Medellín é uma cidade colombiana, a terra onde reinou o famigerado narcotraficante de todos os tempos, Pablo Escobar. Lá, morrer por bala perdida não era ou não é problema. Em tempos, andar pelas ruas de Medellín e chegar com vida em casa era demasiado sortudo. É o mesmo que acontece em alguns Hospitais da Pérola do Índico, caso estejas doente ou em serviços de pronto socorro. A diferença é que lá morriam por bala perdida e aqui é por vontade perdida de alguns profissionais de saúde.
Não sei porquê, mas parece que ficamos satisfeitos em apresentar estatísticas de maior número de óbitos ao invés de pacientes que chegaram graves e melhoraram. Assim, considero que seja importante repensar nas nossas estatísticas! E aliado a isso, aos nossos Hospitais, onde por um mau olhar pode ser prenúncio de uma eutanásia ilegal, que devido a este espírito Medelliano dos tempos de Escobar, dia após dia, acompanhamos pessoas a morrerem ou sendo tratadas como experimentos laboratoriais.
Alguns Hospitais de Moçambique são autênticas ruas de Medellín, embora lá fossem balas ou bombas que tiravam a vida, aqui é a negligência, corrupção e incompetência que te atiram a sete palmos do chão, porque para alguns profissionais do sector, o maior valor não é a vida, mas sim o dinheiro!
Nos corredores das salas de parto, quantas mulheres deixam, diariamente, o mundo dos vivos pela vontade perdida da Enfermeira ou do Médico, como se de bala perdida se tratasse. Que o digam as famílias das mulheres que tombaram nas salas de parto de Lichinga, Nampula, Pemba, Quelimane, Beira, Matola ou Cidade de Maputo.
Aliás, que o digam também as jovens mães que vêm o seu sonho ir embora porque não tiveram 500 Meticais para pagar ao sistema de corrupção estabelecido em alguns Hospitais em situação de ameaça de um aborto – é mesmo Medellín, a diferença está no mecanismo usado para que a pessoa morra ou tenha sequelas graves!
Ademais, neste tempo da pandemia da Covid-19, a situação piorou, pagas por tudo e mais nada – o sistema sofisticou-se, paga-se para ter espaço no respirador ou aparelho de oxigênio. Se o bolso não pesa, meu amigo e minha amiga, sem demora, o teu corpo é que irá pesar no saco da morgue, e de lá para o caixão.
Portanto, há que colocar um ponto final nos funcionários dos Hospitais de Medellín, que circulam pelos corredores vestidos de cores de paz e esperança, enquanto, na verdade, adoram a cor do diabo e seus hábitos, ver as pessoas a definharem no Banco de Socorro, por não terem dinheiro, ao passo que ele, finge trabalhar, com uma caneta e um papel, para preencher os dados e depois, de forma manhosa, soltar: “Espera, o Doutor está a vir!” Na verdade, o referido Doutor encontra-se a dormir ou a amantizar com uma colega na cama onde deverias estar!
Quem nos pode responder: Quantos morrem, por dia, nos corredores dos nossos Hospitais, que se transformaram em ruas de Medellín nos tempos de Escobar!?
“O nosso maior valor é a vida” – Lema do nosso Ministério da Saúde... Que seja mesmo e não o dinheiro...!