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segunda-feira, 30 maio 2022 08:27

AINDA SOMOS CARVÃO, Ó MESTRE!

Escrito por

JanatoJanatoBig 1

Comemorando os 100 Anos de José Craveirinha, Poeta-mor!

 

Desde que partiste

 

Não parámos de gritar

 

Pois diferente de outrora

 

Quando vivo entre nós estavas

 

Hoje mais negros nos tornamos

 

E nosso patrão é nosso conhecido-irmão

 

E como antigamente, ainda somos carvão!

 

 

Desde que partiste, ó nobre Mestre

 

Ainda somos arrancados do chão

 

Como minas de Moatize e outras geografias

 

Somos explorados sem auditoria honesta

 

Não apenas por Vales que das nossas terras nos baldeiam

 

Mas também por aqueles que dizem sacrificialmente lutar

 

Para nos proporcionar o sonho que nos fez batalhar

 

Contra a escravidão de brancos e pretos embranquecidos!

 

 

Desde que partiste

 

Quem explora a nossa mina

 

É o nosso irmão, mas hoje um ferino patrão

 

E nós, ó nobre Mestre, continuamos mais pretos, carvão!

 

 

Desde que partiste

 

O irmão que nos deixaste

 

Com o tempo, como um génio camaleão

 

Camufladamente, ao olho nu, foi-se revelando

 

Um autêntico capitalista, um supremo-patrão!

 

 

Desde que partiste, ó nobre Mestre

 

Nossas estradas ganharam novos donos

 

E mesmo abarrotas de valas comuns

 

Que escondem sangue de gente inocente

 

Até dentro da cidade, não muito longe de Mafalala

 

Pagamos quotas para à vontade circular!

 

 

Desde que partiste

 

Ao longo das nossas estradas malfeitas

 

Brotaram empreendedores de combustíveis

 

Especialistas em economia de mercado lobista

 

Similares a Mestres de Kung fu e Karaté

 

A cada página de estrada vazia de alcatrão

 

Apertam o cinto da miséria dos teus pobres irmãos!

 

 

Desde que partiste, ó nobre Mestre

 

Os mesmos velhos que deixaste a governar

 

Pululam pelas pontas vermelhas, governamentais e municipais

 

Desta pobre terra de cabo do norte queimado

 

Como especialistas em inovações químico-laboratoriais

 

Intoxicam o povo com políticas que dizem a todos beneficiar

 

Mas sabemos que seus planos e suas estratégias, é tutu mafia!

 

 

Desde que partiste

 

O custo de vida não parou de subir

 

E a subida de que profeticamente escreveste

 

Não é só do pão, óleo, carvão, transporte

 

Não é só da educação, saúde, formação

 

Nosso batimento cardíaco também subiu

 

Pois o salário mínimo apenas sobe alguns degraus

 

Quando já há um plano vampírico para sem dó o tirar!

 

 

Desde que partiste, ó nobre Mestre

 

A educação que nos podia educar

 

É feita por lobistas designados professores

 

E os livros que nos podiam iluminar

 

São malandramente produzidos para nossos filhos deformar

 

E banhados de ignorância, perdermos o norte que nos podia salvar!

 

 

Desde que partiste

 

Nossa Constituição, aquele livro legal sagrado

 

Tem sido folheado por cientistas-pecadores

 

Como um manual de empreendimentos laboratoriais

 

Para garantir mandatos e a todos controlar!

 

 

Desde que partiste, ó nobre Mestre

 

Até governadores pelo povo eleitos

 

Como estudantes e funcionários estagiários

 

Têm supervisores faz-tudos directamente da base central

 

Afinal, o que deve prevalecer não é a vontade do teu povo irmão

 

Porém decisões superiores dos famosos Grandes e Eternos Chefes!

 

 

Desde que partiste

 

O que mata os nossos irmãos

 

Não são guerras, fomes, secas, doenças ou ciclones

 

É a ganância pintada de coragem de um irmão insatisfeito

 

Que em revolta, sem coração, prefere inocentes trucidar

 

Para sua voz ecoar mais alto e sua superioridade declarar!

 

 

Desde que partiste, ó nobre Mestre

 

Pouco se escreve para o povo iluminar

 

Mas páginas em branco, de livros e manuais, se enchem

 

E murais de redes sociais espalhados na internet se inundam

 

Com deformações históricas, geográficas, económicas

 

Sociais, políticas, religiosas, repletas filosofias sanguessugas

 

Para deturpar o caminho da educação, saúde e salvação!

 

 

Desde que partiste

 

Ainda somos carvão

 

Ainda se consome nossa combustão

 

Mas como abertamente disseste

 

Arder eternamente, não patrão!

 

Não poderemos continuar a arder

 

Ser a mina explorada de um patrão- irmão

 

Que ontem garantiu até seu sangue derramar

 

Para nossas vidas economicamente melhorar

 

E devolver o sangue que por séculos nos foi sugado!

 

 

Portanto, ó nobre Mestre

 

Temos que continuar a arder

 

E com a chama da nossa combustão

 

Queimar tudo que malandramente nos sufoca

 

E com temperos de políticas e má governação

 

Nosso presente e futuro dos nossos filhos na terra inferniza!

 

 

Desde que partiste

 

Mesmo nascidos em terra consagrada independente

 

E governados por gente que diz democracia defender

 

Hoje ainda somos um futuro cidadão

 

Mas como abertamente disseste

 

Arder eternamente, não patrão!

Sir Motors

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