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domingo, 16 julho 2023 17:59

Patrocínio ao desporto: um bem ao sabor das cunhas

Escrito por
Renato CaldeiraOs fazedores do desporto, sobretudo nas modalidades ditas pobres, passam a vida de mão estendida em busca de apoios para movimentarem uma actividade que a todos beneficia. Quer isto dizer que os clubes e a realização de uma qualquer prova, estão dependentes da visão e dos gostos de quem decide nas empresas. Daí a tendência para se escolher para os órgãos directivos das Federações, Associações e Clubes, não os mais capazes, dedicados ou “carolas”, mas os mais influentes, gestores ou proprietários de marcas ou unidades de produção.
 
Esta é a realidade que faz com que certas modalidades e actividades, de sucesso, dependam apenas da insuficiente dotação do Fundo de Promoção Desportiva para sobreviverem.
 
O tempo do pagamento regular das quotas nos clubes, já lá vai. Quanto a bilhetes de entradas, poucos “graduados” seguem o exemplo do governador de Inhambane, Daniel Chapo... E como o estamos numa terra de seguidismos, em que a maioria das acções são foto-cópia das chefias... 
 
 
INVESTIMENTO SEM RETORNO?
 
Devido às extremas dificuldades em chegar ao retorno directo e concreto, as empresas pouco apostam na publicitação dos seus produtos, através do desporto. Há excepções dos tradicionalmente apoiantes, sem as quais o cenário seria dramático.
 
De tudo isto, resulta a pergunta/questão de fundo: quando se apoia, de uma ou de outra forma o desporto, está-se a fazer um favor, ou a cumprir uma obrigação?
 
Que diferenças existem entre um país que cultiva a movimentação do seu povo no desporto, nos diversos escalões etários e extractos sociais, de outro que subalterniza essa prática?
 
As respostas são óbvias, visíveis e “sentíveis”. Tudo aponta para a falta de uma visão geral, colocando esta actividade como um “parente pobre”, nesta sociedade assoberbada pela sobrevivência, de um lado, e pelo acumular de riquezas pessoais do outro.
 
Daí que se esqueça que:
 
-    Um investimento forte e sério no desporto, reduz substancialmente o recurso às farmácias. Basta recordar o que dizia o saudoso presidente Samora Machel: “onde entra o desporto, sai a doença;
 
-    Que o aumento da nossa auto-estima deixaria de ser um mero “slogan”;
 
-    O turismo, através da divulgação dos nossos valores e estrelas, trazer-nos-ia um substancial retorno;
 
-    Devido ao talento nato da nossa juventude, provado e (com)provado por várias gerações, deixaríamos de ficar nas primeiras eliminatórias competitivas, passando a rivalizar com outras latitudes.
 
Não estará aqui matéria para reflexão profunda, pouco abordada nos vários fóruns deste “país sentado”, de forma a despertar o sentido colectivo de cada um de nós, para daí todos sairmos valorizados?
 

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