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terça-feira, 14 janeiro 2020 07:27

Mércia Viriato e Eduardo Nihia: duas gerações, uma missão

Ontem, na cerimónia de investidura dos deputados, duas figuras mereceram o destaque devido às qualidades que cada um possui. São elas: Mércia Viriato Licá, a mais nova deputada, de 23 anos de idade, eleita pelo círculo eleitoral de Tete, ela que é natural de Inhambane, terra onde vive e vem vencendo as dificuldades que a vida lhe colocou.

 

Mércia Viriato, formanda em Direito, pela então Universidade Pedagógica, delegação de Inhambane, entrou nos anais da história recente de Moçambique, quando a partir de uma reportagem de um órgão de comunicação social nacional, veiculada em 2007, mostrou que havia em Massinga, na Província de Inhambane, uma rapariga que escrevia com os pés, dada a sua deficiência de nascença: não ter os membros superiores, o que inclusive levou a que o seu pai a tivesse abandonado ainda em tenra idade.

 

Como diz o ditado, “Deus escreve certo por linhas tortas”, eis que a menina rejeitada no passado pelo pai, hoje, é representante de milhares de jovens na “casa do povo”. Esta segunda-feira “Carta” conversou com Mércia Viriato, à margem da cerimónia de investidura dos deputados.

 

Questionada pela nossa reportagem, sobre como se sentia sendo a deputada mais nova e, como jovem, como esperava representar os mais de 60 por cento desta faixa etária, Mércia respondeu: “espero contribuir para o desenvolvimento do país na escolaridade e educação. Incentivar os jovens para que nunca deixem de estudar porque a educação é o caminho para a vida”.

 

Referindo-se à estratégia que irá implementar para que suas ideias possam ser ouvidas, uma vez que a Assembleia da República (AR), na sua maioria, é composta por pessoas adultas e com muita experiência, a jovem Mércia Viriato respondeu: “acredito que, por estar aqui na casa magna, irei incentivar e inspirar muita gente pelas actividades que irei exercer durante o meu mandato. Acredito que quando as pessoas olharem para mim e verem que sou capaz, também se conseguirão levantar”.

 

Já Eduardo Silva Nihia, é o deputado mais velho desta IX legislatura. Nascido a 14 de Setembro de 1942, no regulado de Kunvare, no Distrito de Malema, Província de Nampula, Nihia é antigo combatente. Durante a luta de libertação nacional combateu no distrito de Lugela, na Província da Zambézia e, mais tarde, nas províncias de Niassa, Manica e Sofala, após cumprir missões no Malawi e Tanzânia. Tudo isso terá acontecido pouco tempo após regressar da Argélia, onde recebeu treinos militares, entre os anos de 1963 e 1964.

 

Entretanto, neste mandato, Eduardo Silva Nihia passou a ser o deputado mais velho da AR. Numa breve conversa que com ele mantivemos, Nihia disse que o facto da bancada parlamentar da Frelimo ser a maioria não deve decidir sozinha, mas deve permitir o diálogo, porque só isso é que irá garantir a paz, que é o maior bem, que o povo espera.

 

Para Eduardo Silva Nihia ter maioria, com 184 deputados não significa nada, se a Frelimo não for aberta e se quiser decidir tudo sem consultar e ouvir ideias contrárias. (O.O.)

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