se violar este também, chamboco e Mahindra com o velhote!

 

- Co'licença!

Para começar, gostaria de perguntar aos nossos juristas o que é que se pode fazer quando os eleitores se arrependem do seu voto. Ou seja, qual é a saída legal quando o povo se dá conta que foi burlado? Quer dizer, como é que a população pode-se livrar de um incompetente e preguiçoso? Quid juris, irmãos?
 
O que é que podemos fazer para tirarmos este velhote da presidência da autarquia? Quais são as saídas que a lei nos dá? Estamos arrependidos! O nosso castigo vai ser aguentarmos o velhote até 2023? Penitência, Jeová!!! Tem de existir algum artigo ou alguma alínea algures na constituição ou na lei eleitoral ou sei-lá num lugar qualquer. Tem de existir! A legislação não seria assim tão cruel connosco! Socorro! Alguém ajuda aí!?
 
É que, na verdade, se a cidade de Nampula não tivesse governo, estaria melhor do que está hoje. Juro!!! Vahanle só está a atrapalhar o desenvolvimento desta cidade. Está a retroceder. Quem não vive aqui pode pensar que isto é uma campanha de conspiração contra o governo autárquico, mas, nada! É verdade! Aliás, eu não tenho muita certeza que Vahanle existe de verdade, em pessoa, carne e osso e a viver aqui nesta cidade. Eu não acredito! É que ninguém vive aqui e fica satisfeito com o rumo que a cidade está a seguir. E não é possível que a cidade tenha um gestor a viver aqui, a respirar deste ar nauseabundo, sem que mova uma palha sequer.
 
Isto é burla das grandes, meus irmãos! Não é politiquice, estou a falar de banditismo a sério! E não pensem que isto é coisa da RENAMO, não! Eu tenho estado em Angoche e Nacala-Porto. Olha, Angoche está a crescer a olhos vistos. Jardins, parques, passeios e estradas de pavê surgindo. Uma equipa jovem, dinâmica e muito criativa. Uma equipa que sabe ouvir e acessível a qualquer um. Uma equipa muito humilde e trabalhadora. Parece mentira, mas não é! Nacala-Porto está aí ao seu ritmo, com uma equipa jovem comprometida com o povo. 
 
E nós aqui com o tio Patinhas, digo Paulo, professor e ex-deputado da Assembleia da República pela RENAMO. O retrato mais fiel da incompetência e da preguiça. Um homem rodeado por jovens inteligentes e audazes, mas que não os aproveita. Parece que Vahanle montou o seu próprio Gê-40 de puxa-sacos que o assessoram. Gajos que só sabem acariciar os berlindes do velhote com pluma de ganso a cada cagada que faz. 
 
Não sou uma pessoa de certezas antecipadas. Mas, posso dizer que, se Paulo Vahanle continuar até às próximas eleições autárquicas, será o fim da RENAMO no Norte. E se a FRELIMO apostar no atual Secretário de Estado, Mety Gondola, para a autarquia pode recuperar a cidade. Como sempre tenho dito, Gondola é dinâmico, pragmático e com muita energia que precisa de trabalho para fazer. Gondola precisa de mais espaço para se explorar mais e melhor. Aposto que no município faria muita diferença. É essa a conversa dos bastidores: Vahanle e RENAMO estão a ser cartas fora do baralho. Aliás, diz-se que Vahanle é o maior pecado da nossa democracia. Uma "granda" burla democrática!
 
Mas, dizia, qual é a nossa saída?
 
- Co'licença!
Eu penso que o grande problema dessa discussão sobre o xarope malgaxe que previne a Covid-19 não é a cientificidade do produto. Ou seja, a discussão não é sobre se o remédio é cientificamente provado ou não. O problema, quanto a mim, é aquele mesmo antigo: a ocidentalização do conhecimento. O problema é onde o remédio foi descoberto e quem descobriu e, acima de tudo, em que momento foi descoberto.
 
 
Se você entrar no Google e escrever "diabetes", "trombose", "hipertensão", "diarreia", "gengivite", etecetera, vão aparecer milhares e milhares de informações, entre causas, sintomas, prevenção e tratamento. Dentre as "prevenções" e "tratamentos" vão aparecer também os "caseiros". E, na verdade, quando você busca por tratamento na internet, você quer saber do tratamento caseiro, daquilo que você pode fazer em casa com aquilo que você tem em casa, que muitas vezes não está cientificamente aprovado.
 
 
É paradoxal um africano - particularmente um moçambicano - desacreditar numa cura não-científica quando no seu próprio país existe uma Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO), uma agremiação de cidadãos que tratam doenças por meio do conhecimento empírico legalmente constituída e reconhecida. Uma prática do senso comum milenar e aceitável. É paradoxal! Aliás, a maior parte das curas científicas são desenvolvidas a partir das curas tradicionais já existentes. Os xaropes e bálsamos de eucalipto, da moringa - só pra citar - já eram usados pelos nossos antepassados antes dos europeus industrializaram e enviarem em bisnagas estampadas com marcas. 
 
 
Hoje, tem pó de moringa nas farmácias, mas os nossos tetravôs já usavam antes mesmo do primo Vasco chegar às ilha. Hoje, tem pasta dentífrica de "miswak" nas farmácias, mas o "miswak" é uma raíz que até o profeta Maomé usava para escovar os dentes, segundo os "hadithes" alcorânicos. Eu reconheço, porque vi, a cura da asma e da trombose a partir de plantas não testadas cientificamente. 
 
 
Então, eu acho que no fundo no fundo o problema da "Covid Organics" é por ter sido descoberto por um africano, em África (logo, numa ilhota mal afamada) num momento crucial como este de grandes concorrências de patentes da indústria farmacêutica. O problema desse xarope é tentar puxar o conhecimento do seu "merecido" e " inquestionável" lugar. O problema é tentar colocar o conhecimento na periferia. O problema não é a sua cientificidade. Até porque a verdadeira ciência reconhece o conhecimento empírico e o senso comum, tanto é que são matérias do seu estudo. A verdadeira ciência reconhece o lugar e o valor do conhecimento empírico e do senso comum. Sabe que é a partir dele [do não-científico] que ele [o científico existe] existe.
 
 
Podemos até duvidar do xarope do "Di-Djei" (é um direito), mas não devemos desacreditá-lo. Se não der 100 por cento certo não há problema. Pois, há "remédios científicos" que também não são 100 por cento eficazes, mas vão se estudando e melhorando aos poucos. Aliás, tem até remédios que foram descobertos acidentalmente em laboratórios, e hoje são celebrados com pompa no mundo inteiro. 
 
 
Eu penso que este pode ser a causa da fuga de cérebros africanos para a Europa: o descrédito das suas descobertas quando são feitas fora do Ocidente e até do Oriente. Eu duvido que teríamos a mesma dúvida se esse xarope tivesse sido produzido por um curandeiro japonês a partir de ervas aquáticas ou por um bruxo australiano a partir de fezes de canguru. Duvido! 
 
 
Para ser sincero, eu tenho muito medo da indústria farmacêutica que chega a matar mais do que a de armamento. É a pior que existe, infelizmente! 
 
 
- Co'licença!
 
 
segunda-feira, 04 maio 2020 07:02

Celebrar Dhlakama aos prantos

Esperava eu, por estas alturas, que estivéssemos a celebrar o General Afonso Dhlakama com obras. Que estivéssemos a dizer que graças ao Líder fizemos isto e aquilo. Que estivéssemos a exibir os frutos dos seus ensinamentos. Que estivéssemos a mostrar o que dele e com ele aprendemos. 
 
 
No dia do seu funeral, há precisamente dois anos, eu dizia que "a um mentor não se chora". É "malavi" chorar-se um líder que partiu para o eterno repouso. É "massinguita" sair aos prantos chorando a merecida partida de um instrutor. É um insulto à sua mestria. É desmecerer a sua liderança. É um manguito à sua doutrina. Então, a sua vida e obra não terá válido "nhente". Os seus ensinamentos terão caído em solo árido. A sua semente terá sido estéril.
 
 
Recebi ontem um comunicado que se diz ter sido da RENAMO e assinado pelo seu presidente, Ossufo Momade. Uma lástima! Um festival de lamúrias e choros. Um desfile de sonhos e "quisências". Toneladas de nadas. Cobardia no seu mais alto nível.
 
 
No tal comunicado, Ossufo Momade está aos prantos, literalmente. A dado momento diz qualquer coisa como o sonho de Dhlakama de ver um Moçambique desenvolvido e igual para todos foi roubado pela FRELIMO. Diz também que a FRELIMO traiu o sonho de Dhlakama ao roubar votos dos seus candidatos a governadores. Ossufo Momade diz isso e não apresenta uma só linha de projecto para realizar o sonho do seu mestre. Diz ele que em 2024 vai conseguir eleger Administradores Distritais, mas, na prática, não se vê nada.
 
 
Ossufo Momade esqueceu-se de mencionar aqueles pupilos de Dhlakama, assim como ele, que quando têm oportunidade de realizar o sonho do seu mentor não o fazem. Falo daqueles que, quando chegam ao poder, simplesmente dormem. O senhor Paulo Vahanle, por exemplo. O pai da incompetência. 
 
 
Eu diria que ainda bem que Afonso Dhlakama não está vivo para ver esta vergonha. Se Dhlakama estivesse vivo, não estaria mais vivo. Teria morrido de vergonha e decepção. Teria notado a profundidade dos vossos estômagos. 
 
 
Continuem com os vossos prantos hipócritas! Continuem chorando da varanda das hospedarias da Sommershield! Continuem se encharcando em lágrimas postiças! Continuem esfaqueando Dhlakama! Continuem com o vosso teatro mal ensaiado! Um dia a cortina vai fechar! 
 
 
- Co'licença!
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