O escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa partilhou, há dias, no BCI, confidências sobre “Assim não, Senhor Presidente”, a sua mais recente obra.
O primeiro a intervir foi o Administrador do BCI, Luís Aguiar, na qualidade de anfitrião do evento. Falou do escritor, da sua dimensão, do papel do BCI como Banco de apoio à cultura, como um todo, e da literatura em particular. Recordou que Ba ka Khosa lançou no auditório do BCI, em 2017, o livro “Cartas de Inhaminga”, e que em 2013, venceu, com a obra "Entre Memórias Silenciadas", a 4.ª edição do prémio BCI Literatura, organizado pelo Banco Comercial de Investimento, para a promoção da literatura em Moçambique.
“A génese deste livro tem muito a ver com a capa”, revelou, por seu turno, Ungulani. E a capa da obra mostra, com efeito, num azul pálido, com um céu escondido por detrás de nuvens afiadas e carregadas de passado, a porta da Vila Algarve, no entroncamento entre as avenidas Mártires da Machava e Sékou Touré. E por aquela portinhola, o autor deixa entrever “o infausto destino dos nossos mártires por entre aqueles escombros, por entre aquela ruína, por entre as janelas escancaradas pelo desprezo humano, por entre os corredores e degraus voltados ao esquecimento, por entre as paredes lascadas e sujas... “. Ba ka Khosa partilhou ainda a sua percepção da arte do romance, cujo poder de persuasão “visa exactamemte encurtar a distância que separa a ficção da realidade, apagando essa fronteira, e fazer o leitor ver aquela mentira como se fosse verdade”. Falou ademais dos livros maiúsculos, aqueles que conseguem “convencer-nos que o mundo é como eles contam, como se as ficções não fossem aquilo que são. Consegui? Não sei... mas é o que me move, é o que sempre mais almejamos”.
O apresentador da obra, Elias Cossa, falou da narrativa do autor, por sinal seu irmão, que se desenvolve “como se lhe é característico, galopante, a perseguir a trajectória do desvio padrão. Se o desvio padrão no início é de milímetros, mais adiante são metros, são quilómetros, são milhas”, para mais adiante referir que “a escrita do autor assemelha-se à pintura impressionista”.(Carta)