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quarta-feira, 25 março 2020 05:41

COVID-19: “Um, dois, três, macaquinho chinês” ou “Lá vai o alho”

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O título é a propósito da “Carta aberta  ao Senhor  COVID-19”  que a escrevi na semana passada. Pelos vistos, o Sr. COVID-19, o Vidinho, como o trato na carta,  é igualzinho a uma riquíssima característica da Pérola do Índico, quiçá a do leitor:  detém o péssimo hábito de não ouvir instruções  ou o conselho de outros.  E com o Vidinho entre nós, sem convite,  o que está à mão, como prevenção - fora a lavagem - é permanecer imóvel no seu imóvel.  Algo que não se está a levar a sério por estas bandas da varanda do Índico.

 

E por falar em banda, vêem-me à memória a malta de infância da zona e das brincadeiras ou jogos desse tempo. E uma vez que o Vidinho é natural da China, quis a coincidência que a prevenção – ficar  no seu imóvel – lembrasse uma das  brincadeiras de infância cuja origem é chinesa,  que o obriga a ficar imóvel. Estou a falar do jogo “um, dois, três, macaquinho chinês”.  Quem não se lembre –  e pelo que se assisti,  está todo o mundo com  uma catedrática  amnésia - que “google”.

 

Contudo, em respeito a urgência sanitária nacional e mundial, vai  - à título de  puxão de orelha - um trecho dos benefícios desse jogo infantil: “(O jogo) trabalha de forma divertida o conceito de respeitar as regras e da importância de as cumprir”. Certamente, uma boa e recomendável  brincadeira didáctica para os tempos  difíceis que correm e que se seguem

.  

Em caso de movimento contrário, não sobrará uma outra alternativa  se não o outro jogo infantil  - cuja origem  possa ser portuguesa, fincando o pé no  tom - de nome “Lá vai o alho”. Neste jogo, um grupo de meninos    - denominados burros – fica em fila e curvados com a cabeça em direcção a uma parede ou árvore. O outro grupo, e um de cada vez, em corrida, pulam e aterram,  o mais distante possível,  nas costas de um dos curvados.  A corrida e o salto são acompanhados pelo grito de guerra “Lá vai o alho”. E o que acontece no desenrolar do jogo?

 

Depois do salto de todos, o grupo curvado (o país) terá que suportar – às guerrinhas como na tourada -  o peso do outro grupo, o de cima ( o Vidinho).  Por um lado, o país a tentar  sacudir o Vidinho e este, por outro lado, envidando esforços para se manter firme.   A briga termina depois que se conte até 10, na verdade, 10 fatais segundos. Perde o jogo quem não cumpre as regras ou quando a equipe curvada, o país/os burros,  não consiga aguentar a equipa de cima, os que (as)saltam/o Vidinho, e vice-versa. 

 

A minha memória (e trágica), sobre as vezes em que tomei parte do “Lá vai o alho”, assevera que os curvados nem sempre respeitam as regras e muito menos  aguentam o peso dos que saltam e se acomodam  nas suas costas. Das raras vezes em que foi o contrário - aguentar o peso - os curvados mal  se aguentavam  para a troca de posição.  E assim, fica o recado: Fique em casa ou “Lá vai o Vidinho”! 

 

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