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sexta-feira, 21 fevereiro 2020 07:27

Soy loco por ti América

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A reboque do dia 14 de Fevereiro ,  o dia dos namorados,  o mês de  Fevereiro é o dito de amor. Em complemento da onda amorística , está o enquadramento do título deste texto (sou louco por ti América, na língua portuguesa) que foi  emprestado com a suposta permissão dos compositores/autores brasileiros  da música com o mesmo título e feita em homenagem à Che Guevara. Desta não é para ele a homenagem, mas sim para a  América (Estados Unidas da América, EUA),  que um amigo, seu eterno apaixonado,  ofereceu-a  um buquê de rosas.  Encontrei o tal amigo,  no passado dia 14 de Fevereiro - todo de vermelho, incluindo as rosas - à porta da embaixada americana aos gritos: “Soy Loco por ti América!”

 

Esta cena fez-me algum ciúme. A América  também é minha e aposto que igualmente seja tua.   Eu tive e tenho  um caso  - na verdade casos -  com a  imortal e controversa América. Uma nação indispensável, segundo as palavras de Madeleine Albright, ex- secretária de Estado dos EUA nos tempos do ex-presidente Bill Clinton. No texto “O dia em que me encontrei com Ronad Reagan”  é evidente o meu encanto por esta mulher poderosa e talvez por isso: amada e odiada.  

 

Para ilustrar a grandeza de mulher que é a América, nada melhor  que recorrer ao conceituado jornalista português, Miguel Sousa Tavares (MST),  que,  por alturas do sismo que abalara o Haiti, em artigo no Jornal  português Expresso de 23 de Janeiro de 2010, escreve:

 

” …nos grandes momentos da história da humanidade, de há quase cem anos para cá, os Estados Unidos são, de facto, a nação indispensável. Algumas vezes para o mal, outras, como no Haiti, para o bem (…). Em 39-45, como antes, em 14-18, e depois, em 1991, na primeira Guerra do Golfo, a Europa e o Ocidente ficaram a dever a vida ao esforço de guerra da grande nação americana.” No texto e mais adiante MST prossegue: “ (Os EUA) são capazes de produzir um George W. Bush, que impõe ao país uma guerra (segunda Guerra do Iraque) sem sentido, apenas destinada a servir a sua vaidade de se proclamar "um Presidente de guerra", mas também “… são a nação que é capaz de, num instante, mobilizar os meios e a determinação para acorrer a uma tragédia com a dimensão do Haiti e fazê-lo de forma eficaz, profissional e humana”.

 

Por cá – a Pérola do índico – a generosidade do amor americano, a título de exemplo, ficou patente no  projecto “USA for África”,  na primeira metade dos anos 80,  cuja música,  com o mesmo título, reunindo, na altura, o melhor que  existia na nata musical americana. No pacote do projecto (do povo americano para o povo moçambicano) veio o leite em pó, o milho/farinha amarela, roupas das calamidades  e as carrinhas  azuis que são marcas passadas e  indeléveis da presença - em terras do índico - dessa namoradinha do mundo  que é a América. Outras passagens e mais recentes foram as registadas no quadro do  processo de implementação do Acordo Geral de PAZ (1992) sob a égide da  ONUMOZ,  Cheias do ano 2000 e mais recentemente (2019) aquando dos ciclones IDAI e Keneth e ainda a propósito das  “dívidas ocultas”.   

 

Nesta e longa relação, a América ainda foi e é das nações que mais apoia os sectores  privado e da saúde, neste destacando os esforços do combate ao HIV-SIDA.   E pelos tempos que correm,  a América é uma das esperanças para o futuro do país por conta de avultados investimentos das  suas empresas na área  de hidrocarbonetos. Registar que nos últimos tempos,  a América está cada vez mais próxima e mais preocupada com a sua beleza. Ademais a concorrência está à vista, em particular a presença de uma velha e milenar asiática, disfarçada de uma gostosa  “quatorzinha” - adoentada por estes dias - que todo o mundo a quer “paquerar”.  

 

Contudo,  e desde a primeira troca de olhares, nem sempre a relação foi um mar de rosas. A América, em algum momento da relação, relegou a Pérola do Índico para a categoria de indesejável e a Pérola, bem machão,  já considerou a   América uma “persona non grata” (pessoa não agradável). Os motivos?  não interessa lembrar de momento. Quiçá num outro texto e com um título  adequado. Entretanto,  quem quiser saber pode ligar  para a América, mas antes aconselho ao interessado a  “tchekar” o respectivo cadastro pessoal.

 

E por falar em cadastro, lembro-me das marchas de 2003 - pelo mundo fora e por cá - contra a invasão americana ao Iraque. Foi interessante reparar  que os marchantes aliviavam a sede com uma coca-cola e no mínimo cada um trajava pelo menos um dos seguintes itens: Jeans, óculos de sol Ray-Ban, fones da Bose,  sapatilhas e boné da Nike. Os mais abastados até que  se fizeram à concentração em meios circulantes de marca americana.

 

E é  também por estas e outras razões que a América – amada  e odiada - é a tal nação indispensável que no passado dia 14 de Fevereiro, o dia dos namorados,  o meu amigo presenteou-a com um buquê de rosas e defronte à embaixada americana, a plenos pulmões, sucessivamente, gritava: “Soy Loco por ti América!”

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