Hoje, começo com um conto, para depois elucidar a problemática da criminalística e o conformismo de uma criminalidade que se instalou neste modo vivendo do analfabetismo urbano de Maputo.
Acordei em meio a um estrondo, em circunstância menos peculiar em meio a madrugada, arrepio-me o âmago, e treme o esqueleto, ferviam de nervos, com os dentes frontais amordaçando a língua! Devido a maneira brusca e frontal com que foi arrancado o sono, foi inóspito e desagradável tentar retira-me da cama em um salto alarmante e com o coração em brasa. Motivo para chorar e dar uma infinita gargalhada, porque a história deveras amarguram-te e caótica, deixou o corpo em brasa e o estado de espirito falido, com isso adveio um mijo sereno e incontrolável. Enquanto dormia, a morte auto convidou-se para espreitar a nossa vizinhança. Os ângulos interior da minha humilde casa arrendada na baixa da cidade de Maputo, a janela do quarto convida-me a uma vertiginosa parábola quem morreu desta vez? Em equilíbrio da minha ilusão de óptica, tentando compreender a penetração do primeiro projéctil na concavidade da minha janela, visto que a minha residência e r/c chão.
- Estou louco?
- Alucinado ou viajando para um mundo sóbrio!?
Já fora de cama, Busco transparecer a minha visão com alguma clareza, apalpou a parede procurando o disjuntor de luz, coloco a mão directa no disjuntor que ficava no recanto esquerdo da cama, a luz imediatamente sufoca-me os olhos que é forçado a obter nitidez da violenta luminosidade que teima e não cede clareza espontânea, ardia as vistas, também pulava o coração de receios que um segundo projéctil venha a visitar-me provavelmente instalando-se no meu corpo. Era o medo que domava uma narrativa pavorosa que acabava de se suceder de fronte a minha residência, afinal não foi som um projéctil foram 2, e a vítima tombou no passeio! Ajuste de contas? Através do buraco da janela causada pelo projéctil, miro em uma vida sem alma, na rua dois homens vestidos a negro e encapuzados, munidos de igual número de armas AK 47. Puseram-se em fuga numa viatura Corolla Escova. Em meio a curiosidade, espanto, vejo como a alma se debate com a aflição e agonia quando a morte está se consumando. A malevolência do meu atrito psicológico denunciava a suavidade e pasividez de quem assistiu aquele cenário todo do outro lado da rua, sem mungir e nem piar, mesmo fazendo guarnição dos estabelecimentos que ali estavam, alguns guardas até com porte de arma, na possibilidade de poder responder, mas nada fizeram.
À superfície dos problemas de Maputo vista por alguém que pela primeira vez põe os pês em Moçambique é preocupante! É a forma pacifica, na tônica da vida da capital Moçambicana, assim vários entendem e normalizam um modo vivendo que os turistas quando sentam para suas confraternizações dizem-nos: olhai a violência desta gente, sem dúvida que esta gente é violenta e vive de forma desregrada!
Devemos negociar com o futuro e buscar as proezas do passado para que não abortemos uma geração inteira que ade vir, encontrando este analfabetismo urbano, onde se vive influenciada pelo medo e incapacitada de travar o mal. Estamos em crise, isto está pior, a sociedade está doente, vivem encarando as tensões, as crises sócias, a criminalidade etc., como fenómenos normais. Recordo-me porem que, o escritor Carlos Serra sempre questionava, Quais são as condições sociais que geram a violência?
Estes malefícios submete-me a seguinte analise: A educação para a cidadania moçambicana não se devia reduzir a uma educação de valores? Muito embora a implique, somos forçados ao exercício da reflexão sobre a aplicação dos seus próprios valores e os efeitos sobre a sociedade, bem como a capacidade de avaliação da construção do homem Moçambicano, enquanto pessoa. O comum de nós, não analisa o poder político, aceita-o como algo natural enquanto poder comer ou respirar, porem o povo não é contra o poder político mas sim contra a sua gestão. O que germina os desaires da criminalidade doméstica e organizada da capital, que vai desde os grupos de esquadrões da morte, raptores, ajustes de conta, roubos a mão armada e burlas qualificadas, na maioria promovida pelas máfias da cidade.
O fenômeno presenciado na noite anterior que levou o texto a ser redigido, onde, à pobre alma que por ajuste de contas viu-se agoniada e tendo que morrer feito animal abatido sem remorso nem dom e piedade dos executores. É característico da nova sociedade civilizada da cidade, onde os raptores carregam infelizes cidadãos para suas tocas no arrepio da luz do dia mesmo sobre o olhar impávido da população e do corpo policial disfuncional.
Isso é igualmente uma narrativa que começa pela observação do contexto dos raptos, se eticamente, o conceito da justiça social faria algum sentido para mudança da narrativa ou redução exponencial dos raptos na capital e que tem se alastrado para outras partes do país! Pelo sim ou pelo não, penso que o conceito da justiça social não deve fazer sentido em uma sociedade liberal. Embora as classes mais altas ou economicamente estáveis são chamadas a ajudar aqueles que não “consegue ajudar-se a si mesmo” notabiliza-se um acumulo desleal de riquezas e marginalização das classes mais baixas em uma cidade capital desordeira. Os efeitos da marginalização das classes mais baixas propiciam o crescimento da criminalidade nas ruas da cidade de Maputo, elevados pelo alto consumo de drogas, assim como a sua venda e distribuição.
Aceitar o efeito da neutralidade em que o rico paga o mesmo imposto que a classe baixa, contribui para uma tendência crescente do novo dogma urbano de vida fácil, fase às crescentes desigualdades sócias e elevado êxodo rural, no âmbito de uma comunidade desorganizada. Conclui-se então que, se é possível prever que numa ordem do mercado irão surgir periodicamente situações de miséria extrema e exposição ostensiva de bem-estar em meio a um povo pobre, tendo a corrupção como um flagelo. A legitimidade do enriquecimento ilícito e promovida a vários níveis começando pelas redes sócias e televisões.
Em uma análise franca e aberta, o estado das coisas podres de Maputo, se revelam no resultado da oscilação do mercado, das perseguições diabólicas, das matanças, das injustiças sócias, da natureza política e administrativa. Que à distorção destes componentes, levam ao surgimento dos baleados, os raptados, os assaltados, “as vítimas e os vitimados”! Temos o dever moral de criar e melhorar procedimentos susceptíveis de minimizar o sofrimento humano na capital inerente a essas situações.
Se este dever moral poderá ou não dar origem a um direto social correspondente, é necessário avaliar e determinar as circunstâncias em que um dever pode dar origem a um direito, e as centralidades políticas e sócias hipoteticamente empregues. Todavia, a redução ou o combate aos vários tipos de criminalidade que compõe o submundo de Maputo, passa pela emergência de investimento em meios tecnológicos e libertação do sistema de ensino das ideologias políticas e a necessidade da ampla e complexa formação do homem. Consequentemente, a objectiva desta transcendência habita em nós e não poderá se encerrar em nos. Assim, a construção do homem enquanto pessoa no existencial, a liberdade é um valor fundamental, é precisamente esta liberdade e o fator absoluto dela que pode ser usada para a formação de uma sociedade mais civilizada e que empregue praticas saudáveis para o turismo urbano, ambiente de negócio, bem estar social da sociedade etc.
A um horizonte em particular que compõe a ginástica criminalística que é a incapacidade de obter os resultados da perícia e a falta dados ou componentes que gesticulem a real razão do crime ou os padrões com que foram executados, a formação do polícia devia ser meticulosa e técnica, devendo aprimorar componentes psicológicas de estudo do crime e os comportamentos futuros da mesma natureza do crime.
Admitamos, que a nossa polícia trabalha pouco ou simplesmente não trabalham quando o crime não lhe diz coisa alguma ou não desperta interesse de algum provedor financeiro. Para alguns é “intolerável” compreender esta dinâmica. O vector deste problema centra-se nas dinâmicas do mundo do negócio instalado na própria polícia e a marginalização do pobre cidadão. Quando a polícia passa a ser “bolandeira” haverá sempre incongruência nas suas funções e atividade! Porém, a falta de responsabilidades criminais dos autores criminais confessos, por razões políticas ou de corrupção elevada permitem a continuidade de um pragmatismo que alimenta a criminalidade. Por isso que urge compreender a necessidade de capitalização de novos saberes na polícia e formatação das fileiras com melhorias dos componentes educacionais no geral em Moçambique.
Alguns estudos levados a cabo pelo Instituto de Camões no âmbito de cooperação bilateral com o ministério do interior para melhoria da Acipol e formação de novos recrutas, assim como apoio em equipamentos entre outros, pode-se encontrar uma visão eloquente das fragilidades do da nossa PRM e as razões crescentes do crime em Moçambique.
Denota-se que a falta de estudo e preparação do polícia com novos conhecimentos para combate ao crime moderno e do futuro, criam brechas para a maleficência vivida, e os modelos de formação analógica contribui na fraqueza da nossa polícia abrindo brechas para a corrupção e crescimento dos crimes no meio urbano.