Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI

Blog

segunda-feira, 30 novembro 2020 06:36

Aos empresários eleitores da Cê-Tê-A

Eu espero, sinceramente, que aquele ambiente de civismo que marcou o dia da submissão das candidaturas seja, de facto, o ambiente realístico da Cê-Tê-A. Que aquela fineza dos mandatários das duas listas não seja apenas para sair bem na foto ou na tê-vê. Espero que o ambiente seja mesmo de paz e alegria. 
 
 
Espero que não haja candidato de primeira ou de segunda; de gema ou de clara. Que não haja lista que se auto-intitula mais legítima e mais original que a outra. Que não haja lista que persegue os apoiantes e simpatizantes da outra lista. Que não haja ameaças e nem intimidações. 
 
 
Espero que neste processo eleitoral não haja aproveitamento político. Apesar de ser de interesse de todos, que este processo termine dentro da agremiação e que não vá ser resolvido no partido. Que não haja candidato protegido pelo partido no poder que ponha em causa a simpatia político-partidária do seu adversário. 
 
 
Do fundo do meu coração, espero que estas eleições da Cê-Tê-A sejam livres, transparentes e justas. Que os apoiantes de cada lista estejam a fazê-lo de livre e espontânea vontade. Que não haja uma lista que recolhe 'cartões de eleitor' dos membros na calada da noite. Que não haja candidato que liga aos membros fazendo ameaças e prometendo consequências caso ganhe sem o seu apoio. Que se deixem os eleitores reflectirem em paz até ao dia da votação. Que cada um vote a sua consciência.
 
 
Eu juro que espero que não se perca a cordialidade que caracteriza os verdadeiros empresários. Quem tem contas a ajustar com Salimos ou Parte Cocos da vida que o faça lá fora da Cê-Tê-A. Que não traga as suas frustrações para este processo. Que não misture assuntos. Que não veja fantasmas onde não tem. 
 
 
Eu espero, efetivamente, que se mantenha o civismo. Que cada candidato conquiste o voto dos seus pares com a devida etiqueta de gente cultivada. Nada de jogo sujo. Nada de boçalidades. Nada de truques. 
 
 
A Cê-Tê-A é um espaço nobre (ou pelo menos devia ser!). É um espaço onde deve reinar o companheirismo. Um espaço onde cada um deve ser parceiro do outro. Onde o crescimento de um deve ser o crescimento do outro e o crescimento de todos. Ninguém conhece melhor os problemas da Cê-Tê-A do que os seus membros. Ninguém conhece melhor as soluções do que os seus membros. Ninguém conhece o melhor candidato do que os seus membros. 
 
 
Por isso, aproveitem estas duas semanas, antes do dia da votação, para fazerem uma reflexão profunda sobre onde estão e onde querem chegar. Perguntem-se se, hoje, estão no lugar que vos merece e que sonharam. Perguntem-se se foram capazes de discutir os assuntos que deviam discutir e da maneira que deviam discutir. Façam uma introspecção séria e honesta. Vocês se conhecem. 
 
 
Se auto-avaliem e votem de consciência tranquila! Repito: nada de trafulhices! Vocês são melhores do que isso. A propósito, aquele 'empresário' que queria usar as nossas poupanças para comprar bilhete turístico à Pemba para a sua amante foi visto como mandatário de uma das listas. Ai, se o povo votasse!
 
 
- Co'licença!
 

Este espaço é oferecido pela:  

   

No entanto, seu conteúdo não vincula a empresa.

A euforia, a alegria, o riso espontâneo e a sensação de  relaxamento são alguns dos efeitos atribuídos ao consumo da cannabis sativa, vulgo marijuana/suruma, fumada com um charro ao estilo de cigarro e feito à mão. Há dias lembrei-me destes efeitos enquanto lia um texto sobre Diego Armando Maradona, o El Pibe, escrito por ocasião da passagem do seu 60º aniversário celebrados no passado dia 30 de Outubro. Da lembrança conclui, e não sabia,  que nos anos da adolescência correu-me pelas veias a adrenalina do melhor charro do mundo: o indelével  charme do futebol do El Pibe.

 

Nesta quarta-feira,  o El Pibe partiu. Partiu ao encontro de Deus, um velho conhecido que lhe emprestara a mão para fazer um mágico golo no mundial de futebol México-86, o mundial de Maradona cuja equipe, a Argentina, eu nem apoiava, mas era e serei eternamente, como tantos pelo mundo fora, um leal adepto do El Pibe. É a segunda vez que ele parte. A primeira, e não física, foi quando da sua despedida dos campos e desde então o mundo deixou de saborear o melhor charro do universo e só, e apenas, ocasionalmente para o delírio de quem matava saudades dos efeitos atribuídos a cannabis sativa.

 

E tal como acontece com a cannabis sativa, cuja venda e consumo é crime em alguns países, incluindo Moçambique, e em outros como a Holanda, está legalizada, em torno de El Pibe também pairou muita controvérsia, sendo uma delas a de saber se o El Pibe é ou não o melhor futebolista de sempre. Alguns alegam que a qualidade dos seus dotes dependia do vício de outros tipos de charro. Sobre tal, alguém respondeu nos seguintes termos: “Fumem todos (os jogadores) e vamos ver se fazem o que Maradona faz”. Do próprio El Pibe, o acórdão: “Imaginem-me sem a droga, o quanto teria sido melhor”.

 

EL PIBE DE ORO, ÉS O MELHOR DE SEMPRE! E na hora de despedir, a minha solene vénia diante do indelével charme do teu futebol, o meu charro da adolescência. Um charro diferente, exclusivo e terapêutico. Um charro  que duvido que tenha sido enrolado por mãos terrenas. Porventura, um charro de outra galáxia e para onde Diego Armando Maradona regressa.

 

Saravá El Pibe!

Situados entre os decisores e os cidadãos, os organismos intermediários (sindicatos e associações) continuam a ser actores fundamentais na vida social e democrática de vários países. Asseguram simultaneamente uma solidariedade de proximidade que o Estado ou as autoridades locais não sabem organizar ou não querem organizar e, para alguns, um papel de contra-poder capaz de criticar o poder a nível local, regional e nacional e de propor soluções alternativas (Fardeau, 2016).

 

Tradicionalmente – de Maquiavel para Gramsci, passando por Rousseau, Hegel ou ainda Marx – a filosofia política define como sociedade civil tudo o que não é sociedade política formal. Para além das grandes diferenças entre estes pensadores (a sociedade civil como base do Estado ou contra o Estado), ela engloba, portanto, toda a cidadania, que não é nem o nosso objectivo nem o problema a enfrentar.  A dispersão de vocabulário e o que as palavras cobrem é sintomático da imprecisão em que nos encontramos. Os franceses falam ‘société civile’ – onde fazem referência para uma sociedade cívica –, da sociedade civil organizada, do movimento associativo. Os ingleses vão referir-se em ‘civil society’ – mas com um enfoque no que chamamos um movimento associativo, aplicando assim o nosso vocabulário mais amplo à mais estreita das realidades. Noutras esferas, mantemo-nos num terceiro sector, um intermediário entre a política e o mercado. Contudo, não cabe aqui tentar definir o que seria a sociedade civil. Aliás, desprovido de consensos e clareza, seria um exercício interminável procurar fazê-lo.

 

No caso moçambicano, naquilo que preferimos designar como ‘sociedade civil fresca’ (início do século XXI), provavelmente o Professor António Francisco seja dos poucos que, com alguma regularidade, tenha tido interesse em reflectir sobre os caminhos da sociedade civil no país (*em 2003, Mazula e Mbilana escreveram sobre o papel das organizações da sociedade civil na prevenção, gestão e transformação de conflitos; *em 2004, Negrão falou da relação entre o ‘Norte’ e a sociedade civil em Moçambique), mesmo considerando que vários sejam os relatórios sobre organizações da sociedade civil/balanços de projectos que são hoje produzidos. Recuemos, porém, para o ano de 2007 quando, através de um ‘’Índice da Sociedade Civil Moçambicana’’, António Francisco coordenou uma equipa de pesquisa, em que com base na conjugação dos múltiplos resultados, concluiu que a sociedade civil moçambicana é globalmente fraca, nas suas quatro dimensões: estrutura, ambiente, valores e impacto. A pontuação rondava em 1, o representava um valor abaixo do médio, na escala de classificação de 0 a 3 pontos. Depois seguiu-se o ano 2010, através dos habituais livros do IESE ‘Desafios para Moçambique’, onde voltou a discutir expectativas e desafios da sociedade civil em Moçambique (*em 2015, a Altair Asesores e da Agriconsulting SL fez um amplo estudo de mapeamento de organizações da sociedade civil de Moçambique).

 

Recentemente, em Setembro de 2019, Francisco traçou um provável perfil do que seria então a sociedade civil moçambicana, tendo postulado três dimensões: (1) violenta – aquela que seria revoltada, frustrada e acima de tudo intolerante ou mesmo criminosa; (2) servil – estaria subjugada, bajuladora, ou por outra, corrupta e fingida; e por fim (3) inovadora – que pauta pela coragem, honestidade, e acima de tudo responsável. Para o autor parece ser difícil pensar a sociedade civil em Moçambique nas modalidades actuais, dado que numa sociedade com fraco desenvolvimento humano, económico e institucional, dificilmente pode ser gerada uma sociedade civil forte, mais progressiva do que regressiva, mais construtiva do que destrutiva. No campo da confiança, avança que a descredibilização da sociedade civil deriva de culpa própria, mas não só, pois tal confiança não se pede, nem se compra. Conquista-se – pela credibilidade, autoridade e respeito, sendo que há duas vias como solução: maior carácter, integridade e dignidade; e aumento de competências, técnicas e educacionais, dos seus membros, líderes e gestores.

 

Sobre isto, recordamos as recentes palavras de Joseph Hanlon (23.11.2020) que, em seu habitual ‘boletim político’ (número 258), chega mesmo a dizer que ‘’a sociedade civil de Maputo, financiada por doadores, normalmente limita-se a emitir declarações, as quais são ignoradas. Não há grandes protestos de rua por causa de eleições fraudulentas, como na Bielorrússia’’. Para Hanlon (idem), as eleições já foram importantes, mas já não são tratadas com seriedade. Nunca houve uma oposição política séria. As agências doadoras estão agora mais interessadas no gás e no investimento, do que na governação e não protestaram seriamente contra as eleições de 2019. Finalmente, a Frelimo tem tido o cuidado de manter a classe média de Maputo confortável para não protestar como na Bielorrússia. A desigualdade, a pobreza e a raiva contra a Frelimo ferveram em Cabo Delgado, levando à actual guerra civil. Mas isso fica a 1800 km de Maputo e a Frelimo pode ignorar as raízes locais e culpar o Estado islâmico (ibidem). Por outro, existe quem pense que o problema da sociedade civil moçambicana seja transformar os nossos problemas que são de carácter eminentemente político em técnicos. Macamo (2019) diz mesmo que quando é assim a participação política não conta, a articulação de interesses não conta, o que conta é fazer a coisa tecnicamente certa. E é isso que as nossas organizações da sociedade civil fazem, e infelizmente não têm consciência que estão a despolitizar completamente o país.

 

Chegados aqui, provavelmente tenha ficado claro que a nossa opinião surge como um inacabado e obsoleto contributo para pensarmos uma possível sociedade civil em Moçambique, diante dos últimos posicionamentos que sugerem um ‘’ambiente turvo’’ face ao processo de escolha de membros que deverão perfilar na próxima Comissão Nacional de Eleições. Ora, se notarmos as propostas avançadas por Francisco no capítulo da confiança, perguntamo-nos até que ponto estamos diante de organizações que, ao exigir integridade e transparência nos órgãos eleitorais, são, per si, modelos para ser seguidos? Até que ponto outorgar-se como a ‘’voz dos outros’’ não é uma forma de justamente apoderar-se da fala dos demais? Que perfil de facto exigimos das nossas organizações da sociedade civil para ‘’cimentar’’ a confiança diante dos representados? Que relações podemos estabelecer entre o representante e o representado num clima de constante crispação social, o que ultrapassa tais organizações? Estaremos diante de um problema de ordem técnica (transparência deste ou aquele órgão), ou em presença de um problema político? Mas entre o tempo técnico e o tempo político, o que pesa de facto –, o que deve ser tido como prioridade? Ou por outra, que sociedade civil pode ser pensada fora da órbita do ente que governa Moçambique – uma ruptura em continuidade?

 

Por fim, talvez fosse necessário trazer alguns dados que temos estado a tentar compreendê-los no campo da cidadania e participação, realizados pelo Afrobarómetro, entre 2002-2018 (amostra – 8590 inquiridos – 50% mulheres, 50% homens – todas as províncias):

  • Quando foi questionado quantos cidadãos faziam parte de uma associação de índole não partidário, 73% disse que não fazia parte de nenhuma;
  • Quando perguntado quantos já teriam contactado um deputado, 91% disse que nunca o havia feito;
  • Quando demandado quantos já teriam contactado um partido político, 80% disse que nunca o tinha feito;
  • Quando inquiridos quantos já teriam contactado um líder tradicional, 63% disse que nunca o fizera antes;

 

Em progressão...

quinta-feira, 26 novembro 2020 08:06

Os farejos dos “cães de guerra”

Lá nas bandas de Quissanga, na martirizada província de Cabo Delgado, os narcos foram "legalizados". Os tipos circulam à vontade, enquanto isso, o povo luta para chegar às zonas seguras; eles carregam suas mercadorias, organizam nos carros e zarpam livremente. Estranhamente, ninguém lhes fiscaliza e nem os ataca, sejam militares, assim como, terroristas. Quando chega a hora de escoar o produto, há um acordo de não-agressão entre eles.

 

A rota que já era usada há anos, agora foi totalmente legalizada. O local é um matador de gente estranha e metida a investigador. As coisas por lá funcionam que nem em Sinaloa de El Chapo  e os corredores de Medile de Escobar.

 

O acordo de livre-trânsito permite que mais cães de guerra surjam. As guerras em Moçambique criaram muitos the dog of war, não é em vão. Com extorsões de camionistas e passageiros que circulam pelas estradas nacionais, acabando por ser alvo todo aquele que não coopere com os mesmos. Os vendedores de armas alegram-se com a sanha assassina da guerra. Para eles quanto mais perdura uma guerra melhor é. 

 

As províncias de Cabo Delgado, Manica, Sofala e Maputo estão banhadas de cães de guerra, outros sentados nos escritórios e mansões na capital e os uns fazendo as coisas acontecer ao longo das Estradas Nacionais (EN 1, 7 e 380).

 

Os cães de guerra se beneficiam de tudo, até de raparigas, jovens ou mulheres carenciadas e desprovidas de tudo. Eis que "homens predadores" chegam e que dão produtos alimentares em troca de sexo, quando há resistência não te apoiam. Os cães de guerra beneficiam-se dos choros e das mortes dos inocentes. Fecham grandes negócios por cima do sangue e da morte do povo inocente. Alimentam as partes beligerantes de um conflito para continuarem a comer mais. 

  

Os cães de guerra farejam tudo, até a desgraça do povo. Que o diga os deslocados de guerra em Cabo Delgado, Manica e Sofala, que de números que são apresentados, contas de particulares engordam. Mansões, carros, fatos bonitos e de último grito são adquiridos pelo suor de apoio e campanhas sem fins feitas em nome de quem mais precisa. Os proprietários de carros e barcos, estes especulam preços de transporte, levando crianças, mulheres, homens desprovidos e velhos a caminharem por longos dias para chegar a um local seguro.

 

Os cães de guerra não conhecem filantropia, altruísmo, dor, amor ao próximo e muito menos sofrimento. O cão de guerra fareja tudo. Ama a guerra. Ama a violência. Os cães de guerra interrompem sonhos de adolescentes e jovens iludindo-os, fazendo-os acreditar que queimando casa do pobre povo, decapitando e bebendo o sangue do outro é sinal de lutar por uma causa justa. 

 

Em todas as guerras, surgem the dog of war e em Moçambique são vários e estão presentes em tudo que é sector-chave da sociedade: político, económico, religioso e cultural. Todos eles atrás do dinheiro sujo. Cães de guerra são mafiosos que fazem de tudo para terem dinheiro através da violência armada e excessiva. Raptos, extorsões e assassinatos. Queremos que a guerra acabe, disse um ancião ao Presidente Nyusi em Macomia! Quem sabe assim, os cães de guerra desapareçam... 

quinta-feira, 26 novembro 2020 06:06

A única vez que Chang tentou ajudar

Voltemos um pouco no tempo. Era 2015. Não sei se vocês se lembram... quando Manuel Chang se candidatou à presidência da Federação Moçambicana de Futebol? Alguém se lembra? Pois é! Aquela deve ter sido a única vez na vida que Chang tentou nos ajudar e nós não entendemos. É preciso não esquecer que o elenco de Chang era composto por Tico-Tico, Arnaldo Salvado, Tony Gravata, Altenor Perreira, Cremildo Gonçalves, etecetera - verdadeiros homens do nosso futebol. E Chang foi o primeiro a apresentar candidatura naquelas eleições.

 

Pessoal, talvez o nosso futebol não estaria essa porcaria que é hoje. Talvez estaríamos muito avançados. Naquela altura, Chang já tinha roubado esse todo dinheiro que hoje se fala. O gajo estava cheio de tako. Estava 'chê-da-mola'. Chang já nos tinha enfiado abacaxi e queria gastar o dinheiro no futebol. Vai ver que era uma forma inteligente de nos fazer curativo! Talvez era a tão desejada vaselina.

 

Fomos muito atrapalhados! Nem quisemos ouvir as reais intenções do Chang. Com o dinheiro que Chang tinha naquela altura, talvez, hoje, teríamos um estádio olímpico para cada agregado familiar. Talvez a ideia de Chang fosse massificar de verdade o nosso futebol onde cada casa teria o seu próprio campeonato. E do jeito que aquele homem é mafioso, talvez hoje Moçambique já estaria no Mundial 2022 de Quatar a espera dos outros se qualificarem. Nós já estaríamos lá como co-organizadores e a vendermos bilhetes. Também acho que Nhangumele e Boustani já teriam levado a taça para Moçambique. As equipas só iam jogar por jogar. 

 

Irmãos, não aproveitamos o Chang! Naquela altura, Chang falava da necessidade de criação de um 'Observatório de Futebol' que se reuniria anualmente para decidir sobre os problemas do nosso futebol. Vejam só: 'observatório'! Coisa de ricos. Hoje, não estamos a jogar o Moçambola porque é capaz de chover... um dia desses. Pobrice! Provavelmente, hoje seríamos o país com mais bolas per capita. Chang já tinha notado que o maior problema deste país é a falta de bolas. 

 

Enfim, talvez a salvação do nosso futebol esteja ali nos calabouços dos nossos cunhados e nós aqui 'a se arrependendo' com malta Simango e Sidat. É isso: a única vez que Manuel Chang tentou nos ajudar mandamos o gajo pentear macacos - e ninguém tem coragem de falar disso. Talvez Chang não seja tão ruim assim. O desporto muda as pessoas. Talvez o futebol seja mesmo a paixão dele. Hoje, teríamos bolas, certamente! Caso para dizer que o nosso futebol está preso.

 

- Co'licença!

 

Este espaço é oferecido pela:  

   

No entanto, seu conteúdo não vincula a empresa.

quarta-feira, 25 novembro 2020 13:41

Afinal o que será que Deus pôs ali?

O título é uma ligeira adaptação de um trecho de  uma música doce do cantor brasileiro Djavan e vem a propósito do que se acompanha na imprensa sobre uma (suposta) guerra entre organizações da sociedade civil pelos lugares que a cabem na Comissão Nacional de Eleições (CNE). Pelo histórico é uma rixa periódica, normalmente, salvo erro, de cinco em cinco anos. Agora a curiosidade é a de saber sobre o que tanto de doce tem a CNE? A curiosidade ainda adensa  quanto a razão da guerra e se ela existe por que não evitá-la?  

 

A dita guerra foi acirrada por uma  decisão da Assembleia da República que marcara  o tempo oficial de 15 dias de entrega de candidaturas para os cargos em pauta. Uma parte da sociedade civil quer que se avance para a entrega e uma outra não concorda e quer que se adie e, ainda, que antes haja um debate público sobre as regras, pois, e o tempo testemunha, o actual modus-operandi não passa de um exercício que só alimenta cada vez mais a desconfiança e a fertilidade da cooptação. De resto, em conta-corrente, é muito estranho que se faça tanto alarido para ser parte de um órgão que a mesma sociedade civil, e não só, rotula-o de parcial, manipulável e ao serviço de um determinado partido.

 

Neste contexto, que  saídas? A renúncia geral definitiva pode ser uma boa e pacifica saída. E que as partes desavindas proponham como alternativa um concurso público aberto a candidatos singulares, desde que  reúnam os requisitos e a altura da competência e idoneidade  exigidas. Aliás, havendo alguma guerra a ser feita que seja dirigida para a definição dos requisitos dos candidatos a título singular  e do respectivo processo de selecção. Não seria esta uma simpática saída? Sobretudo, e apenas, quanto ao preenchimento dos lugares da sociedade civil.

 

Infelizmente (e para qualquer mudança), o tempo dos 15 dias já se esgota.  O mesmo com o tempo deste texto, e com a sensação de que teria sido melhor gasto a ouvir Djavan. E para quem leu até aqui, certamente que também pergunta: Afinal o que será que Deus pôs ali (na CNE)? Djavan até que vai mais longe quando a dado momento canta: “Por que  será que Deus pôs ali.”