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quinta-feira, 08 abril 2021 13:17

A Josina que suas irmãs fingem conhecer

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As irmãs da Josina fingem conhecê-la e reclamam por capulanas para celebrar!

 

Afinal, o que realmente as irmãs da Josina celebram no dia 7 de Abril?

 

A Josina Machel que hoje celebram, aos 7 anos iniciou os seus estudos, a 1ª classe, em Mocímboa da Praia, o local do primeiro tiro dos insurgentes, a 5 de Outubro de 2017, onde ainda hoje clama pelo socorro das mulheres e homens moçambicanos.

 

A Josina que hoje celebram juntou-se ao Núcleo dos Estudantes Africanos Secundários de Moçambique (NESAM), onde desenvolveu a sua consciência político-cultural para lutar por Moçambique e libertar o País do jugo colonial português.

 

Aos 18 anos, Josina abandou o solo pátrio para Tanzânia e Zâmbia. Pelo caminho, foi presa, e em seguida, malandramente deportada; ainda jovem, era espionada por Polícias coloniais por causa das suas aventuras político-culturais movidas pela então Frelimo (de todos) contra a opressão portuguesa.

 

Aos 19 anos, Josina abandona o Moçambique para Suazilândia, onde foi acantonada num centro de refugiados; pouco tempo depois, com ajuda de um Pastor Presbiteriano, ela refugiou-se para África do Sul, e depois para Botswana, onde foi considerada ‘visitante indesejada’ e pelo governo Britânico, deportada.

 

Graças a Eduardo Mondlane, que convenceu aos Britânicos, Josina é enviada a Zâmbia e, depois, para Tanzânia, seu Centro de Formação político-militar, onde se tornou mulher Moçambicana, mesmo fora de Moçambique, tudo por conta da libertação do seu povo.

 

Aos 20 anos, Josina assiste Janet Mondlane, esposa de Eduardo Mondlane, no Instituto de Moçambique, para treinar seus irmãos e irmãs para o alcance da independência nacional.

 

Aos 21 anos, Josina abandona uma Bolsa de Estudos para Suíça e junta-se ao Destacamento Feminino, onde teve formação político-militar para melhor enquadramento na luta de libertação nacional.

 

Em tempos de guerra, Josina cuidava dos feridos, órfãos e de crianças abandonadas; fazia de tudo para lhes fornecer apoio médico, moral, educacional, social.

 

Aos 23 anos, Josina advocava pela inclusão de raparigas e mulheres em todos aspectos da luta de libertação. Nesta altura, ela torna-se Representante das Relações Internacionais do Destacamento feminino na então Frelimo (de todos).

 

Aos 24 anos, Josina viajava para fóruns internacionais, onde partilhava a sua experiência e de outras jovens e mulheres como advocacia pela igualdade de participação em todos aspectos de desenvolvimento ao nível local, regional e internacional.

 

Ainda aos 24 anos, Josina lidera o Departamento de Assuntos Sociais e trabalha extensivamente para prover cuidados de saúde e educacional para crianças no norte de Moçambique e, naquela altura, instava pela necessidade de formação de raparigas e mulheres.

 

Em meio à guerra, Josina lutou por Moçambique. Após a morte de Mondlane, ela juntou-se à Janet para consolá-la por aquele ataque que, também, era um golpe para Moçambique e todos Moçambicanos.

 

Aos 25 anos, Josina é diagnosticada cancro do fígado. Mesmo assim, ela continua a lutar por Moçambique exercendo, incansavelmente, as suas funções na então Frelimo (de todos).

 

Nesta época, Josina deixa seu filho Samito, de apenas 1 ano de idade, em Tanzânia, e viaja à Niassa para tratar de assuntos sociais e ajudar raparigas e mulheres naquele período de guerra que matava o sonho de muitas mulheres e homens Moçambicanos.

 

Ainda aos 25 anos, Josina viaja à Cabo Delgado, onde começou sua trajectória educacional, para verificar o progresso de programas sociais naquela província. Nesta altura, ela sofria de graves problemas de saúde, e o cansaço e a perda de peso, gradualmente, tiravam a vida desta mulher lutadora pela causa nacional Moçambicana.

 

Já com saúde totalmente debilitada, e de regresso à Tanzânia, Josina é internada e no dia 7 de Abril de 1971, deixando para trás o seu sonho de ver Moçambique liberto da opressão crónica, ela morre e os seus restos mortais foram entornados no subsolo.

 

Contudo, o seu sonho continua sendo: “Camaradas, já não posso mais continuar a lutar, levem a minha arma e entregam-na ao Comandante Militar para contribuir para a salvação do povo Moçambicano”.

 

Um ano após a sua morte, a então Frelimo (de todos) declarou 7 de Abril como Dia Nacional das Mulheres, e em Março de 1973 estabeleceu-se a Organização da Mulher Moçambicana (OMM), enquanto movimento social e político inspirado pelos ideais de emancipação defendidos por Josina, hoje quase todos simbolicamente trocados por simples capulanas enroladas em corpos que também clamam por libertação.

 

Hoje, a Mocímboa que ensinou Josina a ler está em chamas. As suas irmãs Palma, Macomia, Muidumbe, Mueda, também choram lágrimas amargas de guerra e assalto à soberania nacional. Mesmo assim, as irmãs da Josina fingem conhecê-la e reclamam por capulanas para celebrar.

 

Os grandes problemas crónicos da pobreza generalizada, as dívidas ocultas, os conflitos armados e a crise humanitária, os casamentos prematuros, violações de direitos humanos, abuso de menores e violência doméstica, as grávidas de Matalane, os assaltos aos produtos das mães nos mercados, a inexistente assistência social em meio à Covod-19, entre tantos outros problemas, as irmãs da Josina fingem conhecê-la, e os problemas desconhecê-los, e reclamam por capulanas para celebrar.

 

Afinal, o que realmente as irmãs da Josina celebram no dia 7 de Abril?

 

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