Não é em vão que todos os dias nos deparamos com insólitos de que filho ou filha de Y ou Z ressuscitou. A verdade é que estamos num país de fantasmas. É fantasma para tudo que é canto, e só constitui surpresa para quem pensa que Moçambique real são redes sociais!
Aqui fantasmas recebem salários mensalmente. Engrossam até as listas do exército. Dão aulas sem nunca terem sido vistos em qualquer sala e nem escola – afinal são fantasmas! Engravidam mulheres de um bairro inteiro, sem nunca terem sido vistos – só podemos estar num país de fantasmas! São tantos fantasmas a viverem num só país que já ninguém entende se estamos num mundo real ou num projecto-piloto daquilo que deve ser o inferno!
É que já não está fácil conviver com tantos fantasmas. Temos fantasmas a leccionar, fantasmas a tratar doentes, fantasmas a lutarem na guerra, fantasmas a votarem, fantasmas a receberem doações, fantasmas a roubarem relva sintética no Zimpeto, fantasmas a levarem dinheiro da Covid-19, fantasmas a construir e destruir pontes e estradas, fantasmas a poluírem rios, fantasmas a pescarem em pleno período de veda, parteiras fantasmas que deixam gestantes morrerem em pleno serviço de parto, fantasmas que provocam acidentes cavando estradas, fantasmas a dirigirem instituições que todos os dias, na sua secretária, o que se vê é seu casaco, mas nunca o proprietário.
Estes fantasmas não são de hoje. Vasculhem os anais da nossa história. Analisem as cabeçadas protagonizada pelos fantasmas que mamaram a massa dos madjermanes, atirando milhares de famílias para a desgraça. Aqui os fantasmas saqueiam cofres da LAM, TDM, MCEL, FDA, Educação, AT, Aeroportos, EDM, Justiça e zarpam deixando todo pessoal hipnotizado e sem forças para exigir. Na Pérola do Índico, os fantasmas chegaram ao ponto de rasgar a página da Constituição da República que versa sobre o direito a manifestação e outras liberdades fundamentais!
Os fantasmas são tantos que até extravio documentos do badalado processo de julgamento das dívidas odiosas e apagam nomes de accionistas de empresas usadas para distrair a justiça e seus missionários da verdade. Aqui os fantasmas dão ordem ocultas nas instituições e na hora de responder, todos afirmam que estavam a cumprir ordens superiores – de quem ninguém diz! Talvez seja dos chefes fantasmas…
Aqui na Pérola do Índico, até temos esposos e esposas fantasmas. Alunos fantasmas – querem confirmar? Perguntem ao Rosário Fernandes que colocou o cargo à disposição quando viu as estatísticas inflacionadas em Gaza pelos caçadores de fantasmas da Comissão Nacional de Eleições (CNE) – os homens tinham capturado tantos fantasmas que o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) teve de convocar todos os seus especialistas para saber se durante o censo não teriam esquecido de incluir os mortos de Gaza!
Quando não existem fantasmas, os semi-deuses que desgovernam o país criam-nos ou eliminam os existentes, é só olharem para a história eleitoral de Nacala-Porto, nas últimas eleições autárquicas – as estatísticas estimam existir mais de 600 mil habitantes, mas os sábios da fantasmaquia subtraíram cerca de 400 mil, ficando apenas mais de 200 mil que garantiram a vitória a actual edilidade, deixando os planificadores das fraudes com os nervos à flor da pele!
Temos tantos fantasmas que até quadros importantes do país são mortos ou empurrados em pleno trabalho e perdem a vida, e o crime fica esquecido, os processos que o mesmo seguia queimados. E os fantasmas continuam a circular. Não é em vão que homens são sequestrados, espancados, assassinados e injuriados por fantasmas. É só olharem para o caso Siba Siba, Gilles Cistac, Jeremias Pondeca, Américo Sebastião, Mahamudo Amurane, Marcelino Vilanculos, Dinis Silica, Rosa Chukwa, Ibraimo Mbaruco, entre outros – só podem ter sido fantasmas para não serem achados – também como é que a PRM e SERNIC vão perder um fantasma – uma espécie invisível?
Na pátria dos fantasmas até os números de mortes em desastres naturais são inflacionados, para que os doadores possam alimentar e aumentar os tamanhos dos bolsos do pessoal que monta as tendas para os fantasmas. Vivemos num país cheio de fantasmas, porque já não existem humanos e quando aparece um homem comprometido com alguma causa, o transformamos imediatamente em nosso quadro predilecto, arrumado numa sala climatizada, sem trabalho e gastando internet com filmes pornográficos e ociosidade!
De tanto ouvir falar de fantasmas, até o edil das taxas, acabou tentando cobrar uma taxa agressiva para o repouso dos mortos – na casa dos fantasmas – com o recente barulho nas FADM dos 7 mil militares fantasmas, não se admirem, se um dia descobrirmos que, dos mais de 30 milhões de habitantes oficialmente anunciados pelo INE/Estado, afinal parte significativa deles são fantasmas? Não sei, aqui tudo é possível…!