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quinta-feira, 11 novembro 2021 08:01

O espinho do peixe pedra na garganta…

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Era uma vez … em Malema, no posto administrativo de Mulela, no distrito costeiro de Pebane, na província da Zambézia. Certo dia, três garimpeiros foram mortos a tiros. A informação que foi disponibilizada ao público é de que garimpeiros haviam assaltado os seguranças da companhia que explora os recursos na referida região e se apoderado das armas de fogo. Informada sobre a situação, a polícia dirigiu-se àquele local no intuito de conter os ânimos e acabou havendo uma troca de tiros que culminou em baleamentos e mortes…até aqui, a estória estava bem contada!
 
 
Entretanto, como todos sabem ou pelo menos para aqueles que já se deliciaram do mesmo, perceberam que o sabor do peixe pedra é divinal, mas caso o espinho venha a parar na garganta, aí meu Deus! A dor é infernal. Foi o que aconteceu em Malema. O espinho do peixe pedra parou na garganta. Ora vejamos o que contam as boas línguas que acompanharam e assistiram todo o enredo.
 
 
É que, no dia 03 de Novembro de 2021, a direcção da companhia chega à mina e, durante a sua fiscalização, apercebe-se de que existiam áreas atribuídas a si que haviam sido escavadas sem o seu conhecimento. Preocupada com a situação, a direcção convoca uma reunião extraordinária com todos os guardas no intuito de perceber o que havia acontecido. Na reunião decide que era importante localizar quem havia feito aquilo. Mobilizada a força, dá-se conta de que a três quilómetros da área concessionada à empresa de capitais estrangeiros, havia uma mina artesanal onde cidadãos locais se dedicavam à actividade de garimpo (…)!
 
 
Chegando ao local, os seguranças procuram tirar satisfações com os garimpeiros. Como o diabo age nas horas de tensão, foi exactamente neste momento que, irritados com o nível de respostas, os seguranças manipulam os canhangulos e atiram contra quatro pessoas, tendo perdido a vida uma pessoa no local e duas posteriormente. A situação agitou a zona toda. Sem poder de reacção face à fúria popular, é convocada a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) para o local juntamente com o seu Comandante que, segundo as boas línguas, foi massageado pelos chinocas no intuito de construir uma estória para o boi dormir e a culpa morrer solteira.
 
 
Com a massa na mão e distribuída para a brigada toda, surgia o protagonismo do Comando Provincial da PRM na Zambézia de que houve troca de tiros entre os garimpeiros e os agentes policiais e que, em defesa do Estado e do princípio da Legítima defesa (LD), conforme emana o artigo 337º do Código Civil e o artigo 185 do Código Penal de 2019, que versa sobre a questão da LD, os policiais acabaram atirando para matar e querendo ser herói da circunstância e animados com as notas que já não cabiam no bolso e na cadeira do boss da operação, a informação foi de que morreu uma pessoa e os restantes ficaram feridos e outros foram detidos!
 
 
Hum, face a isso, como ficamos então? Engolimos a versão da polícia e pronto, caso encerrado? Ou as organizações dos direitos humanos "independentes" vão ao campo aferir o que de facto aconteceu em Pebane? Porque, de facto, está difícil engolir este espinho do peixe pedra!!!
 
 
 
 
 

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